sexta-feira, dezembro 31, 2021

STOP VESPA ASIÁTICA - ICNF

 A última do ano. É por estas e por outras que desisti de fazer reclamações. Em vez disso escrevo aqui no Malfadado. Descobri um ninho de vespa asiática e reportei usando a plataforma oficial que as pessoas devem usar para as autoridades actuarem. Coloquei todas as informações e recebi um mail a confirmar a boa recepção da comunicação. Passada uma semana uma vizinha contactou-me a perguntar se eu já tinha visto o ninho, e lá lhe disse que sim e que já estava oficialmente comunicado às autoridades, e que estava a aguardar a intervenção e que me contactassem. Até agora nada de me contactarem, passadas 3 semanas. Apesar de eu ter escrito expressamente para me contactarem. Essa vizinha entretanto contactou com a Câmara Municipal de Vagos, e no dia seguinte foram lá e eliminaram as vespas desse ninho. E lá me disse que era melhor assim, contactar directamente a Câmara Municipal, muito mais rápido. Então para que existe esta plataforma? Para justificar pagar uns milhares aos amigos que a produziram? Negociatas do Ministério do Ambiente, sempre a mesma coisa desde os tempos do Sócrates, que outra coisa posso ficar a pensar? E neste caso acabei por ficar mal visto pela simpática vizinha...

segunda-feira, dezembro 27, 2021

JOÃO PAULO COTRIM E A BANDA DESENHADA

 Pronto, não gosto nada de fazer referências apenas depois de alguém morrer, mas esta tem que ser. Este meu homónimo nunca se cruzou em pessoa no meu caminho, mas é da minha geração e ouvi falar dele bastas vezes, sempre ligado a uma das minhas paixões, a banda desenhada. Por estes dias o organismo do João Paulo Cotrim não aguentou mais um ataque e ele morreu. Foi o vírus desta pandemia. Fica o seu trabalho. Fica aqui o artigo do Esquerda.net (link) que dá a notícia e dá um vislumbre da sua herança.

sábado, dezembro 25, 2021

A FÚRIA DOS ANOS 20

 São as redes sociais. Aqui fica o cartãozinho que andei a espalhar nas mensagens de amigos do Fb.


DO MEU NATAL DE CRIANÇA À FÚRIA DO SÉC. XXI !

Aqui vos deixo um texto algo longo, nada que os meus leitores não estejam habituados. É roubado ao meu amigo Daniel Folhas, que o escreveu esta manhã no seu Fb, e que eu também publiquei na minha página nessa plataforma.


Quando eu era puto na minha aldeia da Beira Litoral não se trocavam prendas de Natal, ou pelo menos da forma como agora se faz..
Os parcos ordenados dos nossos pais ( pais, no masculino, porque as mães eram essencialmente donas de casa/camponesas ) não davam grande espaço para o nível de consumo a que estamos agora habituados.
Praticamente só os miúdos as recebiam e eram quase sempre constituídas por aqueles objectos de que necessitávamos sendo, obviamente, a roupa e o calçado as prioridades, não fossem os putos fazer má figura no baile da aldeia, apresentando-se de meia sola remendada ou camisola desbotada!
Em geral, os adultos não trocavam presentes entre si e não se sentia qualquer tipo de obrigação social ou recriminação pelo facto de não se ter dado um presente à pessoa X ou Y.
Evidentemente que, o sentimento era recíproco e do outro lado também ninguém se sentia desiludido por não ter recebido ou dado alguma coisa a outrem.
Este hábito não significa que não houvesse trocas entre as pessoas, pois esta era a altura ideal para as ofertas dos produtos produzidos pelos próprios e de que poderiam ter alguma abundância.
Quem tinha uma boa nogueira podia oferecer um saco de nozes para juntar às iguarias da Consoada e quem sabe se não recebia uma bela "abóbora menina" para os filhoses do dia 24!
Com o passar do tempo e aumento gradual do poder de compra as pessoas da aldeia passaram a ter alguma disponibilidade financeira para oferecer aquilo que não tinham e já não só o
excedente, fruto do trabalho agrícola na maior parte das vezes. É aí que me lembro de ver os mais velhos a dar outras prendas a outras pessoas, nascendo o (confortável) hábito de oferecer as
peuguinhas quentes ou o par de cuecas a estrear no ano novo!
Este hábito tão português e que se prolongou no tempo quase até aos nossos dias pode parecer "cafona" e "parolo" porque as pessoas tendem a esquecer que essas pequenas lembranças,
fora daquilo que era o tal esquema de trocas dos excedentes agrícolas, está na génese daquilo que são hoje os nossos hábitos de troca de presentes no Natal. A quadra natalícia rural e tranquila da minha infância, acabou no momento em que as pessoas, já prisioneiras das influências urbanas veiculadas pela TV, começam a dar presentes fora daquela esfera sócio-económica restrita de que já falei.
Os hábitos urbanos instalaram-se progressivamente e a TV foi conseguindo vender ao mundo rural o hábito, tornado já obrigação moral, de oferecer prendas no Natal a toda a família e não só.
Este processo de incentivo à compra nos nossos dias transformou o Natal numa fúria consumista. Gostava de saber quantos miúdos desconhecem que, na origem do Natal, está a história cristã de um miúdo pobre, ao cuidado de um carpinteiro que precisa da ajuda de um burro e de uma vaca para se aquecer no seu "colchão" de palha...?
Obviamente que a figura de Jesus, esse miúdo pobre e desamparado, que foge para não ser assassinado, como fogem tantas crianças hoje, na mesma zona do globo, também para não
serem elas assassinadas por radicais e pobres de espírito e pelos senhores da guerra, é uma história que não interessa contar. É uma história que não vende, porque é real, é triste e essencialmente porque se repete desde há 2000 anos sem que nós, os ditos homens da boa boa vontade a consigamos parar...
A história de Natal que nos contam é a história do Pai Natal, esse "boneco", criado pela Coca-Cola, imagem tão mais simpática do que um esfarrapado em fuga pelos desertos arábicos. Os miúdos de hoje cada vez sabem menos sobre a existência desse tal menino Jesus, mas conhecem de cor o percurso televisionado do velhote simpático, desde a Lapónia até sua casa.
O Pai Natal é a figura central da fúria consumista em que tornámos esta quadra do ano, é um tipo gordinho, bem nutrido, que reluz na sua missão de levar presentes a todas as crianças do
mundo, sem excepção!
Podíamos ao menos ser espertos, fazendo como os Espanhóis, e deixar a missão do Sr. Coca-Cola para o dia que deu origem a esta tradição de oferta, o dia de Reis, mas não, continuamos
teimosamente a tornar esta quinzena de Dezembro uma verdadeira aflição de busca, procura e embrulha, induzidos pela caixa que governa o Mundo e movidos por um sentimento de culpa
que nos foi paulatinamente sendo inculcado de nunca quebrar a corrente de troca...
Esta corrente faz mover milhões de euros e eu não tenho nada contra isso a não ser o facto de amanhã de manhã o caixote do lixo de milhões de lares por esse mundo fora estar cheio com a
ex-última versão da consola xptO de 2021 ou o casaco de Dezembro de 2020 que afinal já não está na moda e que vai engrossar os milhões de toneladas de lixo que, entretanto são
discretamente enviadas para determinadas zonas / países por onde o Sr. Santa Klaus se esqueceu de passar e onde as esperam milhares de meninos que vivem de catar lixo!
E dou por mim a pensar, tão felizes que seriam essas crianças na simplicidade do meu Natal de há 40 anos, onde sem receber presentes, recordo com saudade a espera pelo arroz doce que
vai misturando o seu cheiro com o frito dos filhoses e eu menino, saio e volto a entrar vezes sem conta apreciando as conversas ali mesmo à minha porta no adro da capela, onde a fogueira de Natal irá arder até ao dia de ano novo. A casa está quente, lá fora a singela iluminação pública de Natal da época é apenas um adereço porque a verdadeira luz está nas pessoas, novos e velhos que junto à fogueira que ilumina as paredes da minha casa, conversam animadamente, mais ou menos aquecidas pela cepa irão por ali ficar até de madrugada e eu terei o privilégio de ali ficar à fogueira que aquece a parede do meu quarto.
Ali ficarei, em mais um Natal em que não tive direito a mais do que uns doces como presente e, claro, à roupa nova para estrear no bailarico de ano novo.
Tenho 10 anos, não tenho o quarto a abarrotar de brinquedos, nem nunca irei ter, mas sou feliz porque na minha cabeça isso nunca foi importante!

sexta-feira, dezembro 24, 2021

CARTÃOZINHO DE BOAS FESTAS

 Aqui está então a versão especial para os leitores do blogue Malfadado.



A foto foi tirada na Vista Alegre (Ílhavo), um fim de tarde em que estávamos a passar ali ao lado. Eu já tinha visto e pensei para comigo desde logo que era um local óptimo para o nosso cartãozinho deste ano, mas foi depois, ao passarmos ao longe que a Zeza comentou que estava ali qualquer coisa fantástica, e sem hesitar fomos logo para lá, procurar o melhor ângulo e zás, foi logo à primeira. Na mensagem que enviámos aos amigos não dizíamos onde tinha sido tirada a foto, mas a mensagem escrita revelava o "alegrar as vistas". Era a pista! A foto, de um smartphone Galaxy Z, levou depois retoques, para apagar arames e fitas que seguram as estruturas, e a corrigir cores, nitidez e outros pormenores, para dar este efeito natalício.

Nas várias respostas a agradecer e retribuir, para além da crítica meramente fotográfica, recebemos também outros cartõezinhos e imagens dos amigos, que gostamos muito de receber pois trazem aquele aconchego dos abraços, nas palavras e nas imagens partilhadas.

quinta-feira, dezembro 23, 2021

INFORMAÇÃO ON LINE - DE LEITORES PARA LEITORES

Com os jornais e a informação em geral controlados pelos interesses económicos, ganham espaço na comunicação social portuguesa os jornais em que os leitores pagam para ter informação para ler. Um deles mais virado para o jornalismo de investigação em formato podcast e fruto de uma iniciativa colectiva (uma associação sem fins lucrativos), que promete notícias com profundidade e tempo para pensar, chama-se FUMAÇA (link aqui para a sua apresentação aos "leitores" ouvintes).

O outro é iniciativa individual de um amigo meu, dos tempos da Quercus mais activista e interventiva na contestação, e é recém nascido. É o PÁGINA UM, que se apresenta assim aos leitores no seu estatuto editorial (link aqui para o site do jornal). Ainda agora começou, este que é um jornal escrito assumido, de formato mais clássico, e a concorrência e os senhores das negociatas já estão a fazer marcação cerrada.

Estas iniciativas são as nossas reservas de democracia a mostrarem que ainda estão vivas. E só continuarão vivas se houver gente que acredita que a democracia precisa de protecção contra o sistema que se instalou em que o dinheiro manda nas nossas vidas como nunca antes. A informação é a base da intervenção democrática, contra as mentiras, as falsas promessas e as negociatas que retiram ao património público para engordar uma manada de gente desonesta e que só pensa no seu gordo umbigo. Fica aqui o convite para espreitarem os links de cada projecto, e lerem com ouvidos de entender.

quarta-feira, dezembro 22, 2021

VEM AÍ O NATAL

 Enviado que foi o nosso cartãozinho de Boas Festas, que em breve aparecerá aqui no Malfadado em versão especial e exclusiva para os leitores, estamos então em plena época natalícia. Hoje foi dia de preparar a sopa dourada à antiga (receita recuperada pela revista Banquete, anos 1960, que no site da ACPP aparece como "uma revista de referência na culinária portuguesa. Esta revista surge sem pretensões e unicamente com a finalidade de ajudar as donas de casa na preparação das suas ementas, quer estas sejam simples ou de alta cozinha, de execução rápida ou demorada, económicas ou dispendiosas."). A sopa dourada foi então lançada na tradição familiar pela minha mãe, que comprava estas revistas e as manteve encadernadas e bem conservadas. Esta sopinha que preparei fica a maturar até depois de amanhã e para o almoço de 25, este ano ainda em Coimbra na casa dos pais, mas já sem eles, à volta da mesa só orfãos de pais e sogros, e seus descendentes.

E porque é Natal, partilho convosco um conto histórico, escrito pelo meu amigo Carlos Madaleno e publicado no Jornal Fórum Covilhã (link aqui para o conto). Fica o excerto com as referências às casas de telha vã, sem chaminé e onde se cozinhava e se aquecia o corpo ao abrigo da chuva:
"Relembrava os Natais da sua vida. Os da infância, passados em casa dos pais, junto ao lume onde a mãe fritava filhoses, numa caldeira segura pelas cadeias que pendiam dos negros caibros que amparavam as telhas, por entre as quais se esgueirava o fumo e entrava o frio."

terça-feira, dezembro 21, 2021

SUGESTÃO DE LEITURA - AS DOENÇAS DO BRASIL

 Pois, de facto ainda não li, mas atrevo-me já a subscrever o que disse o Salvador na sua página de Fb (link aqui para esse texto e imagem): 

“As doenças do Brasil” do Valter Hugo Mãe é um livro absolutamente necessário. Trata-se de uma forma completamente inovadora de escrever.
Prosa cheia de poesia que desperta consciência e nos deixa ao mesmo tempo emocionados e perturbados, sensibilizados e incómodos, elucidados e completamente perdidos, empáticos e culpados. Li-o há dois meses e ainda estou de luto, a passar por livros rebound, desesperado à procura de uma sensação minimamente parecida com a que tive com este livro tão importante. É urgente que este livro faça parte do plano nacional de leitura, não é o livro do ano, é o livro da década. Obrigado, Valter.

Como li este ano (e registei aqui) A desumanização, esta descrição do estilo do Valter é tal qual isto mesmo, era isto que eu queria ter dito, mas a minha prosa não alcançou. Ficou como uma prosa-irmã mais pequena desta do Salvador. E já não me lembrava de todo, mas em 2016 a Desumanização passava aqui pelo Malfadado, com um video-clip, descobri agora ao pesquisar o link anterior. (link então para esse vídeo e texto meu com mais de 5 anos). Pois, gosto destas coisas da cultura.

segunda-feira, dezembro 20, 2021

A MÚSICA DO FIM-DE-SEMANA

 Voltou a chuvinha, mas no fim-de-semana que passou estive com um par de amigos no Monte Barata, e a música apropriada para esses dias é esta:


Mas vamos por partes...
A ida ao Monte Barata (propriedade latifundiária pertencente à Quercus - aos associados da Quercus, é mais correcto dizer assim - que está situada no Parque Natural do Tejo Internacional, concelhos de Castelo Branco e Idanha-a-Nova) marcou o meu regresso a esta que foi a minha casa. Onde conheci muita gente, onde convivi com os meu melhores amigos, onde vivi histórias inacreditáveis.
Mas para além deste marco, a deslocação com dois dos muitos associados da Quercus fundamentais que conheço, deveu-se à necessidade de ali fazer uma intervenção de manutenção do sistema de fornecimento de energia. Intervenção mais do que necessária, mas que era impossível contratar a profissionais, pois a gestão da Quercus nos últimos anos foi uma sequência de roubos e gestão fraudulenta que deixou a jóia da coroa da Associação num estado lastimável, sem dinheiro e com as instalações mal acabadas. Depois das eleições este ano lá se virou a página da vida interna, com os amigos dos negócios e negociatas a perderem nas urnas, entrando uma nova equipa com vontade de fazer diferente. E foi assim que já houve um par de iniciativas em que os associados foram chamados a intervir no Monte Barata. Dando logo andamento a muitas coisas que são necessárias. Mas faltava uma intervenção de gente que sabe destas coisas da electricidade, e por sorte consegui juntar-me a dois associados tão competentes que não participei em nenhum dos trabalhos que os mantiveram 3 dias de volta de fios e disjuntores, amperímetros e ferramentas variadas. De um lado o Artur Esteves, que já se tinha oferecido para dar uma ajuda (quem nunca ouviu falar do Deus da Luz, esta boa alma que na década de 90 ofereceu a instalação da iluminação solar no Monte Barata, indo lá montá-la), do outro lado o Paulo Almeida, engenheiro das electricidades mas que é o cérebro do Núcleo de Aveiro da Quercus e histórico dirigente nacional com vários mandatos na Mesa da Assembleia Geral.
E porquê o Waiting for the Sun, dos Doors? Porque no último dia dos trabalhos eles precisavam que aparecesse o Sol para fazer o teste final à bomba do furo que extrai a água, e apesar de estar um dia luminoso e quentinho havia um corredor de nuvens no céu que tapava o Sol. E foi preciso esperar e esperar, e valeu a pena, porque de facto foi preciso fazer ainda umas adaptações para o sistema funcionar e ficar perfeito para as necessidades.



















Mas o mais curioso é que para além de estar à espera do Sol, enquanto as nuvens não saíram do caminho, estes dois voluntários fizeram umas intervenções "waiting for the rain". O final do Outono foi muito seco, mas esperando alguma chuva, que de facto já chegou, e para evitar inundações, foi preciso colocar plásticos de forma a desviar as águas a mais. Fica a reportagem fotográfica:



Mas perguntará, quem está a ler este relato, o que é que eu fiz nestes dias... pois, para além de algumas fotos, estive a proteger PORTAS!!! (waiting for the sun and for the rain). De trincha na mão. E consegui fazer uma sopa, para experimentar o fogão de indução.
Mas o momento mais alto em termos de emoção nestes dias foi o reencontro com os vizinhos, e principalmente com o Ti Ferreira, com os seus 92 anos e a sua sabedoria imensa, e que está numa forma invejável. Ficou combinado voltarmos a encontrar-nos, pois é muita a conversa para pôr em dia. Emocionante também voltar a Idanha-a-Nova e encontrar algumas caras conhecidas e ver nascer sorrisos.

sábado, dezembro 18, 2021

VIDA SELVAGEM

 Não é preciso vir ao Monte Barata para ver veados ao luar, eles aparecem um pouco por todo o lado. E para ver árvores raras, nesta altura do ano basta sair de casa...



quinta-feira, dezembro 16, 2021

ENCONTROS IMEDIATOS - DR JORGE PAIVA

 Fica aqui o registo de uma boa coincidência, na Galeria de Santa Clara. Fomos comer uma boa sopinha e ao escolher a salinha e a mesa, quando me sentei dei de caras com o sócio da Quercus mais sábio, nem mais nem menos o Jorge Paiva. Acompanhado, estava também a jantar e a conversar muito. Antes de tirar a máscara facial para começar a comer, lá me aproximei da mesa deles, a única que também estava ocupada nessa sala, interrompi a conversa quando, também por acaso, alguém referiu a Associação, e lá baixei a máscara para ele me reconhecer.

Ele fez notar logo que a probabilidade de nos encontrarmos ali, dois ecologistas associados da Quercus, era muito pequena. De facto, eu fui lá parar mesmo por acaso, não estava nos planos, e ele só foi porque as amigas insistiram. Lá me ofereceu ele em mãos o seu postal de Natal, e uma das amigas tinha levado uns biscoitos com farinha de bolota e EM FORMA DE BOLOTA. Mesmo muito a propósito, e lá provámos um biscoitinho, que segundo contou faz parte da sua tradição anual.

É curioso notar que encontro o Jorge Paiva muitas vezes, mesmo sem combinar nada. A última vez tinha sido no comboio, ele ia para Lisboa e eu para Vila Franca de Xira. Tinha eu combinado boleia para um encontro preparatório da regeneração da Quercus, em Beja, já depois do afastamento da nódoa branca e da queda do Carmo. Lá falámos um bom bocado sobre a Quercus, como sempre.

Aqui fica a foto.


quarta-feira, dezembro 15, 2021

PELÍCULA DO ALMODÓVAR - MADRES PARALELAS

 Pronto, fomos com toda a segurança ao cinema. Desta vez para apreciar a última obra deste realizador espanhol cuja vida e obra são, afinal, um pouco de todos nós. Toda a segurança porque os filmes mesmo bons têm sempre menos de meia sala ocupada. Na verdade também não fomos na sessão da noite, uma vez que corremos o risco de nos dar aquela soneira habitual, agora vamos sempre à do final da tarde (que agora no Outono/Inverno é já de noite). E também por isso as salas acabam por estar menos de meias ou quase vazias.

Antes de deixar o trailer apenas duas notas: ver um grande filme no cinema é realmente muito melhor do que ver em casa. E este é mais um dos grandes filmes do Pedro Almodóvar. A segunda nota é sobre a tradução: se no caso do título os tradutores deixaram o original, ou seja, não se puseram a inventar, lá pelo meio do filme apanhei duas coisas mal traduzidas, o que mantém a regra sobre as pobres traduções do espanhol, e pior do que isso, escreverem uma palavra que não faz sentido na frase e na situação vivida pela personagem. É que uma das mães paralelas trabalha no café e ao comentar sobre o seu salário diz que ganha pouco mas também recebe gorjetas. Ora a palavra espanhola que ela usa é "propinas", e quem fez a tradução escreveu isso mesmo, propinas. Confesso que houve bocados em que preferi ignorar as legendas e apreciar melhor a técnica do filme e dos actores.

sexta-feira, dezembro 10, 2021

30 KM/H - DEVAGAR SE VAI AO LONGE

 Petição para a redução da velocidade dos automóveis. Nada como a velocidade das bicicletas e das trotinetas. Assinatura nº 838 é a minha. Motivar a utilização dos modos suaves nos centros urbanos. Link para o site da petição pública clicando aqui. Às 7500 o assunto vai para ser apreciado na AR.

quinta-feira, dezembro 09, 2021

WHAT IN THE WORLD


Pois é, um regresso ao passado, mas em formato de futuro. Quando éramos crianças e adolescentes na nossa casa, em Setúbal e depois em Coimbra, recebíamos mensalmente uma revista americana muito interessante, a World, que agora se chama Nat Geo Kids (link para site). Tinha bons artigos, grandes fotos, posters e jogos educativos. Os nossos pais eram assinantes da revista da National Geographic Society, que também devorávamos pelas fotos e mapas, mas a World era especial. Uma das rubricas mensais baseada em fotos era a "What in the World", onde aparecia uma foto estranha, um pormenor de qualquer coisa, para tentarmos adivinhar o que era. E é este o caso, fica aqui a foto estranha e no meu Fb fica a foto que explica esta estranheza. Fica também aqui um exemplar de capa da revista World, de Setembro de 1975 (neve no Verão quente, eh eh eh), imagino que em Portugal continental houvessem apenas uns dez assinantes:





 

quarta-feira, dezembro 08, 2021

JORNALISMO INDEPENDENTE - BASTA UM PARA VIRAR A PÁGINA DA INFORMAÇÃO

 O meu amigo Pedro Almeida Vieira, que já não vejo há anos e anos, mas que conheci na Quercus, está a lançar um projecto de jornalismo que muito provavelmente tem pernas para andar. Muito provavelmente porque espero que muitos lhe possam dar uma mãozinha, mesmo que pequena, muitos poucos fazem muito. O site é este (link aqui), ainda não foi inaugurado, mas tem o link para a página do facebook do projecto, onde vão aparecendo alguns textos. Como este último a propósito de um artigo na Visão, onde se estraga o Estraca, e que me motivou a divulgar isto aqui no Malfadado. Boas leituras neste dia feriado, e pouco jornalixo a entrar na casa de cada um, são os votos deste escriba, também independente.

terça-feira, dezembro 07, 2021

DEMONSTRAÇÃO BIMBY EM CASA

 Aqui está a foto que comprova a demonstração feita pela muito simpática e mulher trabalhadora (e batalhadora) Cindy Verónica. Saiu uma sopa e um peixinho, com coentros e salsa, acompanhado de vegetais, cozinhados no vapor, e molho de mostarda e iogurte. E uma mousse gelada de frutos vermelhos para sobremesa (atentando na foto vê-se bem que andei a lamber a borboleta depois de preparar esta sobremesa). E ainda, não esquecer, uma limonada aromatizada com frutos vermelhos. Tudo em 1 hora de muita conversa e diversão na cozinha. Depois ficámos 4 comensais e ainda sobrou para outras refeições. E sobrou um monte de loiça para lavar, mas um monte derivado apenas dos acessórios de plástico da Bimby, que ocupam muito espaço nos escorredores depois da lavagem. Porque o jarro de cozinhar lava-se sempre imediatamente e de forma fácil. E tenho logo dois jarros, aproveitando a promoção do mês. 

Esta é a versão de Vagos da famosa bricadeira do venezuelano Hugo Chavez com os nomes dos ministros "Pino" e "Lino": Cindy e Bimby, Bimby e Cindy.


domingo, dezembro 05, 2021

LIVRO DISPONÍVEL - EU FICO EM PORTUGAL

 Pois é, depois da versão rádio, que passou na Antena 1 e deve estar disponível on line, saiu agora uma versão em livro, qual guia turístico para algumas zonas lindas e interessantes de Portugal. Deixo-vos aqui o link para o texto do blogue Menina Mundo, onde se fala sobre o lançamento do livro, em Melgaço, porque o blogue vale bem uma visita turística, quem sabe motive para outras visitas turísticas nada virtuais.

sábado, dezembro 04, 2021

SIM, ISTO É A NOSSA TERRA - 1

 Inicío hoje uma colecção de fotos panorâmicas, com o título que inspira ao bairrismo, ao nacionalismo, ao globalismo e até ao conservacionismo. Porque como dizia num crachá dos tempos do GIDC, "Há só uma Terra. Vamos destruí-la?"


quinta-feira, dezembro 02, 2021

AQUELA MÁQUINA

 Prontinho, já chegou a minha Bimby. Não andava à procura mas quis o destino que me cruzasse com a simpática vendedora, que é também a minha cabeleireira ocasionalmente, e com a boa promoção do mês e de aniversário da marca, acabou por me convencer. Sim, é cara e se calhar a Kenwood é mais completa, mas a Bimby tem esta vantagem da qualidade e da durabilidade. E é para usar bastas vezes, claro, não é para ficar na prateleira. 

É um investimento, mais do que a satisfação de uma necessidade. Fica aqui o registo para memória futura e para registar mais um acaso da vida.

quarta-feira, dezembro 01, 2021

TRILHO PEDESTRE DO JURÁSSICO -COM A VERTENTE NATURAL

 Não fomos aos golfinhos mas... fica para uma próxima. Quem sabe se com esta empresa, que opera desde a bonita vila de Sesimbra, e que tem uma programação regular de actividades de ar livre (link para a página FB). Aqui ficam algumas fotos do dia de hoje:








terça-feira, novembro 30, 2021

VOLTAR ÀS MEMÓRIAS DE INFÂNCIA

 De passagem por Setúbal para uns dias sem stresse, arranjámos tempo para visitar pessoas dos tempos de infância. Aqui ficam as fotos dos pais do meu grande amigo de jogos, brincadeiras e partilha de livros aos quadradinhos, que viveram no bairro da Secil até há poucos meses atrás e agora estão num apartamento no centro de Setúbal. Augusta e Túlio, boas memórias temos desses tempos e foi uma boa conversa à volta de um cházinho de ervas. Temos que marcar um passeio de observação dos golfinhos!



segunda-feira, novembro 29, 2021

PAROSMIA - NABOS PASSARAM A SABER MAL

 Estou parósmico. Ou parosmático. As coisas que nós descobrimos, assim por acaso, sobre o funcionamento do nosso organismo. No espaço de dez dias descobri que os nabos cozidos, em sopas ou assim em bocados, para acompanhar um cozidinho, passaram a saber-me mal. A primeira vez foi numa sopa num restaurante no Ladoeiro. Toda a gente a dizer que a sopa de feijão frade estava uma maravilha, mas eu encontrava um sabor estranho, algo como o óleo de sésamo. Não comentei com ninguém. Uns dias depois em casa, uns nabinhos cozidos, aí sim, que sabor horrível. Pensei cá comigo que se calhar havia uma variedade nova de nabos introduzida no mercado, ou algum novo pesticida. E agora foi num outro restaurante, de novo o mesmo sabor, mas desta vez perguntei à Zé se a sopa estava normal, e estava, e boa até. Foi aí que comentei com ela o sucedido nas 2 vezes anteriores e resolvi investigar on line. E é mesmo assim, tenho parosmia, que acontece a quem tem tumores cerebrais e noutras situações em que o cérebro é afectado. E de facto acontece com alguma frequência a quem teve COVID e nesse processo de infecção e combate à infecção perdeu temporariamente o olfacto e o sabor das coisas, como me aconteceu a mim. Mais informação sobre a parosmia em inglês aqui neste link e em português aqui neste link.

Já tinha ouvido falar de um caso em Vagos de uma pessoa que a carne tinha passado a saber a carne podre, e que o peixe parecia sempre sem sal. Mas há mais casos, como podem ver nos links acima.

Ora eu dizia a toda a gente que o COVID me tinha deixado apenas com uma sequela, durante dois meses. Tinham sido umas tonturas ligeiras, que me acompanhavam todos os dias, mas que invariavelmente entre as 18 e as 21 horas desapareciam, voltando a seguir às 21 horas.

Deste modo, que me tenha apercebido, posso agora dizer que a COVID me deixou duas sequelas. Espero que a parosmia dure apenas os seis meses "normais" referidos na bibliografia.

Engraçado é ter levado quase seis meses a descobrir a parosmia. Resta saber se a parosmia me baralhou outros neurónios e estragou o sabor de outras coisas de época.

domingo, novembro 28, 2021

REPORTAGEM TV NO CABEÇO SANTO

 Pois é, esta reportagem foi iniciativa do programa PLANETA VERDE, do Porto Canal, já foi emitida há uns meses mas só agora chegou aqui ao Malfadado. Neste link podem ver então o programa, apresentado pela multifacetada Paula Nunes da Silva (na altura ainda presidente da Quercus), com os primeiros minutos passados no Cabeço Santo, passando depois para a Mata da Margaraça. Eu andava lá com as minhas galochas a ajudar e apareço de relance, mas dá para ver em várias imagens como os cães andaram por ali felizes, a Pipoca, que eu levei para me acompanhar, o Punti, que agora é da casa, e uma cadela que não fixei o nome.

sexta-feira, novembro 26, 2021

LÍDIA JORGE E O SENTIDO DO TEMPO QUE PASSA

 Pronto, hoje uma estreia no Malfadado, uma ligação para um site ligado à igreja. Foi uma partilha da minha amiga Elisabete Oliveira, e como gostei de ler e tem boas referências, aqui fica o link para este texto, que foi preparado para uma comunicação pública em Abril deste ano. E fica este excerto, para abrir o apetite para uma boa leitura do texto desta autora muito conhecida:

"Se a palavra desastre significa perder os astros, o que tenho procurado é não os perder neste ano de mudança. Por isso, tenho estado atenta àquilo que era e é o nosso mundo contemporâneo, à mudança de paradigma que temos estado a viver, designadamente quanto ao mundo digital, que tem alterado as vidas e promete mudá-las ainda mais, a par das alterações que a pandemia trouxe."


quinta-feira, novembro 25, 2021

A DESUMANIZAÇÃO - LI E ACONSELHO

 Grande escritor que temos. E apanhei um blogue brasileiro que analisa a obra (link aqui), com citações e tudo. Bom para relembrar o lido de ponta a ponta, um livro onde o frio da desumanidade nos conduz até um final brutal. Um conceito interessante este blogue brasileiro, vale a pena um passeio pelos Percursos Literários.

quarta-feira, novembro 24, 2021

terça-feira, novembro 23, 2021

UMA AGENDA REGENERADORA - PARA PODERMOS EDUCAR AS GERAÇÕES QUE AÍ VÊM

 A Quercus lançou hoje mesmo a Agenda Regeneradora, uma publicação dinâmica na internet que mostra onde vão acontecer as próximas acções de regeneração em Portugal. Pode ser consultada aqui (link para a agenda). Para educar os mais novinhos há que ter muitas iniciativas destas por todos os lados, para que possam ver e começar desde pequenos a mexer como deve ser naquela que será a sua Terra, recuperando locais degradados pelas acções dos seus estúpidos e gananciosos avós e bisavós.

segunda-feira, novembro 22, 2021

SEXO NO MALFADADO

 Pronto, para fazer subir as audiências, nada como um assunto que traz leitores extra. Das minhas incursões na Medicina Funcional acabo por receber muitas divulgações sobre diversos assuntos. E agora recebi um convite para um podcast em que vão conversar com esta psicoterapeuta e especialista em relacionamentos, que segue então num Youtube com uma TedX de 2013. Partilho aqui pela pertinência do tema nestes dias de muita proximidade de famílias.


Para quem tem mais tempo, ou precisa mesmo de ajuda, ou gosta muito de sexo, a mesma psicoterapeuta tem outros videos no Youtube mais recentes, de 2018 com quase uma hora (link aqui), e de 2017 com meia hora (link aqui). Este que aqui deixo acima tem a vantagem de ser uma conferência com bom ritmo e com boa tradução para português

sábado, novembro 20, 2021

UMA CUIDADORA FAZ A DIFERENÇA - CUIDADO COM A CATARINA

 Ainda a propósito da morte do meu pai, há um tema que merece uma reflexão no Malfadado: o tempo na velhice em que é preciso alguém para estar presente em permanência. Ou em quase permanência. A cuidadora do meu pai era a minha mãe. Deixou de o ser quando ela desistiu, 3 semanas antes de morrer. Já fazia as coisas com esforço e finalmente virou-se para ela própria e para organizar uma vida independente das asneiras do meu pai, foi como um preparar-se em vida para a separação fatal. Em certos momentos pareceu-me mesmo que ela estava muito chateada com ele, mas era certamente apenas a revolta com a sua própria situação e sentir da parte dele falta de apoio, o que se justificava, porque ele próprio estava muito diminuído psicologicamente e fisicamente.

A minha mãe não precisou de cuidadores de fora do seu círculo, entre amigos e família demos conta do recado, e como ela gostou dos mimos da Isabel, da Irma, da Ana Cristina e de mais gente que pôde estar presente e ajudou. Já o meu pai foi diferente. Ganhou uma nova energia e ficou independente, passando 8 meses a tratar das suas coisas e conseguiu ficar na sua própria casa, rodeado de coisas que foi comprando ao longo dos anos e acompanhado das suas memórias. Os filhos ainda pensaram levá-lo para suas casas por temporadas, mas se ele queria fazer isso às vezes, eram os filhos que não queriam essa solução, pois o seu comportamento era independente de forma excessiva, não seguindo de forma alguma os pedidos dos filhos para seguir recomendações médicas. O que depois dava problemas.

Tendo em conta a sua autonomia, e sempre de acordo com as suas vontades, procurou-se uma instituição para dar apoio domiciliário, de forma a complementar 3 coisas: a sua independência, segunda coisa a mulher faz tudo que há muitos anos atrás tinha começado a trabalhar lá em casa, primeiro apenas umas horas e nestes últimos anos três tardes por semana e a última coisa que era algum apoio dos filhos e amigos. Foi assim que o meu pai teve a sorte de conhecer 3 mulheres diferentes, e até um pouco das suas culturas. Primeiro uma brasileira, depois uma angolana, qualquer das duas através dessa instituição de apoio domiciliário. E qualquer das duas percebia-se que não tinham tido grande formação para o desempenho daquelas funções, mas eram muito educadas, trabalhadoras, meigas e com vontade de aprender, integrando-se, e com vontade de ajudar. Veio depois ao nosso conhecimento que uma outra senhora, com experiência no acompanhamento e cuidar de idosos estava disponível, e foi assim que conhecemos a Catarina Soares. Com residência e família na Lousã, disponibilizou-se para ajudar e assim foi contratada, de forma a preencher mais os intervalos em que o meu pai ficava sem ninguém em casa, ajudando-o na sua independência.

Tive a oportunidade de conhecer um pouco a Catarina e ela merece um louvor aqui no Malfadado, pois esteve sempre acima das expectativas que se criam quando precisamos de alguém para dar resposta em situações deste género. A tratar do patrãozinho, com preocupação pelo seu bem-estar e dando-lhe o que ele pedia, mas dentro da razoabilidade, aconselhando-o e até criticando de forma simpática quando ele saía um pouco dos carris. Mas depois também a cozinhar, a tratar da casa, da higiene, a fazer companhia, a motivar para sair de casa, a conversar, a reportar junto dos familiares. A Catarina é daquelas pessoas que dá de si para os outros, uma cuidadora por vocação. Fiquei logo bem impressionado quando percebi que ela, de forma natural e da sua experiência profissional, mas também da sua vivência, tinha integrado o conceito de saúde de forma holística. De facto, caminha-se no sentido de toda a medicina convencional perceber que a saúde não é um conjunto separado de órgãos, mas na prática poucas pessoas o aplicam, e no sistema de saúde vigente então isso não se aplica de todo. A importância da alimentação, do exercício físico, isso é comum, mas ir para além disso, ver os benefícios do ar livre, da redução do stresse, o rir e o sorrir todos os dias, os relacionamentos benéficos, a nutracêutica e, claro, respeitar os ciclos da fisiologia do organismo, onde o sono nas horas certas é determinante. Tudo isto a Catarina sabia, mesmo sem ter estudado. Muitas vezes sem saber as bases científicas de tudo isto, mas sabendo intuitivamente a sua importância. Se fosse nos EUA a Catarina tiraria certamente a formação em Health Coaching da Medicina Funcional. Mas estamos em Portugal e ela está onde faz falta, e certamente ainda vai ajudar muitas pessoas como ajudou o meu pai, e nos ajudou a nós.

Certamente não me vou esquecer de uma conversa, mas como a minha memória é muito fraquinha e pouco rigorosa, aqui fica o registo. Ela ligou-me muito preocupada com o declínio progressivo do patrão, de dia para dia andava a perder capacidades. Eu respondi-lhe que da minha parte já tinha desistido de tentar ajudar, uma vez que ele acabava por repetir as asneiras e por não se querer tratar convenientemente. Respondi-lhe que o meu pai iria definhar até bater no fundo, e só aí poderia aceitar estar errado e podermos então tentar fazer alguma coisa pela sua saúde. E ela respondeu-me que numa pessoa com 80 anos, se bate no fundo nunca mais consegue recuperar.

Depois desta conversa acedi então em tentar ajudar uma última vez, ficando para a história o episódio da tentativa mal sucedida de acompanhamento numa clínica privada, que um dia poderei contar, e que a Catarina ainda poderá contar melhor do que eu. A verdade é que não resultou, o meu pai desistiu desse acompanhamento médico global, decidiu voltar para casa, na semana seguinte começou a chorar. Foi aí que eu pensei: "- Já bateu no fundo". Foi aí que lembrei as palavras da Catarina: "- Nunca mais consegue recuperar". E foi assim, em plano inclinado, que se foi apagando um pouco mais, cada dia que passou.

Cuidado com a Catarina Soares, ela é muito à frente na sua profissão. Se a quiserem contactar podem sempre usar o Facebook (link aqui)

sexta-feira, novembro 19, 2021

MONTE BARATA - SEMPRE AS EMOÇÕES

 Agora que a Direcção Nacional da QUERCUS tem uma dinâmica de activismo de bases, tive a oportunidade de voltar ao Monte Barata. Depois de projectos megalómanos e mal estruturados impostos pelo tirano denunciado no Sexta às Nove, sabe-se lá com que interesses pessoais (mas é fácil desconfiar), as casas do Monte Barata estão de cara lavada, mas estão a precisar de ajuda para ficarem funcionais e duráveis. Precisa-se concluir o projecto de transformação das casas em unidade de turismo de natureza com foco numa gama alta, para depois avançar para outras frentes. Por isso é preciso lançar um SOS aos associados e amigos e gente de alma guerreira para deitar mãos à obra, e em pouco tempo tive a oportunidade de dormir no Monte duas vezes. Na primeira vez foi no âmbito de uma ajudada, trinchas na mão. A segunda vez foi mais para trabalhos de seguimento e arrumação, e para mostrar o Monte a associados que nunca lá tinham ido.

Da primeira partilho aqui esta foto (link para a foto no Fb da Quercus, que está a pedir likes), que retrata bem o reencontro de velhos amigos de lutas convergentes, dos tempos de fundadores e dirigentes da AGROBIO.


O Zé Amorim estava já ligado à longa história do Monte Barata, pois na década de 90 foi-me lá visitar e conhecer o projecto das primeiras ovelhas biológicas portuguesas (projecto de pecuária que depois daria origem ao PDAB do  Monte Barata, que durou apenas um ano, mas foi um desafio superado). Nesses anos o Zé Amorim andava com a família toda junta e foram de viagem desde Sintra, mas na auto-estrada andava uma setter irlandesa abandonada por alguém e eles recolheram-na. No dia seguinte tinham que seguir viagem  mas a cadela já ninguém a conseguiu agarrar. E ficou no Monte um bom par de anos, a Ruiva, que deixou saudades, que tanta companhia me fez e que demorou um mês, ou mesmo dois, até lhe conseguir deitar a mão. Seguia-me como uma sombra, mas nada de me deixar tocar-lhe. Um dia foi então para a família do Zé Amorim e lá esteve uns tempos, até que mudou de lar e não deve ter esquecido o Monte até ao seu fim.

Da segunda partilho esta foto (link para a publicação oficial na página oficial da Quercus), onde um dos mais jovens associados da Quercus está a regar uma das plantas transplantadas na ajudada.


É uma foto que gosto em particular, pois junta a paisagem do Monte com as azinheiras centenárias e um jovem que rega as plantas transplantadas pela velha guarda ecologista, mostrando respeito pelo passado mas também deitando a mão de forma esperançada a um futuro que será dele. E que mostra também a importância do voluntariado aberto a todos, em que uns cuidam do trabalho efectuado por outros.

Foram dois fins-de-semana de muita emoção, de recordações, de estar com pessoas que noutros tempos me iluminaram nesses dias de ecologia prática e contra todos os contratempos. De saudades, mas também de ver o futuro ainda a passar pelos meus olhos e pelas minhas mãos. É bom ver a vida a cumprir os seus ciclos num local tão especial e tão forte como o Monte Barata. A semente da regeneração da Quercus passará certamente por este centro de ecologia viva. 

quinta-feira, novembro 18, 2021

FLAMINGOS EM PORTUGAL

 Chega de obituários. O ano de 2021 fica marcado com esta notícia da reprodução de flamingos em Portugal. E a marca fica bem narrada com a National Geographic (link para o site), neste trabalho do João Nunes da Silva, que bem conheci nos primórdios da Quercus, sempre pronto a ajudar e já nessa altura grande fotógrafo de natureza. Fica aqui a ilustrar uma foto sua, que roubei da reportagem aqui partilhada no link acima, e o convite para lerem todo o trabalho.




quarta-feira, novembro 17, 2021

OBITUÁRIO - ARTHUR HOWITZER JR.

 Copiado da wikipédia: "Arthur Howitzer Jr., the editor of the newspaper The French Dispatch, dies suddenly of a heart attack. According to the wishes expressed in his will, publication of the newspaper is immediately suspended following one final farewell issue, in which three articles from past editions of the paper are republished, along with an obituary."

Nem de propósito, fomos ao cinema ver a última obra do realizador Wes Anderson, The French Dispatch (Crónicas de França). Adorei, claro. Quem ainda não viu pode procurar o trailer on line, quem já viu vai gostar de ver este pequeno vídeo musical, realizado pelo mesmo Wes Anderson:


terça-feira, novembro 16, 2021

ROGÉLIO RODRIGUES GOMES PEDROSA

 Aqui fica mais um obituário, juntinho ao da sua amada. O meu pai morreu 9 meses depois da minha mãe, as suas cinzas estão juntas e junto-os aqui também no meu blogue. Ainda viu passar o dia de aniversário do seu casamento, 28 de Setembro, mas nesses últimos dias já a sua cabeça não dava conta dos recados, ainda que estivesse sempre algo lúcido e conversador.

Nasceu em Lisboa em 1933, mas também não se pode dizer que fosse alfacinha de gema, pois os seus ancestrais vieram de fora, das zonas de Pedrógão (Leiria) e de Viana do Castelo. Há pouco tempo tínhamos estado em família por terras do norte e fomos ver familiares a Viana do Castelo, onde fomos bem recebidos e onde o meu pai e a minha mãe falaram dessas memórias do passado, e aproveitei e construí uma pequena árvore genealógica, que devo ter guardado avulso numa pasta de pendentes, que tenho um par delas. É de homem, ter assim um par de pendentes...



O meu pai foi engenheiro mecânico de profissão, depois de alguns trabalhos em tempos de férias a vender Tide de porta em porta, onde ganhou alguma experiência laboral... e de vida, pois como se imagina andar assim a bater à porta das donas de casa... pode trazer surpresas. Começou logo na SECIL (Outão - Setúbal), onde se fixou e criou a família que agora somos, ajudando no desenvolvimento do processo fabril. Foi aí nessa fábrica, onde vivíamos no bairro da fábrica mas no lado privilegiado dos engenheiros, com garagem, galinheiros, horta e jardim, que juntou muitas histórias de vida. A mais marcante terá sido o acidente em que ficou soterrado em carvão, que estavam a descarregar no porto. O carvão era o combustível utilizado nos altos-fornos e rezam as crónicas que a sua salvação foi o capacete que tinha na cabeça. Não evitou danos na coluna vertebral, que o atiraram para a cama durante uns meses até recuperar em pleno. Veio depois a revolução e um clima laboral muito alterado e conflituoso, e mesmo sem ser perseguido teve vontade de partir. Por pouco não fomos todos para a Venezuela, ainda se falou nisso, pois era o que atraía muitos portugueses na altura, mas acabou por ter uma oferta na CIMPOR (Souselas - Coimbra) e como os filhos um dia iriam seguir os estudos foi o destino escolhido.

Dos anos da CIMPOR tenho apenas memória de estarmos de férias no campismo em Penacova e ele ter que se deslocar à fábrica de vez em quando, porque estava de serviço nas horas e dias que normalmente seriam de descanso, e muito vagamente de lá ter ido com ele. Lembro-me também de antes de termos ido para a nossa casa em Santa Clara, o 1º esquerdo de sempre, termos vivido num apartamento num prédio altíssimo, o que foi uma mudança muito grande para quem esteve sempre pertinho da terra. Depois vieram anos de depressões nervosas e desmotivação e acabou por ter sido reformado antecipadamente. Foi então que começou a sua segunda vida laboral, como professor do ensino secundário. Em Coimbra, depois em Soure, depois no Entroncamento, onde fez a profissionalização em serviço, e já como professor de mecânica foi até à idade da reforma numa escola da Figueira da Foz. Quando era professor de matemática, em Soure, havia alunos que quando tinham um furo iam bater à porta onde ele estava a dar aulas e perguntavam se podiam assistir. Não haverá melhor reconhecimento que este, nem medalhas, nem prémios ou comendas. Já neste século, e reformado de tudo, teve ainda a gratificante experiência de leccionar aulas de alfabetização em Santa Clara, junto com a minha mãe.

O meu pai foi fumador, SG Ventil. Fumava em casa, como era hábito na época, mas lembro-me pouco de isso me incomodar quando era mais pequeno. Mas depois, em Coimbra, com os filhos adolescentes, por pressão familiar, quando fumava em casa tinha que o fazer na janela da marquise, ou então na varanda. Foi um precursor desta nova era em que os fumadores têm que fumar na rua, vinte anos antes das leis já ele passava frio para satisfazer o vício. Até que em determinada altura fez um tratamento médico para deixar de fumar e assim conseguiu deixar o vício.

Um dos sonhos do meu pai era fazer um cruzeiro, mas nunca a minha mãe aceitou acompanhá-lo. No início deste ano ainda pensei que ele ia ganhar algum ânimo e um dia destes organizava-lhe uma viagem por esse mundo marítimo fora. Mas depois de recuperar alguma energia, e porque acreditava na sua intuição, começou a fazer uma série de asneiras seguidas que resultaram em problemas com o sono, que depois derivaram no agravar de várias complicações que já trazia do passado. Como não dormia nem deixava o corpo descansar, começou a tomar banho todas as manhãs, dizia que tinha aprendido com uns ingleses, que um banho fazia o corpo reagir e acordar. O problema é que as noites mal dormidas e de levante se foram sucedendo, o corpo não descansava o suficiente e entrou em decadência acelerada. Um dia, ao desistir de o ajudar a contrariar esta sua auto-destruição, ainda lhe disse que a intuição é importante, sim, mas tem que ser muito inteligente. E ele prosseguia, deixando a sua inteligência apenas para o humor e para a gestão das coisas diárias, asneiras atrás de asneiras. Até que o organismo não aguentou mais.

Ficam muitas fotos e muitas memórias, e muitos livros e a herança. Estes últimos meses foram de grande aprendizagem e vou voltar ao tema. Fica aqui esta breve nota biográfica para memória futura, para netos e para bisnetos que não se vão lembrar de algum dia o ter conhecido.


segunda-feira, novembro 15, 2021

MARIA AMÉLIA PINTO FIGUEIREDO

 Mais um obituário, já devido desde Janeiro. A minha mãe nasceu em Lisboa, em 1936, alfacinha mas não de gema, pois toda a sua cultura vinha da província, da zona de Tourais, Seia. Pai dos Figueiredos, família do Chaveiral (freguesia de Paranhos da Beira), mãe dos Pintos, família da aldeia vizinha, Vila Verde (freguesia de Tourais). Vila Verde é agora conhecida como a terra dos samarreiros, como já apareceu aqui no Malfadado.

Os avós paternos da minha mãe abriram uma casa de pasto em Lisboa, depois de umas aventuras no Brasil (a fantástica epopeia da avó Amélia, que vai atrás do marido com um filho pela mão, chega lá e expulsa a amante e acaba por ter lá uma filha, regressando depois a família toda junta a Portugal), e assim se fixou mais uma família em Lisboa. Veio depois mais um restaurante, na zona do Campo Grande, o restaurante dos meus avós maternos. Esse meu avô nasceu no Chaveiral e a minha avó em Vila Verde, indo para Lisboa por causa do casamento. Nasceu o meu tio, José Pinto Figueiredo, a minha mãe e mais uma irmã que na infância teve uma doença fatal.

Em termos de genealogia, este ramo dos Figueiredos termina aqui, pois o meu tio não teve filhos e do lado da minha mãe os 4 filhos ficaram com o Figueiredo ensombrado pelo Pedrosa (do meu pai), não o passando à descendência. Os Pintos, de Vila Verde já tinham desaparecido na geração anterior, neste ramo da família, penso que não resta nenhum, pois o que é neto de um dos dois irmãos (o tio David Pinto) da minha avó, herdou o nome próprio, David, mas já não o apelido.

Os Figueiredos do Chaveiral continuam por uma outra linha de descendência, os que foram para Lisboa entraram numa linha terminal.

A minha sobrinha, única filha da minha irmã Anucha, foi curiosamente readquirir o apelido Pinto, mas vem de outros Pinto de longe, do lado paterno. Seja como for, fica também pelo caminho pelo seu lado, pois os filhos irão caçar o apelido Santos, dos Santos de Cadima - Cantanhede.

A minha mãe foi à escola em Lisboa, fez a escola comercial, trabalhou num escritório até se casar, quando se mudou para a fábrica da Secil, em Setúbal, já casada com o meu pai, que aí era engenheiro, tendo sido atribuída uma residência familiar como era uso aos engenheiros de então. A casa onde fomos criados de pequeninos.

De Setúbal veio então a família toda para Coimbra, na década de 70, um bom par de anos após a revolução, o meu pai deixa a Secil e passa para a Cimpor, em Souselas. A minha mãe contou com a ajuda da sua mãe durante uns bons anos, até que a viu falecer em Coimbra, já na década de 90.

De Setúbal guardo poucas memórias, lembro a minha mãe a conduzir e a levar-nos à escola, a minha mãe a cozinhar, a minha mãe a conviver com as comadres e amigos, a minha mãe a acompanhar os nossos estudos básicos, as idas a Lisboa para ver as avós. A minha avó paterna Etelvina, lembro também que foi a Coimbra passar uns dias mas acabou por falecer aí durante a noite, tendo a minha mãe ajudado nessa situação. De Coimbra lembro a minha mãe a fazer tudo isso, mas a ficar doente dos intestinos e passar um mau bocado (cirurgia com remoção de parte do intestino), lembro também a sua iniciativa de produzir rissóis caseiros e vender à consignação na mercearia do bairro. Muitas vezes ia eu ao fim do dia buscar o tabuleirinho dos rissóis, e se sobrassem lá comia um ou dois. Lembro depois os problemas com as depressões do meu pai e como ajudou a avançar na vida, da sua perícia nas contabilidades e economia do lar, como ajudou com os netos mesmo em situações pouco convencionais, como aguentou os embates com o afastamento brusco do meu irmão mais velho, e como reagiu ao regresso, como aguentou a emigração do meu irmão mais novo, como me acompanhou nas variadas peripécias da minha vida, como teve coragem para ir aprender inglês, para ir dar aulas de alfabetização, como tinha sempre projectos de malhas ou rendas entre mãos, como ainda passeou nos tempos da reforma do meu pai, como era amiga dos seus amigos e tantas pequenas coisas que nos deixou. A sua perícia culinária era marcante, herança dos seus avós, e que deixa saudades a tanta gente que com ela e connosco conviveram, pois as nossas festas eram sempre decoradas com as suas coisas doces.

A minha mãe adaptou-se aos computadores e às modernices todas, mas era ao mesmo tempo algo conservadora e crente, religiosa cristã e praticante mas sem extremismos. Chegou a ter uma página de Facebook, mas acho que já não está on line. É por isso que quem a procurar na net vai acabar por ter apenas, neste momento, esta referência aqui no Malfadado. Que é também uma reverência póstuma. Quando se casou adicionou logo dois apelidos ao seu nome, passando a ser Maria Amélia Pinto Figueiredo Gomes Pedrosa. Mas foi sempre uma pessoa simples e popular, disposta a ajudar. Um dos episódios que recordo desse voluntarismo foi pai e mãe terem ido servir de testemunhas no registo de um terreno, a pedido dos compadres Pinto, que depois se provou ser uma apropriação indevida de um terreno e acabaram por ser condenados em tribunal, tendo que pagar multa e despesas com advogados, ainda por cima advogados incompetentes que os prejudicaram ainda mais. Compadres Pinto que nunca assumiram essas despesas.

Os últimos 4 meses da minha mãe foram uma luta desigual contra um tumor que se instalou na sua parte mais fraca, os intestinos. Começou com algumas dores abdominais, poderiam ser gases, mas as dores eram algo distintas e persistiam, voltou à médica e foram pedidos exames, depois mais exames e dois meses depois o diagnóstico estava estabelecido: tumor intestinal ulcerado. Já algumas metástases espalhadas no organismo. A terapêutica não foi logo estabelecida, os caminhos possíveis eram sempre pouco recomendáveis pelo risco que apresentavam. E com o passar dos dias, maior era o risco. A opção foi tratamento com quimio, mas para isso era preciso a minha mãe fortalecer-se um pouco, o que se tornou impossível tendo em conta o progressivo enfraquecimento e dificuldade em alimentar-se ou descansar convenientemente. Drogas para diminuir as dores e lá foi ela trilhando os caminhos dos últimos dias organizando tudo para uma partida anunciada para breve, sempre com muita lucidez e comunicativa, sempre acompanhada pelos filhos e marido, com tempo para despedidas e para chamar um padre franciscano com quem falou na véspera da manhã ensolarada em que o corpo se deixou ir.

Aqui pelo Malfadado já haverá alguma foto dela, aqui fica mais uma, um slide digitalizado recentemente, fotografada pelo meu pai:



domingo, novembro 14, 2021

OUTUBRO

  O meu malfadado blogue andou desaparecido em Outubro. Não por falta de conteúdos para partilhar, apenas por falta de tempo para aqui ir escrevendo e partilhando. O que vale é que estamos em Novembro, e vou ver se arranjo tempo para actualizar.

sábado, novembro 13, 2021

SETEMBRO

 O meu malfadado blogue andou desaparecido em Setembro. Não por falta de conteúdos para partilhar, apenas por falta de tempo para aqui ir escrevendo e partilhando.

quinta-feira, agosto 26, 2021

QUANDO AS PEDRAS FALAM, MAS OS REPÓRTERES SÃO SURDOS

 A minha amiga Amélia Fonseca destacou a emissão deste programa "Vá dar uma curva". Link aqui. A partir do minuto 7 entram nas terras que são as minhas, concelho de Idanha-a-Nova. O percurso começa por Alpedrinha, terra fustigada pela autoestrada A23 por erro técnico e político que acompanhei na altura, quando as pessoas de Alpedrinha pediram o apoio da Quercus Castelo Branco. Processo que dava para escrever um livro irónico. Quem sabe um dia...

A moda das televisões generalistas este ano é esta: andar por aí a mostrar o nosso Portugal, divulgando e promovendo. A falta de imaginação dos que definem a programação tem destas coisas, todos, mais ou menos nos mesmos horários, andam a mostrar o Portugal que merece ser conhecido. 

Nesta reportagem, lá mais para o final, dá para ver que os repórteres de imagem fizeram algo que mostra bem a falta de respeito das pessoas em geral pela conservação da natureza. Uma espécie protegida e que luta todos os dias pela comida que é muito escassa, é incomodada pelo drone da TVI e assustados têm que levantar vôo do local onde estavam a descansar e abrigados da inclemência do Sol. Enfim, as pedras falam, mas há calhaus surdos por todo o lado.

quarta-feira, agosto 25, 2021

ANTÓNIO DA CONCEIÇÃO - PINTOR DE VAGOS COM TRABALHOS DE GRANDE VISIBILIDADE

 Aqui fica o link para uma apresentação deste artista, que é meu vizinho de rua. O pintor fala dele e dos seus trabalhos, video de meia hora publicado no Facebook (clicar aqui). Podem ver também trabalhos seus na sua página de Fb, ou na página da artista Sandra Ferro, que tem igualmente obras interessantes.

VIAJAR EM PORTUGAL, VIAJAR NA NET

 Espetadas em pau de loureiro. Calipolense.

Num restaurante em Mértola, onde a comida até era bem confeccionada, pedi uma promissora espetada de carne de porco ibérico em pau de loureiro. Veio para a mesa e era de verdadeiro pau de loureiro. Era de carne de porco ibérico. Mas não era uma espetada convencional e foi aquele barrete: Carne fina grelhada na brasa, normal e apenas temperada com sal. E depois de grelhada foi espetada num pauzinho de loureiro. Resultado: não trouxe nada de bom à carne, e só deu trabalho ter que a desespetar. Só comparável ao barrete de um dia destes, num restaurante pertinho da Praia da Torreira (Murtosa), onde encomendámos um polvo na telha, à espera de uma coisa original, e vem para a mesa um polvo panado, que depois de frito foi colocado numa travessa de barro vidrado, de facto em forma de telha. Com a agravante da dose dupla vir na mesma travessa estreita, e não caber acompanhamento a condizer, um par de batatas e já está.

Calipolense é um natural de Vila Viçosa. Conimbricense, bracarense, flaviense, egitaniense, albicastrense, quase sempre casos em que o gentílico deriva da denominação em latim, do tempo dos romanos por terras lusas. Mas fui verificar a origem de Calipolense e na net descobri uma versão que explica e uma outra versão de um popular que deixou numa dessas plataformas colaborativas uma invenção. A invenção é clara, Calipolense deriva da denominação romana de Vila Viçosa. A explicação vem da investigação, e diz que vem do grego Calipolis, designação usada para se referir a Vila Viçosa de um historiador da época pós-medieval, que foi buscar ao grego Callum e Polis, para dizer que é uma Vila Formosa. E depois esse termo foi sendo usado e passando de geração em geração. De facto, não fazia nenhum sentido os romanos darem um nome grego a uma localidade. Já se fosse nos dias de hoje, nada me admiraria nascer uma nova povoação num qualquer país já com um nome em inglês, tal é a invasão e colonização de que somos alvo todos os dias. Everiday, you know what I mean!

Mas nem tudo é mau, e sempre haverá um reduto de resistência. Em Mértola, um restaurante e bar só serve produtos nacionais. Cocktails, isso mesmo, coquetailes, só com bebidas nacionais. Um deles só com bebidas alcoólicas produzidas abaixo do Tejo, outro com base em licor de poejo. Assim sim!

CAFÉ DAS CUMADI - AS COMADRES DA MÚSICA BRASILEIRA EM GRAVAÇÕES ÚNICAS

Fica aqui um video, depois é só fazerem um apoio a este canal e aproveitarem todos os muitos e bons videos, e músicas. Esta é já da segunda temporada do Café das Cumadi.

POUSADAS DE PORTUGAL

 Com as 2 noites proporcionadas com os vouchers promo das Pousadas de Portugal na mui nobre Villa Viçoza, chegou o momento para fazer a verificação das Pousadas que conhecemos: 1 - Vila Viçosa, 2 - Arraiolos, 3 - Flor da Rosa, 4 - Alvito, 5 - Convento do Desagravo (esta já fechou por falta de acordo com os proprietários, mas ainda conta), 6 - Palmela, 7 - Ria, 8 - Amares, 9 - Alijó, 10 - Viseu e 11 - Marvão. Em 34, neste momento disponíveis, 31 aqui em Portugal e 3 nos territórios insulares.

Já os Paradores, ainda estão por estrenar.

segunda-feira, agosto 23, 2021

ECOLAND

Mais de um mês depois de ter dado novas no Malfadado, aqui estão as palavras de volta ao meu blogue. São poucas, mas antes agora, do que passar o Agosto com este espaço público às moscas. Estou sentadinho num alpendre de um alojamento turístico - que se designa Ecoland - a apanhar uma aragem fresca da manhã e a ouvir os vizinhos a falarem alentejano, e a ver um pequeno rebanho de ovelhas a restolhar nas ervas secas procurando algum pequeno-almoço. O Ecoland, com as suas bicicletas eléctricas, está situado entre Mértola e o famoso Pulo do Lobo, viemos Portugal abaixo para conhecer estas terras e estas paisagens. E valeu bem a pena. Viemos também ter uma experiência de dias quentes, pois na zona de Aveiro o Verão tem estado fresco, com um par de dias quentes muito de vez em quando. Só tem faltado é a chuva para ir regando, pelo que nas últimas semanas lá tenho passado os dias a regar nos terrenos onde andei a plantar árvores e arbustos. E vindo nós uns dias de férias, lá ficaram amigos e família a regar (aqui fica o nosso reconhecimento público), pois ainda não regressaram os dias de chuva à nossa região. E muito menos aqui ao Alentejo.

Para além das regas, estes dias pós-covid são marcados por tonturas ligeiras, que, curiosamente, todos os dias desaparecem por volta das 17 horas, só voltando depois das 21. Mas são dias úteis, pois lá andei eu a acompanhar as pequenas obras da casinha gandaresa, e a fazer alguns trabalhos de manutenção, aqui e ali. Foi também tempo para se resguardar mais do calor e tentar recuperar algum peso, longe de stresses e mais perto de bons filmes e séries, principalmente na RTP 2.

Hoje iniciamos a viagem de regresso, com um par de noites em Vila Viçosa. Com um bocadinho de sorte ainda partilho aqui umas fotos, mas tendo aqui entre mãos umas reclamações com a EDP Comercial em grande destaque, e com viagens e programas culturais alentejanos, talvez as fotos fiquem só para depois, quem sabe, um dia... quem sabe um dia os linces se vão reproduzindo e encontrando alimento, e possamos vir aqui para os observar livres na sua e nossa natureza castigada.

quinta-feira, julho 15, 2021

COLHER PARA SEMEAR É O MÁXIMO

 Conheci o José Miguel Fonseca há décadas atrás. Depois fixou-se no Olival, povoação pertencente às terras de Figueiró dos Vinhos, onde ainda o visitei e à família. Ele mantém este blogue, que é muito interessante sobre a importância das sementes tradicionais. COLHER PARA SEMEAR. Não é o instrumento/talher, é do verbo da colheita.... fica aqui a referência, em dias em que não posso sequer ir regar, quanto mais recolher sementes.

CAETANO É O MÁXIMO

 Até a cantar em inglês... aqui fica um youtubezinho de um canal que diz o mesmo que escrevi no título, mas em português do Brasil.... um intervalinho musical no Malfadado...


quarta-feira, julho 14, 2021

BLOGUES À SOMBRA DAS ÁRVORES

 Ainda há poucos dias participei on line no encontro Caminhos de Leitura (Pombal - 2021) e agora a minha amiga e grande escritora lança um blogue para ir deixando alguns textos e ilustrações. Fica aqui o convite para seguirem este blogue, À Sombra do Jacarandá (link aqui).

terça-feira, julho 13, 2021

AS MARAVILHAS MUSICAIS DOS ENCONTROS UNIVERSAIS

Na versão realizada pela portuguesa Maro (nem de propósito com a Silvia Perez Cruz)

 

E na versão realizada pela brasileira Jacques Falcheti, o Café das Cumadi, cuja 2ª dose vai ser servida em breve. Todas as grandes músicas brasileiras aqui no youtube dela (link aqui). Qualquer destas duas artistas bem merece que o seu canal youtube tenha muitos e bons seguidores.

UMA MUSIQUINHA PARA AMENIZAR

 Melody Gardot com António Zambujo:


TEREZA BATISTA CANSADA DE GUERRA

 E pronto, ali pelos meados de Maio, acabei de ler este livro que me acompanhou umas semanas. Obra de Jorge Amado dada à estampa vai fazer 50 anos para o ano que vem. Romance que nos leva ao início do século XX ali para os lados da Bahia e Sergipe, no Brasil, e em que uma das partes em que este genial escritor dividiu a obra é bastante actual: a luta contra uma pandemia, em que a Tereza Batista teve então um papel preponderante. Todo o livro é muito bom e quando acabei, de bom grado faria a mala e partiria para o Brasil, o que acontece sempre que aprendo mais sobre este país. A capa da edição que li, a sétima, é igualzinha a esta, que apanhei aqui da 8ª edição, com um texto sobre o livro que se lê depressa e nos dá um resumo bem feito. (link aqui).



NÁUSEA E FESTA

 De volta ao Malfadado, que tão deixado para trás tem estado. Como ainda estou com esta náusea que me acompanha quase desde o início dos sintomas desta gripe com o corona vírus (para memória futura fui infectado no dia 1 de Julho e os sintomas fortes começaram na noite de 5 para 6), também não me vou alongar, mas é certo que nos próximos dias vou aqui deixar as minhas reflexões. Dizem que escrever pode ajudar na resolução de problemas, pode ser que ajude a passar a náusea.

Já a festa pode prolongar-se à vontade, que é disso que bem precisamos, depois de um processo eleitoral em que se conseguiu anular o voto arregimentado e fraudulento na Quercus. Valeu bem a pena aquela que foi a minha última corrida eleitoral, em 2019, pois daí nasceu todo um movimento e junção de forças que culminaram este fim-de-semana, no dia 10 de Julho, com a eleição de novos órgãos sociais. Para memória fica também aqui o texto que partilhei no Facebook, plataforma que utilizei para mais este activismo de apelo às pessoas para participarem de forma empenhada na vida cívica: "Pois é, para ajudar a divulgar uma vaga de democracia que vai tentar arrumar a casa onde nasceram muitos dos ambientalistas que hoje andam por aí a resistir, aqui estou de volta. Depois das minhas denúncias na comunicação social, dos documentos que o "meu" conselho fiscal registou nas actas abrindo a porta à intervenção da justiça - DCIAP - veio finalmente uma auditoria forense à gestão de um déspota, de um falso e de um amigo de negociatas que beneficiou sempre pessoas à sua volta, destruindo por dentro uma organização que já foi forte. E essa auditoria vem confirmar o que eu já sabia e já tinha denunciado. Mas vem agora um momento de suprema importância para, de uma penada, se regenerar a Quercus. Se chocarem com a partilha de alguma coisa sobre esta derradeira luta pela regeneração, façam o favor de partilhar também, mesmo não sendo associados, pois a participação cívica vai para além de uma ligação institucional. Para já aqui fica o site onde podem ver um punhado de gente que dá a cara e o seu tempo para defender um património que eu, nos meus anos antes da reforma, ajudei a construir, tal como muitos amigos ao meu lado."

Agora que a luta se fez, a festa faz-se. E inscrever-se como associado da Quercus também é festejar. (link para o site aqui).

domingo, junho 20, 2021

PENSAMENTOS DE JUNHO

Ora aqui está de volta o Malfadado. Muito trabalhinho de campo, mas também muita e boa cultura, têm como resultado quase um mês sem vir aqui deixar as novidades. Pelo meio um aniversário, o 57º, com dois piqueniques e sem tempo para muito mais do que aproveitar os momentos de convívio com as gentes que trago no coração. 

Mas deixemos para depois os pequenos nadas e vamos ao que interessa mais na vida, a cultura e a liberdade. Num documentário que passou esta semana na RTP 2 a Sara Baras deu grande destaque à importância da liberdade e é isso que, por viver num país livre, consegue fazer na sua arte impressionante. Ora espreitem aqui:

E passo da novidade para mim, para uma das enormes cantoras espanholas, que revimos esta semana no nosso regresso aos espectáculos ao vivo, depois do 2º confinamento obrigatório. Fomos a Águeda, e vimos uma das 3 apresentações da grande Silvia Perez Cruz no Festim, Festival de Músicas do Mundo. Fica aqui este youtube (aqui já há mais de meia dúzia de anos com o nosso Júlio Resende) para despertar a curiosidade a quem nunca a viu ou ouviu:  

Foi nestes dias de muitos trabalhos que acabei de ler a grande obra do Jorge Amado, Tereza Batista, Cansada da Guerra. E que participei On Line na tertúlia dos Caminhos de Leitura, festival literário de Pombal, que juntou Ondjaki, Mia Couto e a ilustradora Danuta. Quanto mais leio mais pena tenho de não conseguir ler mais livros. Mas livros assim como este do Jorge Amado, que um dia destes vou lembrar aqui no Malfadado de forma mais demorada. 

Quero aproveitar este momento para explicar aqui aos meus amigos que deixei de usar o Facebook, por razões de higiene, não foi uma desistência (onde é que eu ouvi isto???). Voltei a ter alguma actividade por causa do activismo, mas não uso como forma de comunicar. Por isso deixo aqui a todos os amigos (e ainda foram muitos...) que nessa plataforma me deixaram palavras de amizade, o meu agradecimento e um bocadinho de amor na forma de saudades de um encontro ao vivo, longe das coisas da informática ou dos smartphones. Eu continuo com apenas um telemóvel, que dá para receber chamadas, mas como é um tarifário livre e me passaram a cobrar despesas de manutenção se não gastar um mínimo por mês, deixei de fazer carregamentos. E como tal não faço chamadas para ninguém, por não ter saldo. Ando assim pendurado nos telemóveis dos outros, já quase sempre smartphones, claro. Mas o meu é ainda um telemóvel, coisa do passado. 

Bom aproveitem bem o tempo para ajudar em pequenos projectos perto de vocês, quem sabe um dia esses projectos possam merecer a atenção das televisões. Como aconteceu com o Cabeço Santo, onde de repente apareceram duas reportagens que podem, e devem ver. Links aqui neste texto (clicar), que está no melhor blogue ibérico de projectos de conservação da natureza. Podem até ajudar a organizar manifestações, mas tenham cuidado porque os fascistas ainda andam por aí. Que o diga a minha amiga Ksenia, cujos dados pessoais foram dados de bom grado ao KGB. Vergonhoso é o mínimo que se pode dizer desta actuação dos políticos nacionais.

 E já agora um resumo de um filme muito engraçado e comoventemente lindo que apanhámos este mês na RTP:

sábado, maio 22, 2021

OBSERVAÇÃO DE GARÇOTE

Só para registar que hoje, na lagoazinha do Parque de Campismo Municipal, localizado na Praia de Mira, vi pela priemira vez um garçote, o Ixobrichus minutus. Tal como descrito aqui no site Aves de Portugal (link aqui), passou em vôo a 10 metrps de mim e desapareceu num amontoado de vegetação a 20 metros. Fiquei à espera 5 minutos, e depois fez mais um vôo para outro amontoado, desta vez é que vi mesmo bem as cores e forma de vôo, para a seguir vir ao computador identificar a espécie. Nada como levantar cedinho e ir à janela ver a fauna. Ficam aqui umas fotos que retratam mais ou menos o que eu vi, esta tirada do site Birding in Portugal:
Esta tirada do Birds of Xinjiang - China:
E não vi nenhum preto na coloração, só castanhos e beges, pelo que foi uma fêmea (link aqui para a descrição e desenhos, no site Planet of Birds).