quarta-feira, agosto 25, 2021

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 Espetadas em pau de loureiro. Calipolense.

Num restaurante em Mértola, onde a comida até era bem confeccionada, pedi uma promissora espetada de carne de porco ibérico em pau de loureiro. Veio para a mesa e era de verdadeiro pau de loureiro. Era de carne de porco ibérico. Mas não era uma espetada convencional e foi aquele barrete: Carne fina grelhada na brasa, normal e apenas temperada com sal. E depois de grelhada foi espetada num pauzinho de loureiro. Resultado: não trouxe nada de bom à carne, e só deu trabalho ter que a desespetar. Só comparável ao barrete de um dia destes, num restaurante pertinho da Praia da Torreira (Murtosa), onde encomendámos um polvo na telha, à espera de uma coisa original, e vem para a mesa um polvo panado, que depois de frito foi colocado numa travessa de barro vidrado, de facto em forma de telha. Com a agravante da dose dupla vir na mesma travessa estreita, e não caber acompanhamento a condizer, um par de batatas e já está.

Calipolense é um natural de Vila Viçosa. Conimbricense, bracarense, flaviense, egitaniense, albicastrense, quase sempre casos em que o gentílico deriva da denominação em latim, do tempo dos romanos por terras lusas. Mas fui verificar a origem de Calipolense e na net descobri uma versão que explica e uma outra versão de um popular que deixou numa dessas plataformas colaborativas uma invenção. A invenção é clara, Calipolense deriva da denominação romana de Vila Viçosa. A explicação vem da investigação, e diz que vem do grego Calipolis, designação usada para se referir a Vila Viçosa de um historiador da época pós-medieval, que foi buscar ao grego Callum e Polis, para dizer que é uma Vila Formosa. E depois esse termo foi sendo usado e passando de geração em geração. De facto, não fazia nenhum sentido os romanos darem um nome grego a uma localidade. Já se fosse nos dias de hoje, nada me admiraria nascer uma nova povoação num qualquer país já com um nome em inglês, tal é a invasão e colonização de que somos alvo todos os dias. Everiday, you know what I mean!

Mas nem tudo é mau, e sempre haverá um reduto de resistência. Em Mértola, um restaurante e bar só serve produtos nacionais. Cocktails, isso mesmo, coquetailes, só com bebidas nacionais. Um deles só com bebidas alcoólicas produzidas abaixo do Tejo, outro com base em licor de poejo. Assim sim!

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