Agora que a Direcção Nacional da QUERCUS tem uma dinâmica de activismo de bases, tive a oportunidade de voltar ao Monte Barata. Depois de projectos megalómanos e mal estruturados impostos pelo tirano denunciado no Sexta às Nove, sabe-se lá com que interesses pessoais (mas é fácil desconfiar), as casas do Monte Barata estão de cara lavada, mas estão a precisar de ajuda para ficarem funcionais e duráveis. Precisa-se concluir o projecto de transformação das casas em unidade de turismo de natureza com foco numa gama alta, para depois avançar para outras frentes. Por isso é preciso lançar um SOS aos associados e amigos e gente de alma guerreira para deitar mãos à obra, e em pouco tempo tive a oportunidade de dormir no Monte duas vezes. Na primeira vez foi no âmbito de uma ajudada, trinchas na mão. A segunda vez foi mais para trabalhos de seguimento e arrumação, e para mostrar o Monte a associados que nunca lá tinham ido.
Da primeira partilho aqui esta foto (link para a foto no Fb da Quercus, que está a pedir likes), que retrata bem o reencontro de velhos amigos de lutas convergentes, dos tempos de fundadores e dirigentes da AGROBIO.
O Zé Amorim estava já ligado à longa história do Monte Barata, pois na década de 90 foi-me lá visitar e conhecer o projecto das primeiras ovelhas biológicas portuguesas (projecto de pecuária que depois daria origem ao PDAB do Monte Barata, que durou apenas um ano, mas foi um desafio superado). Nesses anos o Zé Amorim andava com a família toda junta e foram de viagem desde Sintra, mas na auto-estrada andava uma setter irlandesa abandonada por alguém e eles recolheram-na. No dia seguinte tinham que seguir viagem mas a cadela já ninguém a conseguiu agarrar. E ficou no Monte um bom par de anos, a Ruiva, que deixou saudades, que tanta companhia me fez e que demorou um mês, ou mesmo dois, até lhe conseguir deitar a mão. Seguia-me como uma sombra, mas nada de me deixar tocar-lhe. Um dia foi então para a família do Zé Amorim e lá esteve uns tempos, até que mudou de lar e não deve ter esquecido o Monte até ao seu fim.
Da segunda partilho esta foto (link para a publicação oficial na página oficial da Quercus), onde um dos mais jovens associados da Quercus está a regar uma das plantas transplantadas na ajudada.
É uma foto que gosto em particular, pois junta a paisagem do Monte com as azinheiras centenárias e um jovem que rega as plantas transplantadas pela velha guarda ecologista, mostrando respeito pelo passado mas também deitando a mão de forma esperançada a um futuro que será dele. E que mostra também a importância do voluntariado aberto a todos, em que uns cuidam do trabalho efectuado por outros.
Foram dois fins-de-semana de muita emoção, de recordações, de estar com pessoas que noutros tempos me iluminaram nesses dias de ecologia prática e contra todos os contratempos. De saudades, mas também de ver o futuro ainda a passar pelos meus olhos e pelas minhas mãos. É bom ver a vida a cumprir os seus ciclos num local tão especial e tão forte como o Monte Barata. A semente da regeneração da Quercus passará certamente por este centro de ecologia viva.
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