"Homenagem a Goodall e Greta
Depois de me ter dedicado a ler muito do lixo que circula sobre uma rapariga notável do nosso tempo, deparo com esta fotografia emocionante. É uma fotografia de transmissão no feminino, de transmissão de um entendimento essencial, um entendimento que vem de longe, que é profundo, que é simultaneamente intuído e reflectido, que reúne o passado mais profundo com o nosso presente abissal. Um entendimento que é belo.
Jane Goodall é geralmente apresentada como a mais notável primatologista viva. Nela, a primatologia é irmã da antropologia (sendo ela também antropóloga) e aquilo que as separa é um quase nada. Poucos saberão que Goodall nunca fez estudos formais, tendo realizado o seu doutoramento depois de muitos anos de trabalho em África, por especial autorização da Universidade de Cambridge. Sublinho este aspecto, já que ele aponta uma paixão pelo saber e pelo envolvimento com os seres estudados que está nos antípodas do carreirismo que tomou conta da Academia, da idolatria dos graus académicos e da burocratização das instituições. Setenta anos mais nova, Greta Thunberg faz greve à escola porque soube observar o mundo à sua volta, aquilo que, afinal, deveria ser o objectivo de toda a escolaridade digna desse nome. Hoje, a escola está prisioneira do sistema económico e tecnológico que nos domina e encerra na inumanidade. Também aí a greve da Greta é libertadora.
Esta fotografia dá-nos a ver duas mulheres livres. Não precisam de competir com os homens. Aliás não estão em competição com ninguém: são habitantes do planeta. Nómadas da vida. Terrestres."
Depois de me ter dedicado a ler muito do lixo que circula sobre uma rapariga notável do nosso tempo, deparo com esta fotografia emocionante. É uma fotografia de transmissão no feminino, de transmissão de um entendimento essencial, um entendimento que vem de longe, que é profundo, que é simultaneamente intuído e reflectido, que reúne o passado mais profundo com o nosso presente abissal. Um entendimento que é belo.
Jane Goodall é geralmente apresentada como a mais notável primatologista viva. Nela, a primatologia é irmã da antropologia (sendo ela também antropóloga) e aquilo que as separa é um quase nada. Poucos saberão que Goodall nunca fez estudos formais, tendo realizado o seu doutoramento depois de muitos anos de trabalho em África, por especial autorização da Universidade de Cambridge. Sublinho este aspecto, já que ele aponta uma paixão pelo saber e pelo envolvimento com os seres estudados que está nos antípodas do carreirismo que tomou conta da Academia, da idolatria dos graus académicos e da burocratização das instituições. Setenta anos mais nova, Greta Thunberg faz greve à escola porque soube observar o mundo à sua volta, aquilo que, afinal, deveria ser o objectivo de toda a escolaridade digna desse nome. Hoje, a escola está prisioneira do sistema económico e tecnológico que nos domina e encerra na inumanidade. Também aí a greve da Greta é libertadora.
Esta fotografia dá-nos a ver duas mulheres livres. Não precisam de competir com os homens. Aliás não estão em competição com ninguém: são habitantes do planeta. Nómadas da vida. Terrestres."
Out 2019 - Jorge Leandro Rosa
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