Apanhei na TV (devida vénia ao canal de TV Cine Mundo, que tem uma boa programação de filmes francófonos recentes) um filme deste actor francês, actor que já conhecia de outros filmes. Ficam aqui cenas inesquecíveis de um desses filmes em dois trailers distintos:
Comecei então a ver este filme mais recente, de 2017, sem saber quem era o realizador, só reparei que era protagonizado pela Marion Cotillard. E apanho com um filme em que a narrativa é sobre o próprio filme, e só a meio percebo isso. E no final confirmo: o realizador é o próprio actor principal. É uma comédia de crítica, em que o guião se confunde com a vida real destes dois actores, Guillaume e Marion, que são mesmo um casal desde há vários anos (não, não é desde que fizeram os papéis principais no "Amor ou Consequência", só se juntaram uns anos mais tarde, mas até ver de forma duradoura). Se gostarem tanto de ver filmes em que a história se confunde com a realidade do mundo do cinema, não percam, pois para além de um filme bem-disposto, é também romântico, reflecte sobre os problemas do passar da idade e os actores são as próprias pessoas. Fica aqui o trailer:
aqui se narram as aventuras de um portuguesito que desde tenra idade é vítima de erros vários, mas com abertura para outros textos de reflexão e de intervenção cívica
quinta-feira, abril 30, 2020
quarta-feira, abril 29, 2020
A VINGANÇA DA BURCA
Depois de terem corrido rios de tinta e/ou rios de pixeis sobre o uso da burca nos países ocidentais, por pessoas cuja tradição passa por usar a burca como quem usa uma gravata, estamos a um passo de ver nas escolas, nas ruas, nos supermercados, nos bares e até nas igrejas cristãs, mais ou menos fundamentalistas, toda a malta de cara tapada com máscaras pouco confortáveis. E por imposição do estado, através de leis que impõem regras de convivência e de distanciamento social. É o confinamento cultural!
terça-feira, abril 28, 2020
VOLTA GONÇALVES, ESTÁS PERDOADO
Neste final de mês vou tentar colocar aqui alguns textos da minha autoria, e que abordam as situações paralelas à crise provocada pela pandemia. Textos que vão desembocar no dia 1 de Maio, primeiro dia de mais um período de confinamento obrigatório ao concelho de residência.
Uma das coisas mais impressionantes do 25 de Abril foi o período das nacionalizações, ligado ao Gonçalvismo, pequeno período da história de Portugal onde a receita comunista vigente no leste europeu foi implantada em Portugal. Grandes empresas, como os bancos, seguradoras, as grandes indústrias (estaleiros navais, cimenteiras, transportes públicos) que estavam na mão de famílias capitalistas ligadas ao regime fascista foram nacionalizadas, ou seja, os lucros entravam para o orçamento de estado. Desse período também, a reforma agrária, com a tomada da posse de grandes propriedades agrícolas pelos agricultores, reunidos em cooperativas. Não vou aqui escrever uma tese sobre os resultados finais, há já bastante literatura sobre este assunto da autoria de investigadores, sociólogos e historiadores.
A sociedade voltou depois ao capitalismo e as novas gerações foram aprendendo que o mercado deve funcionar com o mínimo de intervenção do estado. E assim foi durante vários anos, passando as nacionalizações nas notícias apenas como casos de países da América do Sul em que perigosos esquerdistas chegavam ao poder, com grande destaque para a Venezuela.
Quando as nacionalizações voltaram a Portugal foi por causa da grande crise financeira provocada pela ganância de banqueiros e esquemas de corrupção e desvios de dinheiros para paraísos fiscais. Toca a nacionalizar o BPN, depois o BES. Mas desta vez não foi para os lucros irem para o orçamento do estado, foi precisamente para o contrário. Agora é o orçamento do estado que tem que financiar os lucros dos grandes empresários. E para o orçamento do estado têm que contribuir os pequenos contribuintes, empresas e consumidores através de impostos, uma vez que as grandes empresas têm as sedes em paraísos fiscais ou equivalentes. Ou pagam também os trabalhadores do estado, como por exemplo os professores, que são roubados nos seus salários e na contagem do tempo de serviço.
A cereja no topo do bolo aparece agora com a pandemia. O orçamento do estado, ainda a pagar os lucros dos bancos, nacionalizados há poucos anos, à gente da alta finança, é chamado a pagar os prejuízos de empresas que andam a pagar salários chorudos a administradores ou a distribuir dividendos a grandes capitalistas proprietários de acções. A TAP é uma dessas empresas que nos dizem que é preciso salvar. Mas não é um exclusivo português, isto acontece em todos os países, levantando ondas de indignação em países com mais cultura de cidadania.
Para ilustrar o texto, fica aqui a musiquinha do Carlos Alberto Moniz e da Maria do Amparo, na versão recente com a voz da Manuela Azevedo, e no final imagens da altura, de campanhas de dinamização cultural, e que apanhei aqui na net:
Uma das coisas mais impressionantes do 25 de Abril foi o período das nacionalizações, ligado ao Gonçalvismo, pequeno período da história de Portugal onde a receita comunista vigente no leste europeu foi implantada em Portugal. Grandes empresas, como os bancos, seguradoras, as grandes indústrias (estaleiros navais, cimenteiras, transportes públicos) que estavam na mão de famílias capitalistas ligadas ao regime fascista foram nacionalizadas, ou seja, os lucros entravam para o orçamento de estado. Desse período também, a reforma agrária, com a tomada da posse de grandes propriedades agrícolas pelos agricultores, reunidos em cooperativas. Não vou aqui escrever uma tese sobre os resultados finais, há já bastante literatura sobre este assunto da autoria de investigadores, sociólogos e historiadores.
A sociedade voltou depois ao capitalismo e as novas gerações foram aprendendo que o mercado deve funcionar com o mínimo de intervenção do estado. E assim foi durante vários anos, passando as nacionalizações nas notícias apenas como casos de países da América do Sul em que perigosos esquerdistas chegavam ao poder, com grande destaque para a Venezuela.
Quando as nacionalizações voltaram a Portugal foi por causa da grande crise financeira provocada pela ganância de banqueiros e esquemas de corrupção e desvios de dinheiros para paraísos fiscais. Toca a nacionalizar o BPN, depois o BES. Mas desta vez não foi para os lucros irem para o orçamento do estado, foi precisamente para o contrário. Agora é o orçamento do estado que tem que financiar os lucros dos grandes empresários. E para o orçamento do estado têm que contribuir os pequenos contribuintes, empresas e consumidores através de impostos, uma vez que as grandes empresas têm as sedes em paraísos fiscais ou equivalentes. Ou pagam também os trabalhadores do estado, como por exemplo os professores, que são roubados nos seus salários e na contagem do tempo de serviço.
A cereja no topo do bolo aparece agora com a pandemia. O orçamento do estado, ainda a pagar os lucros dos bancos, nacionalizados há poucos anos, à gente da alta finança, é chamado a pagar os prejuízos de empresas que andam a pagar salários chorudos a administradores ou a distribuir dividendos a grandes capitalistas proprietários de acções. A TAP é uma dessas empresas que nos dizem que é preciso salvar. Mas não é um exclusivo português, isto acontece em todos os países, levantando ondas de indignação em países com mais cultura de cidadania.
Para ilustrar o texto, fica aqui a musiquinha do Carlos Alberto Moniz e da Maria do Amparo, na versão recente com a voz da Manuela Azevedo, e no final imagens da altura, de campanhas de dinamização cultural, e que apanhei aqui na net:
segunda-feira, abril 27, 2020
GO PARITY - INVESTIR DE FORMA COOPERATIVA
Numa altura em que é má ideia ter o dinheiro a render em bancos, está disponível uma plataforma portuguesa que nos permite investir o dinheiro em projectos que podem ajudar instituições sociais ou ideias inovadoras. E que nos permite procurar apoio financeiro para ideias nossas, sem recorrer a créditos bancários. Há um limite legal para aplicar poupanças neste tipo de plataformas, não pode ser mais de 10 mil euros.
Depois de poder ser cooperante na Coopérnico (link para a página da cooperativa), investindo em centrais de produção de energia fotovoltaica e comprando a energia à cooperativa, existe esta possibilidade para quem não quer ser cooperante (membro de cooperativa), sendo cooperante com instituições sociais em investimentos de autoprodução de energia eléctrica. Basta aceder à plataforma Go Parity (link aqui), registar-se e através de processos simples passar a ser um investidor em projectos, cujas taxas de rentabilidade anual pode variar consoante os projectos disponíveis.
Depois de poder ser cooperante na Coopérnico (link para a página da cooperativa), investindo em centrais de produção de energia fotovoltaica e comprando a energia à cooperativa, existe esta possibilidade para quem não quer ser cooperante (membro de cooperativa), sendo cooperante com instituições sociais em investimentos de autoprodução de energia eléctrica. Basta aceder à plataforma Go Parity (link aqui), registar-se e através de processos simples passar a ser um investidor em projectos, cujas taxas de rentabilidade anual pode variar consoante os projectos disponíveis.
domingo, abril 26, 2020
SCONES E GELEIA
Há que tempos que andava para fazer scones. E para os comer ao lanche, quentinhos e com geleia de marmelo. Foi agora o tempo, inspirado por ter visto na TV alguém a fazer uns verdadeiros scones, mas com gengibre fresco e limão. Vai daí vim à net procurar uma receita equilibrada e descobri esta (link para o site inglês Waitrose). Aqui vai a minha adaptação, com as doses a dobrar e que deu para dois tabuleiros do forno, que cozinharam ao mesmo tempo:
480 g de farinha com fermento
4 col. de sopa de açúcar
55 g de manteiga gelada
50 ml de óleo de girassol
250 ml de leite gordo
2 limões (raspa e 2 col. de sopa do sumo)
4 col. sopa de gengibre fresco ralado
Preparar antes de tudo todos os ingredientes. Ligar o forno a 200ºC e proceder à mistura dos ingredientes numa tigela grande: misturar a farinha com o açúcar, depois juntar a manteiga e o óleo e trabalhar com as mãos até a farinha ficar quase um crumble, desfazendo bem a manteiga. Juntar também a raspa do limão e misturar, fazer um buraco no centro. Deitar o gengibre ralado e as 2 colheres de sopa de sumo de limão no leite e depois deitar o leite no buraco e ir incorporando a farinha com uma espátula ou colher de pau fina. Trabalhar muito ligeiramente a massa, deitar em cima de uma bancada e espalmar até ficar com o máximo de 2 cm de altura e depois ir cortando pedaços que se arredondam e ficam com 5-6 cm e colocam no tabuleiro forrado com papel vegetal. Por esta altura já o forno deve estar à temperatura determinada. No forno ficam apenas 18-20 minutos, ficando mais ou menos douradinhos, devendo ser rodados os tabuleiros durante o tempo de cozedura.
Comem-se quentinhos com geleia abundante e acompanhados de um cházinho.
Mas comidos frios também marcham.
480 g de farinha com fermento
4 col. de sopa de açúcar
55 g de manteiga gelada
50 ml de óleo de girassol
250 ml de leite gordo
2 limões (raspa e 2 col. de sopa do sumo)
4 col. sopa de gengibre fresco ralado
Preparar antes de tudo todos os ingredientes. Ligar o forno a 200ºC e proceder à mistura dos ingredientes numa tigela grande: misturar a farinha com o açúcar, depois juntar a manteiga e o óleo e trabalhar com as mãos até a farinha ficar quase um crumble, desfazendo bem a manteiga. Juntar também a raspa do limão e misturar, fazer um buraco no centro. Deitar o gengibre ralado e as 2 colheres de sopa de sumo de limão no leite e depois deitar o leite no buraco e ir incorporando a farinha com uma espátula ou colher de pau fina. Trabalhar muito ligeiramente a massa, deitar em cima de uma bancada e espalmar até ficar com o máximo de 2 cm de altura e depois ir cortando pedaços que se arredondam e ficam com 5-6 cm e colocam no tabuleiro forrado com papel vegetal. Por esta altura já o forno deve estar à temperatura determinada. No forno ficam apenas 18-20 minutos, ficando mais ou menos douradinhos, devendo ser rodados os tabuleiros durante o tempo de cozedura.
Comem-se quentinhos com geleia abundante e acompanhados de um cházinho.
Mas comidos frios também marcham.
sábado, abril 25, 2020
25 DE ABRIL
SEMPRE!!!!
Hoje deixo-vos um texto publicado há um par de dias com uma reflexão sobre a realidade portuguesa, quase a completarmos 50 anos de vida em verdadeira democracia. É do blogue Grazia Tanta (link para o texto no blogue).
Hoje deixo-vos um texto publicado há um par de dias com uma reflexão sobre a realidade portuguesa, quase a completarmos 50 anos de vida em verdadeira democracia. É do blogue Grazia Tanta (link para o texto no blogue).
quinta-feira, abril 23, 2020
DIA DA TERRA
Ontem foi mais um Dia da Terra. Mas pouco se falou da efeméride. O meu amigo João Santos partilhou a sua reflexão na net, tal como segue:
"Celebra-se hoje, o “Dia da Terra", mas estaremos nós despertos para a importância deste dia perante o contexto actual?
A epidemia do Corona vírus veio despertar consciências e aguçar a preocupação para as mudanças (radicais) que o homem deveria, há muito, ter encetado, privilegiando assim uma coexistência pacífica e justa com a natureza que o rodeia.
Desta epidemia podemos tirar uma lição valiosa, potenciada pela dor excruciante e pelo remorso de, até agora, nada termos feito; uma lição que lança novamente os dados do debate sobre a problemática dos erros comportamentais cometidos que advém da falta de políticas de desenvolvimento sustentado.
A desflorestação e consequente destruição de habitats estão a levar ao aparecimento de doenças que antes se viam confinadas à vida selvagem. Motivado pela alteração do clima, são várias as espécies de mosquitos transmissores de doenças infecciosas que antes se encontravam confinadas a África a aparecer no Sul de Espanha, como é o caso do Aedes albopictus, espécie transmissora do Dengue, e no Sul de Portugal o Aedes aegypti, espécie transmissora da Febre Amarela, doença víral aguda.
A mensagem de esperança e coragem “Vamos Todos Ficar Bem” que tem corrido mundo fora, traz-nos uma sensação de acalmia no meio deste mar bravo onde nos encontramos, ainda que funcione apenas como um colete de salvação falsificado.
Perante esta adversidade terrível, que no futuro nos permitamos a ganhar coragem para mudar comportamentos, olhar o que nos rodeia com outros olhos, pensar globalmente, para actuar localmente.
A sustentabilidade do planeta começa em cada um de nós"
João Santos
Ecologista e cidadão do mundo (link para as fotos publicadas no Facebook deste fantástico ser humano, que tem exposições e promove visitas guiadas onde explica os ecossistemas com imagens). E fotos do autor, para que não se confundam os Joões Santos do mundo.
"Celebra-se hoje, o “Dia da Terra", mas estaremos nós despertos para a importância deste dia perante o contexto actual?
A epidemia do Corona vírus veio despertar consciências e aguçar a preocupação para as mudanças (radicais) que o homem deveria, há muito, ter encetado, privilegiando assim uma coexistência pacífica e justa com a natureza que o rodeia.
Desta epidemia podemos tirar uma lição valiosa, potenciada pela dor excruciante e pelo remorso de, até agora, nada termos feito; uma lição que lança novamente os dados do debate sobre a problemática dos erros comportamentais cometidos que advém da falta de políticas de desenvolvimento sustentado.
A desflorestação e consequente destruição de habitats estão a levar ao aparecimento de doenças que antes se viam confinadas à vida selvagem. Motivado pela alteração do clima, são várias as espécies de mosquitos transmissores de doenças infecciosas que antes se encontravam confinadas a África a aparecer no Sul de Espanha, como é o caso do Aedes albopictus, espécie transmissora do Dengue, e no Sul de Portugal o Aedes aegypti, espécie transmissora da Febre Amarela, doença víral aguda.
A mensagem de esperança e coragem “Vamos Todos Ficar Bem” que tem corrido mundo fora, traz-nos uma sensação de acalmia no meio deste mar bravo onde nos encontramos, ainda que funcione apenas como um colete de salvação falsificado.
Perante esta adversidade terrível, que no futuro nos permitamos a ganhar coragem para mudar comportamentos, olhar o que nos rodeia com outros olhos, pensar globalmente, para actuar localmente.
A sustentabilidade do planeta começa em cada um de nós"
João Santos
Ecologista e cidadão do mundo (link para as fotos publicadas no Facebook deste fantástico ser humano, que tem exposições e promove visitas guiadas onde explica os ecossistemas com imagens). E fotos do autor, para que não se confundam os Joões Santos do mundo.
quarta-feira, abril 22, 2020
BOLO FÁCIL DE ANANÁS E CÔCO - RECEITA DO RUDOLPH
Hoje foi o dia de fazer, pela primeira vez, uma das receitas do Rudolph Van Veen que apanhei no 24 Kitchen a semana passada. Como ele nunca dá as quantidades certas, fiz uma pesquisa com o nome do bolo e apanhei esta receita do blogue Bom Garfo (link para a receita aqui).
Como eu não queria usar ananás natural, porque apenas tinha em calda na despensa, fiz as devidas alterações e resultou muito bem. Como é um bolo que não cresce e usei as quantidades originais, usei uma forma de mola de diâmetro mais pequeno. Se duplicarmos os ingredientes, o que não será demais para uma casa de família, convém usar a forma de mola maior que se tiver em casa, para não ficar muito alto e cozinhar devidamente.
Aqui fica então a minha receita, com a devida vénia ao Rudolph:
Côco ralado - 80g
Açúcar branco e amarelo - 160g
Farinha de trigo sem fermento - 55g
Leite gordo - 180ml
Manteiga - 130g
Ovos - 2
Ananás em calda - 4 rodelas (cortadas em cubinhos)
Calda da lata de ananás - 60ml
Não pincelei por cima, no final, com a compota. E não foi por falta de compota ou geleia em casa, foi por esquecimento, e depois, porque já tinha provado, achei que não fazia falta, ficou bonito assim e doce o suficiente.
É de facto fácil a sua preparação.
Colocar o leite em lume baixinho com a manteiga para derreter, e quando estiver derretida reservar (para arrefecer um pouco).
Numa malga grande misturar o côco ralado com o açúcar, depois adicionar a farinha e misturar também.
Numa malga mais pequena bater os dois ovos com um garfo e depois adicionar-lhes o leite com a manteiga derretida, mexendo bem com o garfo. Despejar este preparado para a mistura de secos da malga grande, mexendo bem. No final adicionar os 60ml (4 colheres de sopa) da calda da lata e as rodelas de ananás cortadas em pequenos cubinhos e misturar bem.
Vai ao forno a 180-190ºC na forma de mola devidamente untada e com o fundo com papel vegetal que será também untado depois. Será cerca de 25 minutos no forno. No final descolar os bordos laterais com uma faquinha e desenformar, deixando arrefecer muito bem antes de servir.
Como eu não queria usar ananás natural, porque apenas tinha em calda na despensa, fiz as devidas alterações e resultou muito bem. Como é um bolo que não cresce e usei as quantidades originais, usei uma forma de mola de diâmetro mais pequeno. Se duplicarmos os ingredientes, o que não será demais para uma casa de família, convém usar a forma de mola maior que se tiver em casa, para não ficar muito alto e cozinhar devidamente.
Aqui fica então a minha receita, com a devida vénia ao Rudolph:
Côco ralado - 80g
Açúcar branco e amarelo - 160g
Farinha de trigo sem fermento - 55g
Leite gordo - 180ml
Manteiga - 130g
Ovos - 2
Ananás em calda - 4 rodelas (cortadas em cubinhos)
Calda da lata de ananás - 60ml
Não pincelei por cima, no final, com a compota. E não foi por falta de compota ou geleia em casa, foi por esquecimento, e depois, porque já tinha provado, achei que não fazia falta, ficou bonito assim e doce o suficiente.
É de facto fácil a sua preparação.
Colocar o leite em lume baixinho com a manteiga para derreter, e quando estiver derretida reservar (para arrefecer um pouco).
Numa malga grande misturar o côco ralado com o açúcar, depois adicionar a farinha e misturar também.
Numa malga mais pequena bater os dois ovos com um garfo e depois adicionar-lhes o leite com a manteiga derretida, mexendo bem com o garfo. Despejar este preparado para a mistura de secos da malga grande, mexendo bem. No final adicionar os 60ml (4 colheres de sopa) da calda da lata e as rodelas de ananás cortadas em pequenos cubinhos e misturar bem.
Vai ao forno a 180-190ºC na forma de mola devidamente untada e com o fundo com papel vegetal que será também untado depois. Será cerca de 25 minutos no forno. No final descolar os bordos laterais com uma faquinha e desenformar, deixando arrefecer muito bem antes de servir.
segunda-feira, abril 20, 2020
SALLY POTTER - RAIVA, NA CAIXA DO CORREIO
Aproveitando a promoção Leopardo Filmes, que referi aqui no Malfadado há uns dias atrás, chegou à caixa do correio o tão aguardado (e mais um revolucionário) filme da Sally Potter, que queria tanto ver. Tal como outros DVDs, fica disponível para emprestar aos amigos, devidamente desinfectado. Fica aqui o trailer original e sem legendas em português:
quinta-feira, abril 16, 2020
AJUDAR O HORECA
Para além do cataclismo que se abateu sobre o turismo, as medidas de contenção e a declaração do estado de emergência vieram lançar o caos na vida de quem tem um pequeno negócio ou trabalha na restauração/cafetarias. Em Vagos há restaurantes que fecharam, outros adaptaram-se a negócios de take away (servir para fora). Quem ainda pode ajudar tem uma boa maneira de contribuir para a sua terra, que é precisamente recorrer aos serviços de encomendar comida. Uns restaurantes locais até se organizaram para entregar na casa das pessoas. Nas cidades já funcionavam esquemas em que as pessoas podiam escolher de vários restaurantes e uma empresa faz o transporte até casa. O recurso a restaurantes pode ser uma má opção para a saúde individual (comida muito salgada, ingredientes com pouca qualidade), mas dentro das escolhas em cada localidade cada um poderá procurar a melhor opção. E mesmo que não seja muito saudável, não se comparam uns dias de comida de restaurantes com uns dias nos cuidados intensivos carregadinho do corona.
Recebi também a divulgação de um esquema de ajuda a trabalhadores do sector HORECA, em que 10% do preço de tabela de várias bebidas que se podem encomendar e receber grátis em casa vão directamente para pessoas que podem necessitar. É um esquema algo estranho, de facto, mas para lá dos chicos-espertos que se podem aproveitar certamente poderá chegar a uns poucos que precisem. E comprando álcool bebível, sempre é melhor do que andar a pôr álcool nas mãos. Fica aqui o link, nunca se sabe se alguém vai ajudar desta forma. Eu certamente não posso, nem preciso de bebidas.
Aqui se assinala o início da nossa semana de comer em casa.
Recebi também a divulgação de um esquema de ajuda a trabalhadores do sector HORECA, em que 10% do preço de tabela de várias bebidas que se podem encomendar e receber grátis em casa vão directamente para pessoas que podem necessitar. É um esquema algo estranho, de facto, mas para lá dos chicos-espertos que se podem aproveitar certamente poderá chegar a uns poucos que precisem. E comprando álcool bebível, sempre é melhor do que andar a pôr álcool nas mãos. Fica aqui o link, nunca se sabe se alguém vai ajudar desta forma. Eu certamente não posso, nem preciso de bebidas.
Aqui se assinala o início da nossa semana de comer em casa.
segunda-feira, abril 13, 2020
BONS FILMES EM CASA
Agora que muita gente tem que passar largas horas em casa, uma das formas de entretenimento e relaxe mais populares é ver bons filmes. Quem tem box tem uma grande oferta de filmes, nem precisa de Netflix. Do canal 2, aos canais AXN, passando por outros canais exclusivamente de cinema ou canais onde de vez em quando passam filmes. Mas há também os DVDs, e quem quiser ver bons filmes, com extras e etc, pode sempre pedir para eu levar uma remessa. Já emprestei a uns vizinhos, mas posso fazer chegar mais longe, uma vez que o estado de emergência está para durar. Agora que as bibliotecas municipais estão na lista negra de locais públicos, esta pode ser uma alternativa interessante. Não é a primeira vez que divulgo aqui que tenho uma filmoteca em casa, há uns anos até coloquei on line a lista dos filmes por ordem alfabética de realizadores (link aqui para esse texto do Malfadado). Agora há mais filmes disponíveis, mas não tenho a lista actualizada. Quem não quiser estar a fazer selecção dos filmes, faço eu uma selecção adaptada à ideia que eu tenho das pessoas que pedem emprestado.
Quem gosta de bons filmes é bom que fique a saber também que uma loja online tem filmes muito bons e baratos, e ainda está a fazer 20% de desconto até ao final do estado de emergência. Envia para casa através dos CTT, tendo que se pagar os portes, claro. Basta clicar aqui para o site Leopardo Filmes.
Melhor que um bom filme, só mesmo um bom livro, lido ao ar livre e à sombra de uma árvore.
Quem gosta de bons filmes é bom que fique a saber também que uma loja online tem filmes muito bons e baratos, e ainda está a fazer 20% de desconto até ao final do estado de emergência. Envia para casa através dos CTT, tendo que se pagar os portes, claro. Basta clicar aqui para o site Leopardo Filmes.
Melhor que um bom filme, só mesmo um bom livro, lido ao ar livre e à sombra de uma árvore.
sábado, abril 11, 2020
TESTEMUNHO DE AGRICULTURA BIOLÓGICA NA ÍNDIA
Com legendas em inglês, um vídeo Greenpeace, que pode ser inspirador para quem tem um quintal onde esticar as pernas e não quer espalhar venenos.
sexta-feira, abril 10, 2020
CONFINADOS
Nada como estarmos confinados para se limpar a casa. Não podemos sair do concelho de Vagos, o que vale é que o concelho é grande e tem beira mar e tudo. A malta tem andado a cumprir as restrições e as precauções higiénicas e os resultados estão à vista: a cadeia de transmissão do vírus está circunscrita.
Agora é esperar que levantem algumas restrições e que os infectados vão aparecendo diariamente a um ritmo que os hospitais aguentem. Por mim tenho o encontro marcado para meados de Maio, com o reinício das aulas presenciais do 11º e 12º anos. Espero estar mais em forma do que agora. Não estou mal, mas temos andado a comer bem demais, no sentido negativo de comezainas, patuscadas e amêndoas da Páscoa gourmet.
Fica aqui uma foto das nossas, confinada neste computador desde Dezembro de 2019:
Agora é esperar que levantem algumas restrições e que os infectados vão aparecendo diariamente a um ritmo que os hospitais aguentem. Por mim tenho o encontro marcado para meados de Maio, com o reinício das aulas presenciais do 11º e 12º anos. Espero estar mais em forma do que agora. Não estou mal, mas temos andado a comer bem demais, no sentido negativo de comezainas, patuscadas e amêndoas da Páscoa gourmet.
Fica aqui uma foto das nossas, confinada neste computador desde Dezembro de 2019:
Eu estou a segurar o Nico, que ficou aqui por Fermentelos, e que fui visitar na semana passada aproveitando uma deslocação em trabalho.
quarta-feira, abril 08, 2020
MALFADADO FOI PESCAR
Nada se pode comparar com a arte. Arte de rua, como esta do MaisMenos e do Bordalo II, contada em fotos e que pesquei aqui na internet. Nada como ir à pesca de coisas bonitas e/ou inspiradoras...
esta pescaria foi neste lago de motivação para o activismo (link).
Uma obra em Berlim, do Bordalo II, foi escolhida para a edição recente, em livro, de uma colecção de fotografias com obras de arte de rua icónicas. A adquirir na Amazon, claro, para quem gosta de oferecer coisas interessantes à biblioteca mais próxima.
esta pescaria foi neste lago de motivação para o activismo (link).
Uma obra em Berlim, do Bordalo II, foi escolhida para a edição recente, em livro, de uma colecção de fotografias com obras de arte de rua icónicas. A adquirir na Amazon, claro, para quem gosta de oferecer coisas interessantes à biblioteca mais próxima.
terça-feira, abril 07, 2020
HOMENAGEM A JANE E A GRETA
Em tempos de resistência à febre contra a febre, há que aproveitar para colocar aqui um texto que apontei aqui no meu caderno e que guardei (link para o original no Facebook do autor) para um dia reflectir aqui no Malfadado. Faço minhas as suas palavras, que passo a copiar, por baixo da foto da Jane Goodall e da Greta Thunberg:
"Homenagem a Goodall e Greta
Depois de me ter dedicado a ler muito do lixo que circula sobre uma rapariga notável do nosso tempo, deparo com esta fotografia emocionante. É uma fotografia de transmissão no feminino, de transmissão de um entendimento essencial, um entendimento que vem de longe, que é profundo, que é simultaneamente intuído e reflectido, que reúne o passado mais profundo com o nosso presente abissal. Um entendimento que é belo.
Jane Goodall é geralmente apresentada como a mais notável primatologista viva. Nela, a primatologia é irmã da antropologia (sendo ela também antropóloga) e aquilo que as separa é um quase nada. Poucos saberão que Goodall nunca fez estudos formais, tendo realizado o seu doutoramento depois de muitos anos de trabalho em África, por especial autorização da Universidade de Cambridge. Sublinho este aspecto, já que ele aponta uma paixão pelo saber e pelo envolvimento com os seres estudados que está nos antípodas do carreirismo que tomou conta da Academia, da idolatria dos graus académicos e da burocratização das instituições. Setenta anos mais nova, Greta Thunberg faz greve à escola porque soube observar o mundo à sua volta, aquilo que, afinal, deveria ser o objectivo de toda a escolaridade digna desse nome. Hoje, a escola está prisioneira do sistema económico e tecnológico que nos domina e encerra na inumanidade. Também aí a greve da Greta é libertadora.
Esta fotografia dá-nos a ver duas mulheres livres. Não precisam de competir com os homens. Aliás não estão em competição com ninguém: são habitantes do planeta. Nómadas da vida. Terrestres."
Depois de me ter dedicado a ler muito do lixo que circula sobre uma rapariga notável do nosso tempo, deparo com esta fotografia emocionante. É uma fotografia de transmissão no feminino, de transmissão de um entendimento essencial, um entendimento que vem de longe, que é profundo, que é simultaneamente intuído e reflectido, que reúne o passado mais profundo com o nosso presente abissal. Um entendimento que é belo.
Jane Goodall é geralmente apresentada como a mais notável primatologista viva. Nela, a primatologia é irmã da antropologia (sendo ela também antropóloga) e aquilo que as separa é um quase nada. Poucos saberão que Goodall nunca fez estudos formais, tendo realizado o seu doutoramento depois de muitos anos de trabalho em África, por especial autorização da Universidade de Cambridge. Sublinho este aspecto, já que ele aponta uma paixão pelo saber e pelo envolvimento com os seres estudados que está nos antípodas do carreirismo que tomou conta da Academia, da idolatria dos graus académicos e da burocratização das instituições. Setenta anos mais nova, Greta Thunberg faz greve à escola porque soube observar o mundo à sua volta, aquilo que, afinal, deveria ser o objectivo de toda a escolaridade digna desse nome. Hoje, a escola está prisioneira do sistema económico e tecnológico que nos domina e encerra na inumanidade. Também aí a greve da Greta é libertadora.
Esta fotografia dá-nos a ver duas mulheres livres. Não precisam de competir com os homens. Aliás não estão em competição com ninguém: são habitantes do planeta. Nómadas da vida. Terrestres."
Out 2019 - Jorge Leandro Rosa
domingo, abril 05, 2020
XAROPE DE FLOR DE SABUGUEIRO - CORDIAL
Já aqui tinha no Malfadado uma referência ao refresco de flor de sabugueiro (link para texto com receita), e todos os anos vou preparando sempre que tenho tempo para colher umas poucas flores. No ano passado secámos uma flores de sabugueiro, aproveitando a lição da nossa amiga Céline, para podermos aromatizar e enriquecer uns cházinhos no Inverno. Mas acabámos por usar pouco, por falta de hábitos, o de beber chá e o de utilizar a flor na mistura de ervas e cascas de citrinos. Este ano fiz, pela primeira vez, uma maneira mais doce de conservar este aroma e substâncias promotoras da saúde, um xarope que se usa na preparação de refrescos ou cocktails, que se pode designar também por cordial de flor de sabugueiro. Não usei esta receita (link para o blogue Outras Comidas) porque é um processo moroso e utiliza ácido cítrico além do limão, nem usei esta outra (link para o blogue Tentações sobre a Mesa) que é inspirada na receita do Chef Jamie Oliver, porque não é fervida depois no final e portanto não se conserva até ao Verão, nem usei esta terceira receita (link para o blogue Da Horta para a Cozinha), que usa açúcar amarelo e também não é fervida no final. O que fiz foi ir buscar inspiração e saber próprio e preparei uma calda forte de açúcar, com sumo de 1 limão e alguma água, no final teria cerca de meio litro com ponto de fio forte, que quando estava já a passar desse ponto fui adicionando meio litro de infusão com 24 horas de refresco forte (20 flores de sabugueiro em menos de um litro de água, duas rodelas de limão e 8 pequenas clementinas cortadas ao meio), e mexendo sempre e adicionando sempre que levantava fervura juntava mais um pouco, no final quando ferveu mais uma vez, deixei ferver apenas 30 segundos, para não recozer as substâncias nem evaporar os aromas, e despejei em 2 garrafas reutilizadas (eram daquelas de calda de tomate de meio litro), enchendo até acima e depois tapando logo e deixando o líquido a esterilizar também as tampas. Ainda sobrou um pouquinho no fundo do tacho, para a prova e está mesmo aprovado. As flores foram apanhadas na Ereira, anteontem, dia de aniversário da minha sobrinha, quando ela tiver 36 anos e dois meses e entrarmos no Verão, será altura de abrir a primeira garrafa e provar. Tenho para mim que o estagiar dois meses em garrafa resultará, tal como nas compotas, com um reforço apreciável do frutado do produto final. Para já o ideal é guardar tudo no frigorífico, porque tenho medo que comece a fermentar e não quero arriscar logo meio litro. Ainda que tenha ficado algo espesso, e esterilizado, não terá a concentração de açúcar necessária para se conservar por si.
sábado, abril 04, 2020
RECEITA DO BOLO DA AVÓ PEDROSA
Nestes dias de distanciamento social já experimentámos reuniões on line que antes não imaginaríamos. Antes faziam-se km. Agora já não. No aniversário mais recente a aniversariante fez um bolo, e nas casas dos familiares faz-se a mesma receita. Não se pode é dizer qual ficou mais perto da receita original. Fica aqui a partilha da receita, é um bolo simples e a receita é também resumida:
1 - Bater manteiga + açúcar
2 - Juntar ovos e incorporar
3 - Adicionar Farinha + fermento
4 - Juntar finalmente raspa e sumo de 1 laranja
5 - Verter para forma untada e polvilhada
6 - Vai ao forno a 180 C até palito sair seco
7. No final desenformar e ainda quente pincelar/regar o bolo
150g manteiga
150g açúcar
3 ovos
150g farinha
1 colher chá fermento
Raspa e sumo de 1 laranja
1 - Bater manteiga + açúcar
2 - Juntar ovos e incorporar
3 - Adicionar Farinha + fermento
4 - Juntar finalmente raspa e sumo de 1 laranja
5 - Verter para forma untada e polvilhada
7. No final desenformar e ainda quente pincelar/regar o bolo
de sopa de açúcar.
8. Deixar arrefecer bem e comer com moderação
(esta parte da moderação… enfim…)
A verdade é que já tinha saudades de comer este bolinho simples.
sexta-feira, abril 03, 2020
NINGUÉM OUVE JORGE PAIVA
Temos em Portugal um excelente cientista e um dos nosso grandes ecologistas, que foi professor no Instituto Botânico da Universidade de Coimbra. Certamente inspirou alguns dos actuais portugueses que hoje têm hábitos de consumo conscientes e que são um grãozinho de areia naquilo que deveriam ser hábitos ecológicos de toda a gente.
Saiu ontem no Público o texto que copiei e que colo aqui, pela sua relevância. Isto é ciência, não é opinião, por isso prestem atenção:
Quando esta pandemia atingir (porque vai mesmo atingir) as populações das favelas americanas, africanas e asiáticas, não vão conseguir controlá-la. Será o caos da humanidade, tanto para pobres como para ricos, pois a morte não se compra.
2 de Abril de 2020, 12:14
Não vamos referir a relevância de todos os predadores, mas apenas de dois. Um, macroscópico e muito conhecido, o lobo, e outro, mais ou menos microscópico e absolutamente desconhecido da generalidade do público, os mixomicetes.
Como qualquer predador, o lobo sempre foi vilipendiado e inimizado pelos humanos, que o abatem indiscriminadamente, colocando-o na situação de risco de extinção. Como qualquer outro predador, os lobos são extremamente úteis para o equilíbrio da biodiversidade e dos ecossistemas naturais, que existem no Globo Terrestre, a Gaiola onde vivemos, antes do aparecimento da espécie humana, o animal mais perigoso desta Ilha do Universo.
No início do século passado, foi decidido eliminar os lobos do Parque de Yellowstone, o primeiro Parque Nacional dos Estados Unidos. Isto porque os lobos não só competiam com os caçadores desportivos que se “divertiam” a caçar veados e outros mamíferos que existiam nas áreas limítrofes do parque, como também porque, por vezes, os lobos se aproveitavam dos descuidos dos criadores do gado que pastava nas cercanias do Parque Nacional. Assim, a partir de 1930, deixaram de existir lobos no Parque de Yellowstone.
Então, a população de herbívoros, particularmente de alces, aumentou exponencialmente, de tal modo que os ecossistemas do parque sofreram uma drástica modificação, particularmente os prados das margens dos rios, que foram praticamente dizimados. Essa erosão não só diminuiu a biodiversidade desses ecossistemas marginais, como também a população de castores, sem o predador (lobo) aumentou de tal modo, que derrubou as árvores e arbustos da floresta ripícola que marginava o rio.
Com as margens dos rios desertificadas, a erosão progrediu rapidamente, com arrastamento de solos nas cheias sazonais, levando ao assoreamento dos rios, que passaram a serpentear por áreas do parque onde nunca tinham corrido, provocando, além da erosão, alterações profundas nos ecossistemas do parque.
Depois disto, os lobos foram reintroduzidos, os herbívoros deixaram de pastar nas margens dos rios por estarem a descoberto e mais facilmente visualizados pelos lobos, voltando a alimentarem-se abrigados na floresta, que estava transformada num ecossistema desequilibrado, onde até os ursos tinham já poucos frutos, porque as plantas tinham crescido demasiadamente ramificadas e, portanto, com poucos frutos. Os ecossistemas das margens e da floresta voltaram ao equilíbrio normal, os rios passaram ao leito primitivo, sem inundações nem assoreamento drástico. Enfim, o Parque Yellowstone recuperou do desastre para que caminhava.
Como a perda de biodiversidade tem impacto nos surtos de doenças infecciosas
Em Portugal, os lobos foram quase aniquilados. Eu ainda conheci lobos na serra da Estrela. Assim, os javalis proliferaram de tal modo que, em 1996, foi atropelado um próximo da entrada principal do Hospital da Universidade de Coimbra; no dia 9 de Janeiro de 2018, de madrugada, vi uma fêmea de javali descendo a rua onde moro (R. Carolina Michaëllis), em Coimbra, e no dia 18 de Agosto de 2017, alguns javalis banharam-se na praia de Galapinhos (Setúbal); além dos prejuízos que causam nos campos agrícolas. Nós, em vez de procedermos de modo idêntico ao acontecido no Yellowstone, resolvemos a questão aos tiros, permitindo a caça temporária aos javalis.
Vamos, agora aos mixomicetes, que não são animais e, como não são produtores de biomassa (não são verdes), também não são plantas. São eucariotas, portanto, não são bactérias nem vírus. Reproduzem-se por esporos, mas não são plantas, pois não são produtores de biomassa. Constituem um subfilo, os Mycetozoa, com cerca de 1000 espécies. São seres microscópicos, plasmodiais, que se deslocam como as amebas, alimentam-se de microrganismos, como bactérias (provavelmente também de vírus), leveduras e fungos. As florestas são dos ecossistemas onde são mais abundantes, quer na manta morta, quer na superfície das plantas.
Costumo mostrá-los aos jovens quando vou às escolas na minha actividade cívica ambiental. Mostro-os na casca das árvores das florestas tropicais. Nestas florestas, as árvores atingem 120 metros de altura. Chamo à atenção dos alunos que uma árvore dessas tem, na casca, milhares de mixomicetes. Quando se deita abaixo uma árvore dessas, estamos a matar também milhares de predadores de microrganismos. E quando, além disso, destruímos também o ecossistema florestal, estamos a libertar milhões de bactérias e vírus que podem provocar novas doenças, como, por exemplo aconteceu com a designada sida, que não existia quando eu era jovem e que surgiu na região florestal do Congo. Nessa altura culparam-se os símios, espalhando que o vírus (HIV) tinha passado para a nossa espécie através do contacto com símios dessa região. Poderá ter sido assim, mas o vírus estava no corpo dos símios, depois de se ter disseminado por falta dos predadores (mixomicetes), que despareceram com o derrube da floresta tropical da região. Também já houve quem culpasse animais selvagens desta epidemia que nos assola agora. Na China há um grande mercado de animais selvagens para a alimentação e misticismo. A explicação é, pois, a mesma e o único culpado é o Homo sapeins L., que parece não ter nada de sapiens.
Neste momento, há apenas 20% das florestas que existiam quando a nossa espécie surgiu neste Globo, uma Gaiola que temos vindo a sujar e na qual temos vindo a dizimar predadores de microrganismos, que podem vir a ser agentes de novas enfermidades letais e que não vamos poder controlar com tirinhos como fizemos com os javalis, pois os microrganismos não se vêem para os podermos dizimar a tiro.
De realçar que esta pandemia alastrou mais rapidamente e tem sido mais letal nas regiões do Globo mais poluídas e de maior concentração populacional (China e Norte da Itália).
Estou imensamente apreensivo, pois quando esta pandemia atingir (porque vai mesmo atingir) as populações de todas as favelas americanas, africanas e asiáticas, não vão conseguir controlá-la. Será o caos da humanidade, tanto para pobres como para ricos, pois a morte não se compra. É por isso que me incomodo com empresários e políticos mais preocupados com os problemas económico-financeiros do que com o gravíssimo e rapidíssimo alastramento do coronavírus, julgando que eles não serão atingidos. Apesar desta lição, que ainda não acabou, continuo a ouvir justificar que o aeroporto terá que ser no Montijo, por ser o local economicamente mais favorável, sem olhar, minimamente, para as consequências ambientais e para o próximo desastre que aí vem, bem pior do que este, como alertou o filósofo José Gil: “Esta terrível experiência que estamos a viver constitui apenas uma antecipação, e um aviso, do que nos espera com as alterações climáticas.”
Texto retirado da edição do jornal Público, escrito pelo extraordinário botânico e ecologista Jorge Paiva
Já agora, em tempos de estado de emergência, quem quiser transmitir esta lição do Jorge Paiva às crianças, pode comprar on line este livrinho ilustrado "Eu não fui!" (link para a loja wook). O livro faz parte do Plano Nacional de Leitura e tudo. E para quem não puder comprar pode sempre ver uma versão pobrezinha em termos de imagem, partilhada no Facebook pela Biblioteca Municipal de Vagos (link clicando aqui).
Saiu ontem no Público o texto que copiei e que colo aqui, pela sua relevância. Isto é ciência, não é opinião, por isso prestem atenção:
Pandemias e predadores – lição
de Jorge Paiva
Quando esta pandemia atingir (porque vai mesmo atingir) as populações das favelas americanas, africanas e asiáticas, não vão conseguir controlá-la. Será o caos da humanidade, tanto para pobres como para ricos, pois a morte não se compra.
2 de Abril de 2020, 12:14
Não vamos referir a relevância de todos os predadores, mas apenas de dois. Um, macroscópico e muito conhecido, o lobo, e outro, mais ou menos microscópico e absolutamente desconhecido da generalidade do público, os mixomicetes.
Como qualquer predador, o lobo sempre foi vilipendiado e inimizado pelos humanos, que o abatem indiscriminadamente, colocando-o na situação de risco de extinção. Como qualquer outro predador, os lobos são extremamente úteis para o equilíbrio da biodiversidade e dos ecossistemas naturais, que existem no Globo Terrestre, a Gaiola onde vivemos, antes do aparecimento da espécie humana, o animal mais perigoso desta Ilha do Universo.
No início do século passado, foi decidido eliminar os lobos do Parque de Yellowstone, o primeiro Parque Nacional dos Estados Unidos. Isto porque os lobos não só competiam com os caçadores desportivos que se “divertiam” a caçar veados e outros mamíferos que existiam nas áreas limítrofes do parque, como também porque, por vezes, os lobos se aproveitavam dos descuidos dos criadores do gado que pastava nas cercanias do Parque Nacional. Assim, a partir de 1930, deixaram de existir lobos no Parque de Yellowstone.
Então, a população de herbívoros, particularmente de alces, aumentou exponencialmente, de tal modo que os ecossistemas do parque sofreram uma drástica modificação, particularmente os prados das margens dos rios, que foram praticamente dizimados. Essa erosão não só diminuiu a biodiversidade desses ecossistemas marginais, como também a população de castores, sem o predador (lobo) aumentou de tal modo, que derrubou as árvores e arbustos da floresta ripícola que marginava o rio.
Com as margens dos rios desertificadas, a erosão progrediu rapidamente, com arrastamento de solos nas cheias sazonais, levando ao assoreamento dos rios, que passaram a serpentear por áreas do parque onde nunca tinham corrido, provocando, além da erosão, alterações profundas nos ecossistemas do parque.
Depois disto, os lobos foram reintroduzidos, os herbívoros deixaram de pastar nas margens dos rios por estarem a descoberto e mais facilmente visualizados pelos lobos, voltando a alimentarem-se abrigados na floresta, que estava transformada num ecossistema desequilibrado, onde até os ursos tinham já poucos frutos, porque as plantas tinham crescido demasiadamente ramificadas e, portanto, com poucos frutos. Os ecossistemas das margens e da floresta voltaram ao equilíbrio normal, os rios passaram ao leito primitivo, sem inundações nem assoreamento drástico. Enfim, o Parque Yellowstone recuperou do desastre para que caminhava.
Como a perda de biodiversidade tem impacto nos surtos de doenças infecciosas
Em Portugal, os lobos foram quase aniquilados. Eu ainda conheci lobos na serra da Estrela. Assim, os javalis proliferaram de tal modo que, em 1996, foi atropelado um próximo da entrada principal do Hospital da Universidade de Coimbra; no dia 9 de Janeiro de 2018, de madrugada, vi uma fêmea de javali descendo a rua onde moro (R. Carolina Michaëllis), em Coimbra, e no dia 18 de Agosto de 2017, alguns javalis banharam-se na praia de Galapinhos (Setúbal); além dos prejuízos que causam nos campos agrícolas. Nós, em vez de procedermos de modo idêntico ao acontecido no Yellowstone, resolvemos a questão aos tiros, permitindo a caça temporária aos javalis.
Vamos, agora aos mixomicetes, que não são animais e, como não são produtores de biomassa (não são verdes), também não são plantas. São eucariotas, portanto, não são bactérias nem vírus. Reproduzem-se por esporos, mas não são plantas, pois não são produtores de biomassa. Constituem um subfilo, os Mycetozoa, com cerca de 1000 espécies. São seres microscópicos, plasmodiais, que se deslocam como as amebas, alimentam-se de microrganismos, como bactérias (provavelmente também de vírus), leveduras e fungos. As florestas são dos ecossistemas onde são mais abundantes, quer na manta morta, quer na superfície das plantas.
Costumo mostrá-los aos jovens quando vou às escolas na minha actividade cívica ambiental. Mostro-os na casca das árvores das florestas tropicais. Nestas florestas, as árvores atingem 120 metros de altura. Chamo à atenção dos alunos que uma árvore dessas tem, na casca, milhares de mixomicetes. Quando se deita abaixo uma árvore dessas, estamos a matar também milhares de predadores de microrganismos. E quando, além disso, destruímos também o ecossistema florestal, estamos a libertar milhões de bactérias e vírus que podem provocar novas doenças, como, por exemplo aconteceu com a designada sida, que não existia quando eu era jovem e que surgiu na região florestal do Congo. Nessa altura culparam-se os símios, espalhando que o vírus (HIV) tinha passado para a nossa espécie através do contacto com símios dessa região. Poderá ter sido assim, mas o vírus estava no corpo dos símios, depois de se ter disseminado por falta dos predadores (mixomicetes), que despareceram com o derrube da floresta tropical da região. Também já houve quem culpasse animais selvagens desta epidemia que nos assola agora. Na China há um grande mercado de animais selvagens para a alimentação e misticismo. A explicação é, pois, a mesma e o único culpado é o Homo sapeins L., que parece não ter nada de sapiens.
Neste momento, há apenas 20% das florestas que existiam quando a nossa espécie surgiu neste Globo, uma Gaiola que temos vindo a sujar e na qual temos vindo a dizimar predadores de microrganismos, que podem vir a ser agentes de novas enfermidades letais e que não vamos poder controlar com tirinhos como fizemos com os javalis, pois os microrganismos não se vêem para os podermos dizimar a tiro.
De realçar que esta pandemia alastrou mais rapidamente e tem sido mais letal nas regiões do Globo mais poluídas e de maior concentração populacional (China e Norte da Itália).
Estou imensamente apreensivo, pois quando esta pandemia atingir (porque vai mesmo atingir) as populações de todas as favelas americanas, africanas e asiáticas, não vão conseguir controlá-la. Será o caos da humanidade, tanto para pobres como para ricos, pois a morte não se compra. É por isso que me incomodo com empresários e políticos mais preocupados com os problemas económico-financeiros do que com o gravíssimo e rapidíssimo alastramento do coronavírus, julgando que eles não serão atingidos. Apesar desta lição, que ainda não acabou, continuo a ouvir justificar que o aeroporto terá que ser no Montijo, por ser o local economicamente mais favorável, sem olhar, minimamente, para as consequências ambientais e para o próximo desastre que aí vem, bem pior do que este, como alertou o filósofo José Gil: “Esta terrível experiência que estamos a viver constitui apenas uma antecipação, e um aviso, do que nos espera com as alterações climáticas.”
Texto retirado da edição do jornal Público, escrito pelo extraordinário botânico e ecologista Jorge Paiva
Já agora, em tempos de estado de emergência, quem quiser transmitir esta lição do Jorge Paiva às crianças, pode comprar on line este livrinho ilustrado "Eu não fui!" (link para a loja wook). O livro faz parte do Plano Nacional de Leitura e tudo. E para quem não puder comprar pode sempre ver uma versão pobrezinha em termos de imagem, partilhada no Facebook pela Biblioteca Municipal de Vagos (link clicando aqui).
quinta-feira, abril 02, 2020
PANQUECAS DE CANELA
No meu imaginário as panquecas são aquilo que se designa por crepes: fininhas e viram-se dando-lhes a volta no ar. Mas com os novos alimentos que agora andam por aí e com as dietas vegan e paleo, aparecem muitas receitas de panquecas mais altinhas. E já experimentei algumas e até se comem bem, ou muito bem. Por estes dias não tínhamos mesmo qualquer pão para comer e pensei que se não me cruzasse com a padeirinha na rua (daquelas que andam por aí a colocar pão nas portas a gastar gasóleo…) enquanto andava a passear a Maisie, ia tentar fazer umas panquecas mais altas. E como tinha à mão umas natas cuja validade estava no limite (do aceitável, entenda-se), em vez de usar leite usei o pacote de natas e depois água da torneira. E fiz esta receita de panquecas de canela, mas depois não dei o acabamento de manteiga, açúcar e canela. Optei por usar a compota de framboesas e também ficou bastante bem. Fica aqui a receita para memória futura (link para blog Manga com Pimenta). Entre dois só sobrou uma panqueca, que se comeu depois fria e sem mais nada, na verdade também se comeu muito bem. O que é doce e com canela nunca amargou!
quarta-feira, abril 01, 2020
DIA DAS MENTIRAS
Adoro este dia. BRIGADA DE FISCALIZAÇÃO DO ESTADO DE EMERGÊNCIA!!!
Foi assim que me apresentei depois de tocar à campainha da casa de uns amigos que têm duas filhas pequenas, perto das 17 horas. Pelo intercomunicador adiantei: - Recebemos uma denúncia de que os senhores deixam as vossas filhas andar aqui na rua de bicicleta.
- Não, não, elas não andam na rua.
- Pois, mas nós recebemos essa denúncia e estamos aqui a verificar.
- Nós só saímos com elas no Domingo para dar uma volta mas depois voltámos a casa.
- Está mal, elas não podem sair de vossa casa!
- Peço desculpa, não sabia, pensava que podíamos dar um passeio.
- Sou o João Paulo, pá, hoje é o Dia das Mentiras!!! Abre lá a porta, que eu ando aqui a passear a Maisie e a Pipoca.
Se eu ainda andasse no Facebook tinha criado um evento para a zona de Coimbra e ia divulgar a toda a gente daquela zona, ia ser o máximo, toda a gente acreditaria: FESTIVAL GASTRONÓMICO DE TAKES AWAY.
Com os seus restaurantes fechados por causa do estado de emergência, um grupo de 30 empresários reuniu-se e decidiu levar a efeito o 1º FESTIVAL SOLIDÁRIO DE TAKE AWAY. Os inscritos, no máximo 300 pessoas, pagariam o preço de 9 refeições (almoços e jantares) do seu agregado familiar e teriam direito a receber em suas casas 30 almoços e jantares durante 15 dias. Era uma maneira dos proprietários terem os seus restaurantes abertos e prescindirem dos lucros a favor das pessoas se manterem em suas casas. Bebidas pagas à parte, obviamente. Pelo preço de 90 euros per capita do agregado familiar, durante 15 dias, os participantes receberiam em suas casas, de forma higiénica e com garantias de não contaminação de COVID19, as suas refeições variadas, a escolher entre os 30 restaurantes aderentes, entre os quais se contam algumas casas de referência da zona de Coimbra. Do famoso leitão da Bairrada às refeições vegetarianas, o festival proporcionaria uma escolha de mais de 50 propostas aos seus participantes. Cada participante teria que escolher, para cada refeição encomendada, o que queria receber para além do prato principal, uma sopa ou uma sobremesa. Cada menu daria então direito então a um prato com uma dose normal e um complemento à sua escolha, sopa ou sobremesa (fruta ou doce a escolher), pelo preço de 9 euros. Poderia também encomendar a bebida para acompanhar, mas isso seria pago à parte. Os restaurantes estavam já a selecionar os estafetas para fazerem as suas entregas e o Festival teria o patrocínio de uma nova marca de motociclos eléctricos, que assim lançaria os seus modelos urbanos, e tinha também já o patrocínio de um banco multinacional espanhol, de uma seguradora que cobriria os riscos da frota de distribuição e estava à espera de receber resposta do governo a um pedido de apoio, depois da Câmara Municipal se ter recusado a ajudar. O Festival começaria a ser divulgado no dia 4 de Abril e decorreria entre 9 e 24 de Abril, abarcando portanto o período da Páscoa.
Foi assim que me apresentei depois de tocar à campainha da casa de uns amigos que têm duas filhas pequenas, perto das 17 horas. Pelo intercomunicador adiantei: - Recebemos uma denúncia de que os senhores deixam as vossas filhas andar aqui na rua de bicicleta.
- Não, não, elas não andam na rua.
- Pois, mas nós recebemos essa denúncia e estamos aqui a verificar.
- Nós só saímos com elas no Domingo para dar uma volta mas depois voltámos a casa.
- Está mal, elas não podem sair de vossa casa!
- Peço desculpa, não sabia, pensava que podíamos dar um passeio.
- Sou o João Paulo, pá, hoje é o Dia das Mentiras!!! Abre lá a porta, que eu ando aqui a passear a Maisie e a Pipoca.
Se eu ainda andasse no Facebook tinha criado um evento para a zona de Coimbra e ia divulgar a toda a gente daquela zona, ia ser o máximo, toda a gente acreditaria: FESTIVAL GASTRONÓMICO DE TAKES AWAY.
Com os seus restaurantes fechados por causa do estado de emergência, um grupo de 30 empresários reuniu-se e decidiu levar a efeito o 1º FESTIVAL SOLIDÁRIO DE TAKE AWAY. Os inscritos, no máximo 300 pessoas, pagariam o preço de 9 refeições (almoços e jantares) do seu agregado familiar e teriam direito a receber em suas casas 30 almoços e jantares durante 15 dias. Era uma maneira dos proprietários terem os seus restaurantes abertos e prescindirem dos lucros a favor das pessoas se manterem em suas casas. Bebidas pagas à parte, obviamente. Pelo preço de 90 euros per capita do agregado familiar, durante 15 dias, os participantes receberiam em suas casas, de forma higiénica e com garantias de não contaminação de COVID19, as suas refeições variadas, a escolher entre os 30 restaurantes aderentes, entre os quais se contam algumas casas de referência da zona de Coimbra. Do famoso leitão da Bairrada às refeições vegetarianas, o festival proporcionaria uma escolha de mais de 50 propostas aos seus participantes. Cada participante teria que escolher, para cada refeição encomendada, o que queria receber para além do prato principal, uma sopa ou uma sobremesa. Cada menu daria então direito então a um prato com uma dose normal e um complemento à sua escolha, sopa ou sobremesa (fruta ou doce a escolher), pelo preço de 9 euros. Poderia também encomendar a bebida para acompanhar, mas isso seria pago à parte. Os restaurantes estavam já a selecionar os estafetas para fazerem as suas entregas e o Festival teria o patrocínio de uma nova marca de motociclos eléctricos, que assim lançaria os seus modelos urbanos, e tinha também já o patrocínio de um banco multinacional espanhol, de uma seguradora que cobriria os riscos da frota de distribuição e estava à espera de receber resposta do governo a um pedido de apoio, depois da Câmara Municipal se ter recusado a ajudar. O Festival começaria a ser divulgado no dia 4 de Abril e decorreria entre 9 e 24 de Abril, abarcando portanto o período da Páscoa.
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