quarta-feira, fevereiro 28, 2024

O VENTO ASSOBIANDO NAS GRUAS - DE LÍDIA JORGE A JEANNE WALTZ

 Ora bem, não sendo eu um crítico de cinema, gosto de ir aconselhando aqui um ou outro filme. Este tem um lugar especial. O livro de Lídia Jorge conta a história de parte da vida daquela que a escritora considera ser a sua personagem favorita: Milene. Foi de parte do romance que a realizadora helvético-lusa Jeanne Waltz fez um filme sobre o amor (im)possível entre pessoas de origens diferentes, de mundos diferentes, que se cruzam num Algarve de finais do Século XX.

Um bom argumento é sempre muito importante num filme, gosto muito quando o argumento é imaginado pelo próprio realizador. Mas neste caso a história foi imaginada por uma das nossas melhores romancistas, e foi muito bem adaptada pela realizadora, que já vive em Portugal há muitos anos.

Como houve uma antestreia em Aveiro, com direito a mesa redonda com a presença da realizadora, lá fui eu ver este filme português. Gostei muito desta noite cultural de ontem, a realizadora é uma pessoa simples e despretensiosa e falou um pouco sobre o seu percurso e sobre o processo de fazer o filme. Depois fomos todos jantar, pouco mais de 20 pessoas. Para a sessão apareceram muitas mais pessoas, de facto uma recepção muito boa para um filme, e ainda por cima um filme português.

Gostei muito do argumento que a realizadora imaginou, para num filme de menos de 90 minutos nos transmitir a estória de forma interessante, ritmada e com imagens de elevado nível estético. Bom som, bons movimentos de câmara, boa luz, excelente utilização dos planos e das cores, boa montagem. Um filme digno de ser visto e que merece ser destacado.

No final do filme, depois dos aplausos, a realizadora ficou também disponível para uma conversa, mas eu já não fiquei, por causa do adiantado da hora (além do filme passaram apresentações das sessões às 3ªs feiras e ainda uma curta metragem). Mas antes dela começar a falar fui lá dar-lhe os parabéns e perguntar se o som do bico das cegonhas, numa cena intensa quando o casal de enamorados se cruza e depois se vai juntar, caminhando em direcções opostas, tinha sido captado por acaso ou se tinha sido adicionado na parte da produção. A resposta foi esta, com um enorme sorriso no rosto: - Sim, foi adicionado propositadamente, adoro quando algum dos espectadores repara nestes pormenores.

Fica aqui o respectivo trailer, para quem ainda não o apanhou:

Falta ainda uma referência às pessoas. Referência 1 - Bom trabalho dos actores, todos a um bom nível, e ainda temos direito a boas músicas, com o próprio Dino d'Santiago a cantar. Referência 2 - Pensava que ia sozinho ao cinema, mas felizmente tive a companhia do Paulo Almeida, que me viu na plateia e me fez companhia

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