sexta-feira, janeiro 07, 2022

CINEMA NA SEMANA DE FICAR EM CASA

 Além do certificado, alguma mente mal iluminada deste país achou que para se ir ao cinema era necessário apresentar um teste negativo à COVID nestes dias em que a variante Ómicron fez aumentar o número de casos detectados. E lá fui eu fazer mais um bocado de lixo, com plásticos e cartão de embalagens, para estar no cinema sem ninguém à volta, em salas quase vazias. Enfim, o mundo tem as prioridades trocadas, por força das crenças no capital.

Fica então o registo de dois filmes, com os respectivos trailers. Duas obras de arte bem diferentes, um filme americano em que a estrela é o filho do Philip Seymour Hoffman (inesquecível actor americano que morreu por uso de drogas em 2014) e uma jovem actriz que o realizador lançou no cinema depois de a conhecer ao realizar alguns videos de músicas do grupo em que ela toca e canta com as duas irmãs (Haim). Vale bem a pena o filme, pela história de amor quase impossível entre um adolescente e uma rapariga 10 anos mais velha, de família tradicionalista judaica. Mas vale também pela beleza das imagens, os contra-luz, o colorido da luz do dia, as sombras da noite, a forma como a história nos é contada. E vale pelas interpretações, sem serem perfeitas mas conseguindo bem transportar-nos para os anos 70 e para a pele dos personagens. No filme e na realidade, a actriz principal é mais velha dez anos do que o actor principal. Tem duas irmãs e é de família judaica, como no filme. É o que dá ter um realizador que fez também o argumento, que assim agarra em toda a família da actriz para fazerem o papel de família da protagonista. Aplauso para o realizador, Paul Thomas Anderson, que faz belos filmes de época, e já receberam alguns Oscar por isso.Falta ainda o Oscar para melhor realizador, mas com 50 anos ainda tem tempo para isso. Fica o trailer, em versão mal legendada...



O outro filme é com um guião do próprio realizador francês, François Ozon, mas baseado num livro biográfico de uma escritora, onde ela narra como foram os últimos dias familiares de vida do pai. De facto, a escritora já tinha escrito guiões para o François Ozon, e por já a conhecer, depois da morte desta com um cancro de pulmão aos sessenta e poucos anos (em 2017), agarrou no livro dela e construiu uma história com imagens realistas, bem contada e comovente. Para além da Sophie Marceau, no papel da escritora, é uma oportunidade de voltar a admirar a Charlotte Rampling, que faz de mãe dela, uma escultora idosa que já não consegue fazer as suas obras.

Sem comentários: