sábado, janeiro 08, 2022

1504 - ESTEVE BEM, O BLOCO

Não havia necessidade de convocar eleições. Passo a comentar.

Mais uma vez, o Bloco de Esquerda é acusado de tombar um governo do partido socialista. Na primeira ocasião, 2011, o governo cai na Assembleia da República por chumbo do Plano de Estabilidade e Crescimento, juntando esquerda e direita na votação, depois do Bloco de Esquerda ter anunciado uma Moção de Censura ao governo (mas que não foi aprovada pela direita). Sai o PS e entra o PSD e CDS. Mas se na altura os socialistas culparam o BE pelo sucedido (e os eleitores castigaram depois na altura de votar), uns anos depois, com o caso Sócrates a ser conhecido, é certo que o Bloco de Esquerda esteve bem na altura. As negociatas eram mais que muitas e o governo Sócrates não conseguiu deixar de pagar às clientelas, afundando Portugal em dívidas.

Em 2021, o governo socialista tem pela frente milhões de euros, juntando o PRR (Plano de Recuperação e Resiliência) e os fundos estruturais da Europa. As clientelas agigantam-se. Mas o PS tem que governar com apoio dos partidos à sua esquerda, o que decerto travará alguns negócios. As coisas vão bem em termos de sondagens e aparece o sonho nalgumas cabeças socialistas (muitas delas saudosas dos tempos de Sócrates com maioria absoluta) de tentar uma maioria absoluta. Mas para isso, há que forçar os antigos parceiros parlamentares a chumbarem um orçamento, dando a entender que é um orçamento de esquerda, mas depois não se fazem concessões aos parceiros, obrigando-os a ser coerentes, chumbando o orçamento. Basta depois inventar e dizer que o governo cedeu onde podia, e que a culpa das eleições é dos partidos à esquerda, para ver se os eleitores castigam esses partidos, aliás único terreno onde o PS consegue ir buscar eleitores. Esteve bem o Bloco, desta vez acompanhado pelo PC.

Vamos lá ver se os eleitores não se deixam enganar outra vez com as falinhas mansas de um Costa, que vai buscar inspiração ao Sócrates, empurrado por um punhado de homens de negócios saudosistas.


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