Nestas eleições para escolher os deputados distritais que nos vão representar, no próximo 30 de Janeiro, só tenho uma dúvida, que é se vou pedir para votar antecipadamente. Enquanto o sistema eleitoral continuar o mesmo, as eleições por distritos vão continuar a garantir o desequilíbrio entre o litoral e o interior, onde no interior apenas os grandes partidos conseguem eleger deputados. No interior e nos círculos eleitorais do estrangeiro. Os do sistema garantem logo uma boa dúzia de deputados cada um. Quem vive em distritos do interior com pouca população e não vota nos grandes do sistema, ajuda apenas às contabilidades. Às contabilidades do número de votos a nível nacional, para saber quem ganha os lugares do pódio, mas também às contabilidades dos euros que entram nos cofres dos partidos. De forma simplista é mesmo assim, os eleitores do interior contam como um apoio importante para os cofres dos partidos mais pequenos, mas a maior parte dessa malta não tem noção disso quando tem que escolher em que partido vai votar.
É por isso que nas eleições para os deputados o valor (não é o valor em euros definido pela lei de financiamento dos partidos) de cada voto é diferente para pessoas que vivem em lugares diferentes. Um voto nos partidos pequenos que já têm uma base de apoio importante pode de facto eleger deputados em todos os distritos do litoral. E para os pequenos partidos, que são muitos e alguns dos quais nem sequer conseguem apresentar listas em todos os distritos, a esperança em eleger deputados resume-se aos distritos mais povoados do litoral. Como aconteceu há dois anos atrás, com o Livre, o PAN, a Iniciativa Liberal e o Chega. Certo é que apenas os partidos que elegem deputados recebem depois a anuidade prevista na lei de financiamento partidário. Segundo os jornais (link aqui) Lisboa elege 48, o Porto elege 40, Castelo Branco 4, Beja, Évora e Guarda elegem 3 e Portalegre apenas 2, para referir apenas os extremos. O método de Hondt faz com que apenas os grandes partidos consigam eleger deputados nestes distritos do interior, que são aliás onde os grandes partidos do sistema acabam por ter as votações mais expressivas. É preciso ter uma boa consciência sobre as diferentes valências de um voto para os eleitores do interior que não votam PS ou PSD se darem ao trabalho de ir votar, sabendo de antemão que nunca vão conseguir eleger um representante da sua confiança. Com excepções nos distritos do interior sul e ex-comunista, onde a geração mais velha mantém a fidelidade às suas convicções, e assim não ficam os 3 deputados apenas para PS e PSD. As listas dos deputados eleitos por distrito estão aqui neste artigo da comunicação social (link).
No meu distrito o Bloco conseguiu eleger dois deputados, de forma tangencial o segundo deputado. Ambos fizeram um bom trabalho nestes dois anos, merecem que a população os volte a escolher. Se a votação diminuir, certamente o PS ou PSD absorverão esse, ou esses deputados.
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