sexta-feira, abril 03, 2015

INSTINTO CANINO - O FILME QUE NÃO FIZ

Hoje fomos dar um passeio em família a ver o Tejo Internacional. Um dia excelente para uma longa caminhada de cerca de 11 Km, 22 na ida e volta.
E como na família existe também uma cachorrinha de trazer por casa, lá pensámos que era bom ir também, mas que por outro lado era capaz de ser um esforço grande demais, para uma cadelinha que não está habituada a grandes caminhadas. E por isso levámos um saco de pano, para a colocar e transportar de vez em quando. E já com alguns Km nas patinhas delicadas, lá foi para o saco, com a cabecinha de fora a apreciar o passeio. E de repente, a seguir a uma curva, as da frente param e fazem sinal para os de trás se aproximarem. Lá mais à frente um veado que segue pelo caminho. Não consegue fugir para os lados porque o caminho é ladeado por vedações de 2 metros de altura. E afasta-se caminho fora, até que desaparece numa curva. O grupo fica todo animado com o avistamento e avança. Qual não é o nosso espanto quando o veado aparece outra vez na curva, a correr e a bater contra as vedações. Muito assustado com a nossa presença, ainda mais perto, volta a fazer a curva e a desaparecer de vista.
Continuamos a avançar sem saber porque é que o veado não foge de vez. Olho para o saco de pano e para a cadelinha, a Chanel. Estava com as orelhas espetadas, com vontade de sair do saco e lá pousei o saco no chão e deixo-a no caminho de terra batida. Acto contínuo desata a correr e nem olha para trás. Vai até à curva, ladra e olha para trás, nós a avançarmos pelo caminho. Vai lá à frente e volta para trás, mas já nós chegámos à curva e vemos que pouco mais à frente há um portão, e que é por isso que o veado não consegue fugir. A Chanel vai a correr direitinha ao veado e ladra e o veado salta e por pouco não pisa a nossa fera. O veado tenta saltar 3 vezes, mas bate violentamente contra a vedação, torce o pescoço que até dói de ver, e cai no chão. Levanta-se e corre na nossa direcção, mas estamos ali especados e espantados com a situação. Uma cadelinha minúscula a atirar-se a um bicho daquele tamanho, e o bicho sempre a tentar sair. Avanço e encosto-me à vedação e digo ao grupo para ir para trás e encostar-se também, mas nesse instante em que estamos a olhar para trás o veado consegue finalmente passar a vedação, e lá vai encosta abaixo. A cadelinha olha para nós, mete-se por entre a malha da vedação e lá vai ela a correr, encosta abaixo, em perseguição do veado. Se me contassem não acreditava... uma cadelinha medrosa, pequenina, frágil, de repente parecia um lobo! Uma cena incrível e não a filmei, não me passou pela cabeça agarrar na máquina fotográfica e registar em video. Se o tivesse feito, hoje já teria de certeza milhares de visualizações no youtube... fica aqui a descrição, que se chegar a 50 leituras já é muito bom. Porque é daquelas cenas que contadas não se consegue acreditar...

Aqui está a foto da "fera" corajosa e destemida:

E como não fiz um dos filmes que ficaria para a história, já estávamos de regresso quando me lembrei de fazer uma selfie onde nunca ninguém fez: ali mesmo no alto que domina a paisagem da foz do Aravil. Voltei atrás e zás, eis o resultado, a minha primeira selfie no Tejo Internacional: