quinta-feira, abril 02, 2015

EU E A JUSTIÇA

Dou-me bem com a justiça. Dizem que é cega quando actua, não olha quem é quem, apenas avalia o que está bem e o que está mal e pronuncia-se segundo as leis que existem, e que regulam a nossa vida em sociedade.
Dou-me mal com uma justiça atrasada, demorada, que é cega não em relação a quem é quem, mas em relação ao que devem ser decisões justas. Juízes incompetentes há muitos, gente incompetente há em todos os sectores. Corruptos também, a corrupção existe no sistema vigente e afecta principalmente os sectores onde existe gente com poder. E os juízes têm muito poder... Mas a incompetência é uma porta aberta a um tipo de corrupção que me irrita e que me traz amargurado. A corrupção não da troca de favores por dinheiro, mas da troca de simpatias e da defesa de preconceitos em nome de simpatias, o chamado tráfico de influências. Ou apenas muita incompetência, tanta incompetência que é paga a preço de competência com o nosso dinheiro, só porque gente vinda não se sabe bem de onde, mas de famílias importantes muitas vezes, tira um curso para se tornar gente com muito poder. E nunca ninguém faz o controlo da sua incompetência, que eu saiba todos pagamos mas apenas magistrados podem fiscalizar o trabalho de magistrados... e fica aberta a porta ao tráfico de influências!
Vem este texto a propósito de uma decisão mas não é do meu processo, que está em banho-maria há longos meses esperando uma decisão de uma juíza do tribunal Administrativo cujos preconceitos a cegaram, em favor do Estado que todos os meses lhe paga o salário... e que salário!!!
O texto vem a propósito da questão do PCI, que já aqui foi referido no malfadado blogue. O problema de uma obra que foi planeada para enriquecer uns poucos, uma parceria público-privada, pois claro. O problema de uma obra que foi denunciada pela Quercus pelas ilegalidades e por falta de um planeamento sério e destruição da agricultura. O problema de uma obra que foi avançando apesar dos protestos e queixas apresentados aos mais variados níveis. O problema de uma obra que foi embargada por uma Providência Cautelar mas que mesmo assim foi avançando no terreno sem nenhuma entidade a obrigar a parar. E vem agora a decisão do tribunal, dizendo que a Providência Cautelar não é aceite e que portanto as obras podem avançar, mas não se pronuncia nem muito menos multa os que promoveram as ilegalidades de violarem a Providência Cautelar. Já nem quero aqui falar do favor prestado aos senhores poderosos da PPP, justificando o injustificável, colocando uma falsa criação de empregos à frente das leis que existem neste País. Para mim é inaceitável deixarem uma obra decorrer de forma ilegal com conhecimento do governo, dos tribunais, do ministério Público e agora o Tribunal vir dizer que está tudo bem, a obra pode avançar, os promotores andaram a fazer uma ilegalidade mais do que gritante e comprovada, mas não faz mal. E com tanta desta incompetência e favorecimentos a acontecerem debaixo dos nossos narizes, ainda tenho que ver e ouvir jornalistas a fazerem reportagens de denúncia do que acontece na Venezuela, ou na União Soviética ou na Turquia, como se fossem casos dramáticos que não se passam aqui, que somos todos civilizados e pessoas sérias. E muitas haverá, sérias, até nesta Justiça que deveria ser cega, mas que olha a quem tem poder e pede favores... ou é simplesmente muito incompetente!

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