segunda-feira, dezembro 17, 2012

HORTAS SOCIAIS, SIM! E POMARES?

Aqui fica o texto que enviei como trabalho referente ao módulo 6 do Curso de ecologia Florestal, que está prestes a terminar:
"Os espaços verdes urbanos, ou perto dos centros urbanos, têm já uma longa história de ligação às populações urbanas. Mais numas culturas do que noutras, existe sempre uma forte ligação afetiva das pessoas aos jardins e matas disponibilizados para os momentos de lazer. Daí que seja muito importante a necessidade de proteger e realizar trabalhos de manutenção nas áreas existentes, bem como prever a criação de outras zonas verdes em locais onde faça sentido, dentro daquilo que se chama o ordenamento do território.
Em relação aos espécimes de interesse público, árvores cuja existência estará ligada à cultura ou cujo desenvolvimento da parte aérea se torna algo de notável, é preciso também haver um cuidado especial, nomeadamente na sua manutenção, pois para além da sua importância como árvore, que é reconhecida por toda a gente, pode ainda servir de atração turística ou de elemento fundamental na educação ambiental.
Com o crescer da consciencialização ecológica houve uma mudança na perspectiva de como se devem fazer as zonas verdes. A escolha das espécies a utilizar, bem como a gestão da água para rega, tornaram-se factores determinantes. Mesmo nas zonas verdes existentes, algumas vezes se tem em consideração a substituição de plantas, tendo em conta estes factores. Noutros casos, mantendo-se o espaço verde, fazem-se grandes obras segundo projetos de arquitetura paisagista, em que se faz um novo desenho das zonas de lazer, tornando os jardins em espaços mais atrativos e com espécies melhor adaptadas.
Em Portugal já existem até jardins cujos canteiros são feitos com espécies cultivares (link para Parque da Cidade de Castelo Branco), como que uma horta em que os produtos hortícolas, dispostos de forma estudada, substituem as plantas decorativas, tornando-se em decoração e cumprindo a função de produção de alimentos (link para fotos do mesmo Parque). É um exemplo em como a água utilizada na rega do espaço de lazer acaba por ser melhor rentabilizada. É diferente do conceito de horta social, mas as hortas sociais podem também ser vistas como novas zonas verdes.
Hortas sociais ou hortas urbanas são terrenos que as autarquias, ou outras entidades, disponibilizam a quem se comprometa a fazer a sua utilização para a produção de alimentos para auto-consumo. São zonas verdes do espaço urbano, outras vezes terrenos descampados devolutos, que passam a ter uma organização do espaço e que se tornam em espaços verdes com utilização diária por parte das pessoas que ali produzem parte da sua alimentação, ao mesmo tempo que praticam atividade física e desenvolvem o gosto pela proteção do ambiente. São espaços em que se ensinam os métodos da agricultura biológica e ajudam na sensibilização para os problemas ambientais, onde se incluem os cuidados a ter na conservação dos espaços verdes.
Em termos de conceito novo, e tendo em conta a importância das árvores no contexto urbano, e na mesma linha de pensamento das hortas urbanas, era bom haver entidades que promovessem o Pomar Social, uma ideia nada revolucionária, apenas uma adaptação do que já se faz com as hortas. Poder-se-ia até pensar em que uma entidade proprietária de um terreno devoluto fizesse uma zona verde de raiz, com a utilização de plantas produtoras de frutos (árvores e arbustos) e depois cada árvore e/ou arbustos seriam entregues aos cuidados de quem se candidatasse, que passaria a ser quem depois aproveitaria a fruta produzida, complementando a sua alimentação. E sendo uma zona verde teria corredores abertos a toda a população, que assim desfrutaria de mais um espaço para percorrer em passeios ou caminhadas. E quem sabe colher um ou outro fruto que pendesse para estes corredores.
Nesta época de crise orçamental é de esperar que certas práticas de manutenção das árvores urbanas sejam revistas, no sentido de poupança de verbas. Mas sabemos também que em muitos casos a crise orçamental levará a extremos, como sejam o abandono de cuidados tidos até agora com zonas verdes ou árvores classificadas. Nesse sentido é muito importante os cidadãos poderem intervir junto dos poderes públicos chamando a sua atenção para a necessidade de manter os cuidados com as árvores, ainda que seja necessária a reformulação de serviços, pois as zonas verdes acabam por prestar um serviço ambiental e social cuja contabilização económica será sempre muito superior aos investimentos feitos."

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