Uma fotografia vale mais do que mil palavras, mas como nao tirei fotografias, aqui vao as mil palavras, e ainda assim sera pouco para contar como foi.
Introduçao:
Sem ter sido dos participantes dos festivais iniciais, pode dizer-se que sou um veterano do Andanças, ja ha muitos anos que participo e desde sempre adoro aquele ambiente que se vive numa semana de Agosto, ali em Carvalhais, concelho de S. Pedro do Sul. Porque também gosto de dançar e mesmo sem ser muito dotado sempre aprendo alguma coisa nova e, principalmente, divirto-me bastante.
Como adepto incondicional dos pic-nics, nunca experimentei a comida confeccionada no festival, apesar de vendida a um preço muito convidativo. Mas no ano passado, ao cruzar-me com a Susana, outra veterana, ela lançou a ideia de que eu estaria mesmo bem era na cozinha, de voluntario, para fazer uns bons pratinhos vegetarianos. Vai dai pos-me em contacto com o Jorge, da organizaçao, mas depois da troca de alguns emilios ele acabou por dizer que nao tinha conseguido estabelecer a ponte necessaria (uma ponte em forma de cunha, claro esta) e assim, inscrevi-me no voluntariado geral, pondo como preferencia trabalhar na cantina, que sempre estaria mais perto da cozinha!
A chegada
No Domingo, dia marcado para a recepçao aos visitantes, la fui eu com o carro da minha sobrinha Sofia, que esta na Croacia e este ano falhou o Andanças, carregado com tendas (tinha dito aos amigos para aparecerem que eu emprestava as tendas - so o Naré é que aproveitou esta oferta, foi la passar 3 dias com a Natalia), comida para os pic-nics, pouca roupa porque é Verao, saco-cama e mantinhas porque as noites arrefecem na serra e a novidade deste ano, uma ventoinha de ligar ao isqueiro do carro, da loja dos chineses, e as duas baterias portateis, que essas ja as conhecia bem dos passeios com a Sao. A ideia resultou em pleno, pois instalei a pequena ventoinha dentro da tenda, e dormi umas sestas revigorantes, quando àquela hora nunca se consegue dormir dentro das tendas por causa do calor. Mas eu conseguia e sem moscas, sem nada para chatear.
Cheguei bem a horas, e como estava calor deixei a instalaçao para o final da tarde. La fui para o salao da cantina, onde se iria realizar a reuniao geral dos voluntarios, para fazer a chamada e se organizarem as equipas e os turnos. Os voluntarios do Andanças trabalham cerca de 4 horas por dia, e t^em direito a uma refeiçao na cantina e a participar em todas as catividades do Festival. E sao cerca de 400, repartidos pelas diferentes tarefas. Na cantina eram 80 voluntarios, e os nomes la iam sendo chamados, e iam saindo para fora, para debaixo de uma tenda enorme onde a malta vai comer, para depois a responsavel ir la ter e organizar tudo. La vou eu também, na minha vez, e enquanto esperavamos vou falando com a malta ali ao pé de mim, conhecendo logo novas pessoas, e até uma espanhola que vinha de voluntaria, a Lua, que estava com um grupo de amigos que nao eram voluntarios. Entretanto chega a responsavel e passa a palavra a um senhor encarregado da cozinha e cantina, que explicou os conceitos basicos de higiene e que teriamos que cumprir com a legislaçao aplicavel, até porque estariamos sujeitos a uma inspecçao da ASAE.
Depois, anunciou que iria falar outra pessoa, antes de passar à organizaçao das equipas, que era a cozinheira da comida vegetariana. E diz ela que vai precisar de voluntarios para a ajudarem na cozinha e pergunta se esta ali alguém interessado, ela ja tem dois voluntarios, mas precisa de mais dois. Alguns braços se levantam, e ela restringe: tem que ser alguém com experiencia de cozinha para muita gente. Alguns braços voltam a baixar, mas ficam alguns e ela começa a perguntar aos que estao mais perto, se t^em experiencia. Aceita um voluntario, mas hesita noutro e fica ali a hesitar e nao me ve la ao fundo. Mas também nao sou de gritar a dizer: eu, eu, eu! Ela continua na hesitaçao, quando atras dela uma voz ergue-se e aponta para mim: - Aquele bacano tem experiencia, cozinha bem!
Ela olha finalmente para mim, pergunta-me se tenho experiencia, digo que sim, alguma, e pronto, aceita logo sem mais hesitaçoes. Fiquei todo contente, mas fiquei a pensar quem seria o "bacano" que tinha dito que eu cozinhava bem. La fomos os 5 para a cozinha, a Sara, grande cozinheira entre outros oficios, eu, um brasileiro, uma francesa e um portugues filho de alemaes, muito alto. Introduçao ao que iriamos fazer, combinar os turnos e ja esta, ficamos logo livres, começava na 2a de manha. Aproveitei e fui ate à tenda onde estavam reunidos os voluntarios da cantina e fui ter com o gajo que me tinha feito publicidade, para perguntar de onde ele me conhecia, ao que ele responde: - De lado nenhum, mas ela estava a hesitar e eu via-te ao fundo com o braço sempre levantado e resolvi dizer aquilo.
Que sorte a minha, um gajo a meter uma cunha para mim, sem me conhecer!
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