domingo, outubro 20, 2024

HÁ DIAS ASSIM, IMPREVISÍVEIS. TORNAR ÚTEIS OS INÚTEIS DIAS.

 Fim-de-semana. Sem programa muito rígido, que para horários apertados são mais que suficientes os dias úteis. E para inutilidades basta fazer planos em cima do joelho.



Ontem saímos de casa depois do pequeno-almoço, passagem pela horta, ainda com muita chuva a ver-se nas verduras. Direcção a Coimbra, estava lá a decorrer o Festival MATE, e havia bilhete muito económico para quem só lá ia um dia. O programa prometia uma boa tardada cultural, com música, instrumentos musicais e actividades variadas. O regresso à base estava previsto para relativamente cedo, para participar no Festival das Sopas, praticamente ao lado da Casinha Gandaresa.

A passagem obrigatória por Cantanhede obriga sempre a pensar estar um pouquinho com os mais novinhos da família, e lá conseguimos coincidir em Cadima. Havia almoço para todos e acabámos por ali ficar um pouco mais, atrasando a ida para Coimbra.

Entrámos no carro, deitámos conta às horas inutilmente livres e mudámos de planos. Dia muito cinzento, vamos lá explorar caminhos menos usados. Praia ali mais perto, a da Tocha. Siga!


Deixar o carro à entrada e depois caminhar. Na zona habitacional e depois à beira do mar. Ali mesmo na linha da frente das casas, já do lado do mar, havia um pequeno auditório com a porta aberta. Fomos espreitar o que havia em exposição, mas mais do que isso havia uma pequena conversa. Estava mesmo a começar. Adentrámo-nos por entre cadeiras e lá nos sentámos. Construção de instrumentos musicais, memórias e saberes históricos, a música e os instrumentos. De corda. Até chegar ao acordeão, a sanfona do Brasil, já no século XX.


Ali estivemos a aprender pelas mãos hábeis de um construtor não só de instrumentos como de histórias  bem musicadas. Mais parecia estarmos no MATE, mas num ambiente menos massificado, mais perto e mais económico.


Depois fomos descobrir a nova estrada/ciclovia de ligação à Praia de Mira, já apontados para as panelas da sopa. Mas antes de lá chegar ainda tivemos tempo de fazer as despedidas do Verão, deslizando nuns crepes com gelado artesanal, na nossa praia mais usada e visitada. E para o jantar não ser só sopas, assim já íamos de estômago forrado.




Carapelhos recebia a 5ª edição do Festival de Sopas organizado pelo Grupo Folclórico das Varandinhas de S. Bento (Corticeiro de Baixo). Chegámos mesmo a horas de apanhar a abertura. 16 sopas na mostra. Objectivo: decidir qual a melhor, eliminando à partida todas as que eram elaboradas com carnes, quentes ou frias. Dessas sopas degeneradas fugimos, para conseguir provar as outras. 

Sopas vegetarianas havia muito poucas, mas foi por aí que começámos. A melhor era a sopa de nabiças, da Confraria do Grelo (levou um voto - sopa nº1), mas havia ali um creme de legumes que também estava perfeito (esta acabou por levar também um voto - sopa nº 6).


Depois passámos às sopas de peixe, meia-dúzia. Todas muito diferentes, para todos os gostos. Não havia a melhor sopa de peixe, foi preciso misturar a nº 11 com a nº 12  para obter uma bela sopa de peixe, e consistência, sabor, aromas, texturas e mistura equilibrada de condimentos.

A maioria das sopas era cozinhada com carne, até o pobre caldo verde disponível era mais uma sopa de chouriço. A sopa de ervilhas tinha pedacinhos de bacon fumado a mais. E também não provámos as sopas de legumes em que víamos carnes misturadas. E depois as famosas sopas à lavrador e da pedra, seriam umas 4, todas diferentes mas todas iguais para nós, que como é costume nos passam ao lado nestes festivais que eu tanto aprecio.

Não sei como, mas ainda apeteceu comer uma das muitas sobremesas disponíveis, à escolha por apenas 1 euro. Todas caseirinhas e boas, para todos os gostos. E ainda comprámos pão que sobrou, caseiro em forno de lenha. Ficámos até ao fim, com direito a reportagem fotográfica.

Regresso a casa, para descanso nocturno, na noite tão inútil como os dias, mas que servirá sempre para repor as energias no seu lugar de reserva. Perdemos o Festival MATE, de facto, mas ganhámos a sorte grande de ter o inútil tempo a nosso favor, longe do stress e perto das nuvens.










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