segunda-feira, setembro 30, 2024

A FESTA DOS VELHOS AMIGOS - AVANTE 2024


O balanço do mês de Setembro teria que acabar em grande. A Festa do Avante não é novidade para nós. Os meus saudosos tios Zé e Maria Luísa todos os anos nos ofereciam uma EP (Entrada Permanente), ainda que tenhamos aproveitado muito pouco essas ofertas militantes e de coração vermelho.

Precisávamos de comprar as EPs, pois da última vez fomos à bilheteira para comprar o bilhete do dia e acabava por ser mais caro do que a compra antecipada para os 3 dias da Festa. Como através da net se pagavam taxas à empresa de comercialização, optámos por tentar a compra directa, nos Centros de Trabalho do PCP. Não foi fácil pelo telefone que encontrámos na net, do Centro de Aveiro. Hora de chatear velhos amigos...

Através do Vladimiro Vale, que depois na Festa encontrei envolvido nas actividades do seu stand distrital de Coimbra, lá me chegou o contacto das camaradas de Aveiro que nos desenrascaram. Comprámos as EPs e a revista da Festa, com tudo sobre a programação geral, mas também dos diferentes pavilhões, distritais, internacionais, tasquinhas e restaurantes e bares. A revista é indispensável para quem se quer organizar devidamente, e traz um poster, conforme se pode ver aqui nesta primeira foto:



O alojamento para os 3 dias da Festa foi na zona da Caparica, em casa da sobrinha muito nossa amiga. A Carolina estava de férias e até deu jeito estarmos ali naqueles dias, sempre tratámos dos 2 gatões residentes. Certo é que para os gatos foi uma animação terem pessoas, cheiros e hábitos diferentes a entrarem no seu território. De certeza que tão cedo não se vão esquecer do cheiro a Festa, que levávamos connosco. Aqui estão eles, na casa dos jogos de tabuleiro.




Porque é que a Festa do Avante é para mim a festa dos velhos amigos? A resposta está nas fotos que se seguem:

1 - Sofia Seca - Não sabia que era das que tentam nunca faltar. Mas lá estava ela. Deu para dois dedos de conversa e matar as saudades de já quase meia dúzia de anos sem nos cruzarmos. Mãe de 4 filhos, sim 4, e ali estava ela, animada e a dar o exemplo.




2 - Joyce e Carlos Gomes - Estes era capaz de esperar encontrar, mas não com os netos. E a viverem a Festa com acampamento e tudo, uma festa também para os miúdos de certeza.



3 - José Carlos - Este sim, já tínhamos estado com ele da última vez que tínhamos ido à Festa. Com ele e com o filho. Não falha uma, nem a que se organizou em plenas restrições da febre da pandemia. Nós já lá não íamos antes dessa, e nestes anos nunca ele nos perguntou se lá estávamos. Mas este ano, ao entrarmos no recinto, toca o telemóvel e... era ele, tinha-se lembrado de perguntar se este ano íamos à Festa. "- Estamos aqui, pá!".
Lá estava ele, no acampamento das noites menos bem dormidas, voluntário no pavilhão do Algarve e sempre a fazer-nos companhia. O filho só chegou no último dia, mas marcou presença e ajudou à festa.


4 - Panchita - Não tirámos foto. É das que também iam com os tios Maria Luísa e Zé, sobrinha do lado de lá. Com ela tínhamos estado recentemente, num almoço muito animado que juntou sobrinhos dos dois lados. Fica uma foto tirada nesse almoço.



5 - Jacinto Pascoal - Não tirámos foto. Este sim, também esperaria encontrar neste local de encontro de militantes da velha guarda. A cena mais engraçada com ele é que eu vi o Carlos Gomes e fui falar com ele, estava sentado ao lado de um amigo de óculos escuros e chapéu na cabeça. Não o reconheci, só quando ele falou também. Depois comentei com a Zé que ele também lá estava e a Zé perguntou se a Tina também estava na Festa. Não a vi, e de facto, tal como a Zé me questionou logo, então e não perguntaste se estava tudo bem com ela? Pois não... mas quis o acaso que nos cruzássemos outra vez entre espaços de actividades, e a Zé perguntou e em 5 minutos ficou a saber tudo. Separaram-se e estão a viver cada um em sua terra. QUÊ??? Fiquei em estado de choque, mas depois já não o voltámos a encontrar. Sem foto, fica aqui a sua página de Fb em link (que ele não usa, pois claro, mas tem lá uma foto sua com ar desconfiado). Dos 3 amigos que o Fb regista como comuns, lá está o Vladimiro Vale, e mais duas amigas que conheci na Quercus.

6 - Susana Rebelo - Também lá esteve na Festa e agora moram mesmo ali ao lado. Não a encontrei por acaso, mas eis que nos cruzámos uns dias depois, e eu disse: então temos que tirar uma foto, porque a Festa do Avante é como o Natal, é sempre e todos os dias, quando um homem quiser. A verdadeira mulher de armas, mãe de 3 filhos, sempre em múltiplas actividades e com uma boa energia que parece inesgotável.



7 - Miguel Repas - Foi a Susana que comentou comigo que o Miguel também tinha ido à Festa. Ora, não o tendo lá visto, tinha que fazer também uma foto. Com ele tinha falado recentemente, não foi fácil de o apanhar e ter uma conversa telefónica, mas lá aconteceu, uns dias antes da Festa do Avante. Falámos de pão de massa mãe feito em casa, coisa que ele fazia na perfeição e que eu finalmente consegui fazer também nesta Primavera-Verão e de muitas outras coisas. Mas não falámos da Festa. E não falámos do seu divórcio da Sofia. E a Sofia (sim, a da foto 1!!!) também não me disse nada. Partiram do princípio que eu já sabia, já vinha de antes da pandemia. Mas eu não imaginava. Passou-me mesmo ao lado... aqui estamos mesmo ao lado, em ambiente de festa, mas nesta outra festa com a Susana (que nos fotografou) e muitos outros velhos amigos


8 - Zeza - Grande companhia e ainda melhor companheira. Não podia faltar aqui uma foto de nós os dois, e aqui estamos a mostrar os carrosseis aos nossos pequenitos sobrinhos-netos, que é como quem diz, para a próxima já podem vir connosco. Um de cada vez, claro, ponham-se na bicha! Só agora ao editar a foto é que reparei que por pouco não estamos a imitar o Pato Donald e a Margarida...


Seguem-se as fotos com vistas da Festa, e mais algumas que ali tirámos. Sem legendas, mas também para memória futura.




Nesta foto do público, que apanhei na página Fb da Festa, apareço eu e o Zé Carlos ali chegados à frente, a vibrar com a música do Mário Laginha e do Tcheka, em duo. Mais um momento alto dos concertos, que este ano foram múltiplos.


No início de Setembro tinha prometido voltar a escrever aqui sobre a Festa do Avante, com críticas e sugestões. Vão ficar aqui, nunca se sabe se o recado chega à organização.

Qualidade do som: Muito bom, mas de facto mal orientado. O que se passa então? É que sendo os espectáculos de entrada livre, e com alto nível de circulação do público, e também de grande convívio da malta, quem lá vai e quer apreciar a música tem que se chegar à frente. Mas depois as colunas de som estão orientadas mais lá para trás, onde estão os técnicos de som. Ora, faz sentido que os técnicos ouçam bem a música, mas o espectáculo não é só para eles usufruírem. Era conveniente ter umas colunas mais pequenas viradas para o público, de forma a poderem ouvir a música com qualidade. Assim é que é uma má experiência, e é um desrespeito para os músicos e para o público.
Ainda uma questão de orientação das colunas, há palcos que deviam estar virados para outro lado, para a projecção de som não se sobrepor com as de outros espaços, sejam eles de música, o espaço teatro, os espaços distritais.

O fumo de palco em excesso: uma coisa é o fumo ajudar a criar um momento espectacular, em conjunto com a iluminação. Outra coisa é ter as máquinas a deitarem fumo, e em quantidade excessiva, a todo o tempo. Acaba por dificultar a visibilidade do palco, e imagino que para os músicos em palco também seja algo incomodativo. Num dos espectáculos no palco principal, um dos músicos, lá mais para o fim da participação, apareceu a tocar com uma máscara anti-gases. De facto...

A iluminação de palco: Muito mal, principalmente para quem está mais à frente. Já ouvi músicos comentarem que agora é a moda, luzes na parte de trás do palco, mas viradas para o público. Para quem está mais atrás, e para o técnico da iluminação, não chega a incomodar, mas para quem está a querer ouvir alguma coisa e vai lá mais para a frente, para escapar ao ruído das conversas gritadas, aquilo foi mesmo muito agressivo. Toda a gente lá à frente sentiu o grande incómodo. Em conjunto com a falta de qualidade do som lá à frente, o excesso de fumo, acabava por tornar a tentativa de ver um bom espectáculo num suplício.

Em relação à parte dos comes e bebes, a coisa está mesmo bem organizada, mas depois, muitas vezes, vezes demais, formam-se bichas demoradas. A qualidade da comida é, de modo geral, muito boa, feita por gente que sabe e que se entrega de coração à confecção. A organização devia ter uma equipa de assessores para ajudar a limar arestas em cada pavilhão, no que diz respeito à parte de tirar senhas pré-compradas e depois na parte de servir as refeições e as bebidas.
Uma sugestão minha era as bebidas serem de self-service, ou seja, como normalmente são bebidas tiradas à pressão, a malta ia lá à frente, mostrava a senha ao voluntário que estivesse do outro lado do balcão, agarrava no seu copo ou caneca reutilizável, e servia-se sob a supervisão do voluntário. E caso quisesse vinho, mostrava a senha, agarrava a garrafa (ou pedia-a ao voluntário se a quisesse refrigerada), e tinha ali à mão um saca-rolhas. Podem imaginar o desespero que é ver a malta a servir os pratos e depois andar ali para atrás e para a frente a ir buscar as bebidas, com cuidado para não entornar, ou a usar o saca-rolhas, de forma rápida mas sempre demorada.
Na parte de tirar as senhas, a existência de muita variedade de escolha também acaba por dificultar no processo da malta pedir. Sugeria que os menus fossem mais restritos em cada refeição, por exemplo ao almoço serviam uma sua especialidade de peixe, uma de carne e uma vegetariana (uma boa sopa vegan é já uma boa alternativa), ao jantar serviam outras coisas. Ou mesmo carne ao almoço, peixe ao jantar numas tasquinhas, e ao contrário noutras, a malta que vai em grupo depois pode organizar-se e ir pedir comida a diferentes regiões do país, ou tasquinhas variadas.
É tudo uma questão de organização geral, e a parte da comida já se sabe que marca sempre muitos pontos. Neste caso a malta não anda satisfeita. Acaba por não escolher ir comer o que mais gosta, ou que já sabe que está mais apurado, mas quase sempre o que é mais rápido. Para não perder a Festa... e assim perde a festa da gastronomia. E que bem que comemos este ano, mais uma vez. Uma ou outra vez não o que queríamos, mas o que era mais rápido.
Para terminar a questão do lixo que se produz. É certo que é preciso cumprir com escrupulosas regras de higiene, mas é preciso ir implementando ideias que levem a uma redução do desperdício. Já há muitos pontos de reciclagem, é verdade, mas é preciso ir mais longe e ajudar a educar a malta. O que se vê mais é gente a colocar no lixo comum muitas embalagens recicláveis. E há que explicar bem que o lixo comum deve juntar ao máximo as coisas que podem ser compostadas, e na reciclagem as embalagens ou coisas que não estejam sujas ou possam ser fonte de contaminação.
Os pratos de papel utilizados, papel encerado, compostáveis, são já uma grande ajuda, mas acabam por fazer um grande volume de lixo. A organização poderia pensar em produzir pratos em material compostável, mas reutilizável após limpeza com papel apropriado. Pratos impressos com a edição de cada ano, que a malta poderia depois levar para casa, onde voltariam a ser usados. Talvez não seja fácil implementar, mas se estes pratos reutilizáveis forem vendidos numa bolsinha kit familiar (com toalhetes de limpeza), bolsinha fácil de transportar ou de guardar em pequenos cacifos com chave, e os outros pratos de usar e deitar fora tiverem um preço suplementar de 1 euro, a malta acaba por fazer a sua escolha óbvia.
Talheres de plástico. Que horror. Nós levávamos os nossos próprios talheres, que limpávamos com papel após cada refeição. Também aqui era importante disponibilizar talheres com a imagem de cada edição gravada, num pequeno kit (o mesmo kit dos pratos e caneca, por exemplo), e toalhetes de papel para a sua higienização. Aqueles dispensadores de álcool gel em conjunto com papel apropriado, substituem na perfeição a lavagem, e garantem a melhor higienização, caso as pessoas assim o pretendam fazer. Se as pessoas em casa usam loiças e depois fazem a sua gestão, porque não fazê-lo também quando estão fora de sua casa, mas dentro desta casa comum que é o nosso planeta?





                 

Há uma natural inclinação para estarmos de volta na edição de 2025. Porque não há festa como esta.

domingo, setembro 29, 2024

ENCONTRO DE AMIGOS - ALEKSANDRA

 Veio parar este registo ao final de Setembro, porque as fotos tardaram em chegar. Mas aqui estão:

E agora do grupo, com o amigo em comum que organizou este reencontro, o Konrad:

Foi em finais de Junho, início de Julho, não interessa o dia certo. A verdade é que este reencontro ficou marcado pelo facto do Konrad ter saído de casa sem o seu telemóvel, e o café que tinha ficado combinado entrarmos e beber qualquer coisa estava fechado. E ali andei às voltas, em cafés mais perto, mas nada de os encontrar, até que finalmente nos descobrimos mutuamente.
Ficou também marcado pelo facto da Aleksandra também não ter smartphone, e usar um telemóvel antiguinho, como o meu. Mas a razão é também algo marcante, é que ela é muito sensível às radiações electromagnéticas e de transmissões. Andou com sintomas estranhos durante muitos anos, até que perceberam a causa. Sabia de casos assim, mas não sabia que tinha amigos que são o exemplo vivo desse mal. Que afecta muito mais gente, disso tenho a certeza, o problema é chegar ao diagnóstico...
E fiquei a conhecer o filho mais novo da Aleksandra. A filha só vi em fotos, mas já a conheci há muitos anos atrás, agora nunca a reconheceria.
Conheci a Aleksandra no Monte Barata, apareceu lá com o seu namorado na altura. Longe vai esse tempo em que o Tó Lú foi dirigente do Núcleo de Coimbra da Quercus, e era visita frequente do Monte e das actividades com jovens que ali aconteciam. Com ele é que já não me cruzo há tempo demais, falámos no ano passado, mas acabámos por não nos vermos, nem passar um bocado à conversa. O tempo não dá para tudo... mas já deu para registar aqui estas fotos, cheias de alegria!




quinta-feira, setembro 26, 2024

GRANDE CINEMA COM GRAND TOUR

 É um filme português. Fui ver, sem ter lido muito sobre a obra de sétima arte. O selo de garantia era o prémio de Cannes. Melhor realizador. Cinema é para ver no cinema. Adorei. A história simples mas um enredo que nos prendia ao desenrolar lento, o mistério sobre o que movia os personagens, os ingleses a falarem um bom português não incomodava de todo, a narração nas línguas nativas orientais onde se desenrolam os diferentes episódios desta tragédia, não só não incomodava como traz ao filme uma carga exótica e cultural marcante. A utilização do preto e branco para contar uma história do tempo do preto e branco, com intervalos coloridos, o grão das imagens, apenas facilitam sentirmo-nos transportados para a trama. A música, o som, a iluminação, a fotografia, tudo contribui para que Grand Tour seja um filme fora de série. O filme merece ser visto, o filme devia ser recomendado a vários níveis. O filme merecia um trailer melhor, que fosse mais apelativo. O filme não merece estar a ser passado nas salas de cinema e estarmos ali praticamente sozinhos. Vão ver, é um bom investimento (monetário e de tempo). Não é para jovens, será mais para gente com outra bagagem cultural, uns mais jovens que outros. Vão ver e passem a palavra, porque imagino que aguente só mais uns dias nas salas de cinema. Passem a palavra. Mesmo que não tenham hipóteses de ir ver. É um filme premiado. Português. Uma produção em grande, uma realização inspiradíssima, actores que marcam. Fica o mini-trailer, não consegui na net um trailer de 3 minutos, onde se pudesse mostrar um bocado mais do belo resultado e do magistral trabalho.

quarta-feira, setembro 25, 2024

OS GRANDES FOGOS DE SETEMBRO

 Já imaginava que um dia voltaria a escrever aqui sobre os grandes fogos. Não pensei que fosse este ano, uma vez que tinha chovido bem na Primavera e até no Verão, e a vegetação estava relativamente verde. Quando escrevi aqui em 2017 (ver link para o Malfadado), só referi os fogos à volta de Vagos. Na altura não contei que lá mais para o interior, um terreno florestal, uma micropropriedade de herança, ali para os lados do Seixo da Beira (no extremo interior do distrito de Coimbra, quase na Serra), tinha ficado completamente incinerado. Era um terreno onde eu andava a ver se conseguia promover alguma regeneração, depois de um fogo em 2001. Ainda tinha alguns pinheiros, pinheiros demais, o que deu grande intensidade ao fogo. No ano seguinte já os carvalhos e os sobreiros estavam a dizer que não tinham morrido. E um par de salgueiros também rebentou. E no ano seguinte comecei a introduzir algumas pequenas árvores. Mesmo regando, a taxa de sobrevivência foi muito pequena, os ratos, os insectos, estiveram à vontade e estragaram muitas coisas. Mas algumas sobreviveram. Depois fiz algumas sementeiras de bolotas, mas os javalis e os ratos estragaram bastante. Este ano já havia uma dezena de azinheirinhas, uma dezena de carvalhos, meia dúzia de sobreiros, um par de pessegueiros, uns azevinhos, um medronheiro, três loendros, alguns loureiros. Na noite de 14 alguém deitou fogo ali perto e depois foi só o tempo das chamas e fumo irem subindo a encosta, com a ajuda do vento. Passados apenas sete anos, as mesmas terras arderam de novo. Foi um fogo pequeno, durante a noite não foi tão intenso. Espero que algumas das plantas rebentem a partir da raiz, os carvalhos mais velhos, talvez, e os sobreiros certamente irão rebentar dos seus ramos menos afectados pelo calor extremo.  Ficou tudo queimado ali à volta novamente, mas a paisagem não ficou tão desertificada. Nos dias seguintes os grandes fogos no distrito de Aveiro, e depois no interior, Viseu, Porto. Este ano já tinha sido uma tragédia na Madeira. O ano passado na Serra da Estrela. Todos os anos esta coisa estranha de ver arder o futuro, a floresta a desaparecer. A desertificação, o envelhecimento dos poucos que ficaram na agricultura, as terras sem outro uso que não seja o abandono ou os eucaliptos. O que não é pasto para os animais é pasto para as chamas. Uma frase que ouvi uma vez num encontro da CNA. Onde andam os rebanhos? Já desde 2005 que é urgente mudar a paisagem, para evitar estas tragédias. Em vinte anos ao que mais se assistiu foi à ignorância política, ao favorecimento de negociatas, à legislação que não se cumpre, ou se aplica de forma deficiente. Vê-se uma sociedade civil que apenas num ou noutro local deitou mãos à obra, num caldo de gente que nada faz e que depois aparece a chorar a morte inglória de bombeiros ou pessoas, gente como nós, mas que tiveram a coragem de fazer frente às labaredas e ao fumo sufocante e venenoso. Onde está a responsabilização dos políticos que deixaram que os eucaliptos fossem plantados e replantados por todo o lado?

segunda-feira, setembro 16, 2024

OUTRA VEZ MARIA JOÃO E MÁRIO LAGINHA - BARCELOS

Já tinha mesmo saudades. O único concerto desta dupla de gigantes deste ano em Portugal foi em Barcelos. E eu estava lá, na segunda fila. Fui com o Zé Duarte, no carro dele. Saímos da Sobreda e chegámos muito cedo, fomos explorar Barcelos e perceber onde era o espectáculo, quando de repente chegam os músicos para fazer o checksound. Ali ficámos e até escolhemos os lugares onde se ouvia melhor, eram mesmo os da fila do meio. Nos outros o som era mesmo mau, ou se ouvia mal a voz, ou se ouvia mal o piano. Como era de entrada livre, no final desta preparação fomos jantar a um belo restaurante (demos umas voltas a caminhar para escolher e quando entrámos estava toda a equipa do espectáculo já a comer...). Quando chegámos já não deu para a primeira fila, mas eu fiquei na segunda e o Zé Duarte na terceira, lugares do meio! Foi mesmo um excelente concerto, apesar de ser ao ar livre, havia um silêncio respeitador, no largo cheio de público. A noite não arrefeceu assim tanto, a única coisa que estragou foi a mania das luzes atrás dos músicos a apontar para as primeiras filas da platéia. Enfim, modas da treta!!!! Em Barcelos acontece todos os anos o Festival Jazz ao Largo. Fica aqui um videozinho já com alguns anos, na primeira vez em que a Maria João lá cantou (e rapou frio em cima do palco!!!). A aventura desta deslocação, para além de voltarmos tarde e más horas a casa, foi eu ter ido de bicicleta, de Vagos a Aveiro a pedalar, de Aveiro a Esmoriz em comboio, de Esmoriz até casa do Zé Duarte (para lá, mas perto, de Canedo, interior norte do concelho de Santa Maria da Feira). E no dia seguinte, depois de dormir e comer um belo pequeno almoço com amigos, fiz a mesmo, mas em sentido contrário. Na ida para lá descobri um belo parque para fazer merendas, ali ao lado de um acesso à A29, antes de entrar em Paços de Brandão. Aconselho, tomai nota: Parque Municipal da Quinta do Engenho Novo (link para Tripadvisor).

terça-feira, setembro 10, 2024

TUDO É POSSÍVEL. ATÉ O IMPOSSÍVEL - CRÓNICA LITERÁRIA 3

Comecemos pelas apresentações. Como numa peça de teatro é bom apresentar o local onde tudo se passa. 2024, Verão ameno em terras do interior raiano, numa casa centenária onde uma associação gere um espaço de acolhimento de artistas. Um andar superior num edifício que noutros tempos já acolheu famílias, negócios e com uma vista superior sobre a campina. Da varanda também se avista o futuro da cultura naquela terra, onde a juventude aparece renascida, mas onde parece não caber, caindo para o litoral ou ajudando a perpetuar essa antiga diáspora. Portugueses que se espraiam num império agora sem mapa e sem imperador, mais democrático, mas dentro de outro império onde um rei se veste de verde monetário, tirano e escravizador.

Não se sabe quem teve a ideia de partir mar afora. Mas foi um pequeno atrevimento. Que se foi expandindo na medida de cada descoberta, e na medida das possibilidades, das necessidades e dos sonhos. Quem vinha a seguir, com o ímpeto da juventude, chegava mais longe e sonhava o impossível. E assim estendia, ou fazia crescer em altura (não se sabe para que lado cresce) a medida das possibilidades. Alargava-a, talvez seja o termo. Talvez cresça em forma circular, como o nosso planeta visto de fora.

A personagem central desta crónica dos tempos actuais é a Viviana. Os seus padrinhos não sabiam, mas assim foi que a raiz latina do nome deu fogosidade e energia a esta alma. A inquietude e criatividade vieram transportadas pelos genes, que como hoje se sabe podem aprimorar ou degenerar em certos indivíduos. A Viviana não sabe bem como, mas desde cedo sentiu que o seu mundo passava pelas artes, modo de se exprimir e de se dar ao grande mundo, modo de ela própria ajudar a transformá-lo numa aldeia global melhor. A sua melhor companhia é uma cadela, que a acompanha numa relação de lealdade. A sua ligação aos outros é feita de mil e uma maneiras, do wapp ao correio escrito, passando pelos números de telemóvel. O seu atrevimento faz com que apareça neste mundo das crónicas mundanas.

Como foram elas parar a este cenário do interior é uma longa história, que um dia caberá nas páginas escritas, mas não de uma crónica. Essa longa história não se sabe onde começa, mas certamente começa nesse sonhar as coisas de um modo diferente, e na força de quebrar rotinas e desafiar as coisas como estabelecidas pela norma da sociedade.

A Viviana não se cruzou com o Filipe. E nunca falou com ele. O seu mais do que provável encontro foi impossível. Gravitam os dois no difícil mundo de viver nas artes, com artes de viver sonhando um mundo melhor para os outros. Dão-se assim à sociedade, que muitas vezes não lhes reconhece com um aplauso a sua elevação.

O Filipe e a sua cadela, que resgatou há poucas semanas de um canil, estiveram de férias de Verão. O problema dele, como dono pela primeira vez de um cão, era o de garantir à sua nova companheira a melhor solução para a sua ausência. O que conseguiu, pois foi levá-la a uma quinta de amigos que a acolheram por esses breves dias de viagem para o estrangeiro. O regresso tinha uma prioridade bem estabelecida, passar logo o primeiro dia sempre com a cadela. Tê-la como sombra para sentir a frescura da sua companhia.

O Filipe é o responsável máximo pela associação que gere o espaço de acolhimento dos artistas, nesta zona raiana. O seu nome remete-nos para algo que marcou a história dos países que a raia agora une, mas que antes dividia. E que antes unia. E que ainda mais anteriormente dividia. Nos dias de hoje é a união europeia, que abriu as fronteiras. Antes disso era a divisão, a fronteira com os seus guardas-fiscais e os contrabandistas. Mais longe os tempos em que ambos os lados estiveram unidos, lá mais para o século 17, numa coisa improvável, mas que aconteceu sem grandes guerras. E lá mais para trás, as anteriores guerras com Castilla, algumas são histórias de bravura dos poucos heróis portugueses que ficaram para a história; as guerras que estabeleceram as fronteiras que apartaram as gentes.

Essa mais antiga união política veio pela mão monarca dos Filipes espanhóis. Foram eles os imperadores que governaram o maior império que uniu continentes, por vias de um mar monstruoso. Dessas coisas o actor e activista só sabe o que aprendeu na história, agora os tempos não são de guerras com os espanhóis. Apenas os catalães, os bascos e os galegos ainda movimentam corações com o sonho da independência. Agora são tempos de se cruzar para a raia espanhola, e a cultura é um bonito barco de se velejar. Viajar, conviver, partilhar, fazer de cada dia um momento de aproximação das pessoas, entre si, claro, mas também rumo a diferentes causas que movem a sociedade.

É nesta terra raiana que acontecem coisas extraordinárias. Há coisas que ficam na memória de muitos, outras ficam só no conhecimento de quem as viveu. E outras coisas acrescentam a ficção ao ambiente próprio de cada lugar, como fica bem fazer quando se conta um conto. A verdade é que algumas décadas atrás, naquele lugar, nasceu uma associação que pretendia dinamizar a cultura, com os jovens. E essa associação nunca esmoreceu. Enfrentou marés adversas, ventos contrários, mas lá foi navegando. Transformando as noites perdidas num mar revolto, em dias luminosos em terra firme. Com o teatro como âncora, foi deitando redes a outras expressões culturais e chegou aos nossos dias. Com uma actividade de entrega voluntária que faz inveja a algumas estruturas profissionais.

No dia do encontro impossível, Filipe está já com a sua cadela, a matar as suas saudades. Viviana está com a sua cadela, já com saudades antecipadas da sua passagem por esta terra que nunca antes tinha visitado. Prepara-se para sair daquele andar do antigo edifício, já se despediu da imensa vista com terras espanholas no horizonte mais longínquo. Ele entra no pequeno átrio de acesso às escadas e sente aquela frescura do espaço sombrio e de granito e madeiras vetustas. Sobe as escadas nervoso miudinho, nesse dia vai receber um grupo de artistas nessa sua casa colectiva, para uma residência artística. O atrevimento passa por abordar as Partes Sensíveis. Ela não sabe que o encontro impossível está para acontecer, ele não quer saber. Sobe ele, com a sua sombra canina. Já é a segunda vez que ali vai naquela manhã. Escada acima, escada abaixo, elevando-se e deselevando-se como tantas outras vezes, usando a força das suas pernas. Chega cansado, ainda o dia vai a meio. Para ir para sua casa, para ir trabalhar, todos os dias tem escadas para vencer, só no palco sente o relaxe de ver subir o pano sem ter que se cansar, o descanso de caminhar pelo mundo, subir ao alto da cultura ou descer ao inferno de Dante sem sair da planura.

Esta crónica é triangular, e falta ainda o terceiro interveniente nesta reflexão sobre as comunicações entre quem se atreve. Se Viviana está no andar do edifício com história, e nunca falou com o Filipe, se estamos já com décadas de utilização de telemóveis e aparelhos espertos com'ó raio, mais ou menos portáteis, quem faz a ligação impossível entre eles? É outra longa história, nesta caso são outras longas histórias, a chegada de Jota àquela sua terra, a chegada de Viviana ao centro do mundo de Jota, a chegada de Filipe ao mundo cultural de Jota. Mas deste personagem não reza esta história. Basta ficarmos com esta consoante em maiúscula. Não tem cadela a fazer-lhe companhia. Só às vezes. E neste momento falta-lhe esse elo comum. E não vive no mundo da cultura. Só às vezes. Neste momento sente falta desse elo comum, mas os dias não dão para tudo. E tudo na vida são opções, umas mais fatais do que outras.

Há mais de um mês atrás Jota tenta entrar em contacto com Viviana, quer saber que lhe aconteceu. Tem o seu email, e dois números para a contactar. Usa apenas um telemóvel que era de última geração há 20 anos atrás, ainda o wapp não tinha sido lançado. O seu último paradeiro, de seu conhecimento, tinha sido ali bem perto, numa grande herdade, mas depois não soube o que lhe aconteceu. Liga-lhe, mas nunca tem resposta. Manda um email, não gosta de usar sms. O correio sempre chega ao destinatário; mas também nada. Até que finalmente tem notícias dela, o seu telemóvel toca e... afinal está noutra herdade vizinha, desta feita a acompanhar a pastorícia e a trabalhar no fabrico artesanal de queijos. Da cultura para a agricultura? Pouco acesso aos emails, mas lá chegou o dia. E indo trabalhar na cultura onde fosse sendo chamada, mais para o litoral, claro. Para isso tinha liberdade laboral. Felicidade, numa opção pouco convencional. Parecia impossível, mas estava a acontecer. E não atendia as chamadas de telemóvel porque tinha outra vez mudado de número, o número contactado servia agora apenas para o wapp. Para chamadas era o número antigo outra vez.

Mais recentemente, Viviana volta a contactar. Afinal vai ter que sair da herdade, e inscreveu-se num workshop cultural a decorrer na capital do distrito, a cidade mais próxima da herdade. Precisava de ajuda para uns dias, encontrar um local onde pudesse aguardar o seu início, que seria uns dias depois. Ela, a sua cadela e a sua bagagem, mala grande e mochila. De preferência na cidade, onde já pudesse depois contar com esse local para base durante o mês da formação. Mas não foi possível essa solução. Alguns contactos com os velhos amigos de Jota não deram frutos. Sem pagar, ou seja, ficar num quarto emprestado, ainda seria possível, mas a companhia canina é sempre um problema acrescido. Mas talvez fosse uma boa ocasião para a Viviana ir conhecer a pequena associação cultural. Haveria disponibilidade?

Jota sabia que Filipe estava de férias com a família. Não queria de todo incomodar, pelo que não telefonou, como fez com os outros amigos. Mas arriscou um sms. Para o telemóvel associativo, quem sabe o aparelho ou cartão SIM tivessem ficado com outro responsável. Seria possível, estaria desocupado o andar para acolher esta artista, até ao início do workshop? A resposta chegou rápida: dependeria dos dias, porque de 25 a 31 começaria uma residência artística. Até 25 poderia mas teria que deixar tudo impecável, arrumação e limpeza. Ok, sem problemas. Mais uma troca de sms, pois ela precisava de uma solução até 27, se dará para ser pensada uma solução, em resposta um "Dá sempre". A Viviana teve luz verde e avançou, perturbando ao mínimo o merecido descanso e afastamento da família. Logo no dia seguinte, previsto para a chegada às instalações, nenhuma notícia. Certamente que estaria tudo bem. No dia seguinte, silêncio. Nem telemóvel, nem nada. Até que por interposta pessoa chega mensagem wapp a comunicar que está tudo bem, que viu sms mas que ficou sem saldo no telemóvel. Mas que agora tem net e já está contactável por outras vias. Estabelece-se então uma conversa onde Jota fala mais longamente com Viviana, que está mais do que contente com as instalações, com a vista incluída. E nessa conversa, poucos dias antes de dia 25, Jota acha que até 27 dará sempre. Mas que será preciso ver a solução em conjunto. A cronologia dos factos começa a ser determinante. Dia 24, início da tarde, Viviana manda um email a perguntar se tem que arrumar tudo e sair na manhã seguinte. Jota não abre o seu computador nessa tarde. Nem nessa noite, quando ela envia outro mail a insistir. Mas abre e lê na manhã seguinte, e responde bem cedinho que talvez se arranje solução, passada meia-hora ela responde a dizer que na dúvida tinha já tudo limpo e arrumadinho, mas assim esperaria um pouco mais para sair. Jota faz contactos com outros velhos amigos de Castelo Branco, mas resultam em nada de soluções.

Um par de horas depois é Filipe, que liga a Jota, muito incomodado pelo facto de ter subido as escadas e ter visto que afinal ela ainda lá tem as coisas da cadela e que não saiu. Do outro lado da linha etérea por onde se estabelece a breve conversa, a comunicação de um mal-entendido, mas que facilmente se resolverá, pois ela teria tudo pronto para sair. Era só questão de sair, claro. Mas Filipe não a vê lá, apenas encontra as coisas da cadela, comedouro e bebedouro. Terá saído, mas estará contactável pelo wapp? Jota manda-lhe então uma mensagem por essa única via possível, usando o wapp da interposta pessoa, a comunicar que tem que sair o mais depressa possível, para ligar de volta assim que leia a mensagem. Filipe espera com impaciência, até que manda sms a perguntar se há novidades. Nada, ela não deu sinais de vida. Por onde andará, com a sua cadela? Já depois de almoço, mais impaciente, novo sms a perguntar se há novidades. Pedido para conferir se há resposta à mensagem wapp, e sim, havia uma resposta há 10 minutos atrás, a dizer que ia arrumar tudo para sair, e a perguntar quanto tempo ainda tinha. Chamada por wapp imediata, a dar 5 minutos, Viviana diz que esteve no quarto toda a manhã e que não deu por barulho nenhum, certamente adormeceu quando ele tinha subido todos os degraus, e depois descido sem a ver lá dentro. Adormecida ela e também a sua cadela, que não deu sinais de vida.

Mas o melhor, que foi o pior, estava para vir. Nessa pequena conversa em que transmite os 5 minutos, ela diz-lhe que afinal, para coisas urgentes, o número de telemóvel associado ao wapp não dá para fazer chamadas, mas dá para receber. Ah, que informação preciosa... mas também tão atrasada! Agora de nada serve, pensa ele, agora é impossível alguma coisa correr mal. Chamada para o Filipe a dizer que ela vai sair em 5 minutos, passados esses 5 minutos ele devolve a chamada a dizer que está farto da situação, pois está à porta, lá em cima, com a sua cadela agitada, pois está uma outra cadela lá dentro a ladrar, já bateu à porta, e com insistência e não está lá ninguém. Não vai entrar por causa da cadela, mas Jota assegura que ela deve estar na casa-de-banho, ou na varanda, e não está a ouvir bater à porta. Ela está lá dentro pois há 5 minutos tinha acabado de confirmar isso mesmo. Mas nem ouve a cadela a ladrar??? Jota liga-lhe então para o tal número, toca, toca, ninguém atende. Insiste, um minuto depois, nada. Um minuto depois sim, atende, antes estava num último banho para sair fresca rumo à cidade. E saiu. E o Filipe foi então confirmar se dali a um par de horas os outros artistas poderiam aceder ao espaço em boas condições. Mas eles já não se cruzaram, nem as suas cadelas. Mas essas ficaram a conhecer-se pelos cheiros. Para elas o encontro foi possível e aconteceu, mesmo não acontecendo aos olhos dos humanos. Já para quem se atreve a tanto no mundo das artes, tornando possíveis tantas coisas que pareciam não o ser, o vasto mundo de possibilidades de comunicação, e a falta de jeito dos humanos para se entenderem (mesmo depois de milhares de anos a usarem a fala), acabaram por fazer o impossível.

segunda-feira, setembro 09, 2024

CRÓNICAS DE UM PANTEÍSTA - NO FACEBOOK

 Tenho um amigo, mais de Facebook do que de convívio, que está a escrever uma série de pequenas crónicas, que partilha com o mundo todo. O panteísmo é uma teoria segundo a qual Deus existe e é a própria natureza do universo. E estas suas crónicas são sobre os ecossistemas, o seu funcionamento, a forma como interferimos ou não com o seu modo imperfeito de existir, previsto por Deus. Cada crónica é acompanhada por uma imagem, foto ou gravura.

A sua crónica nº 22 é esta (link aqui para a mesma, podendo depois passar para as outras) que aqui reproduzo, com pequenas correcções:

Crónicas de um panteísta - Dicas para uma gestão ecológica da terra. Da cooperação entre espécies. Parte 2.


Talvez um dos fatores mais importantes na gestão ecológica é compreender ambas as relações diretas, na 1a parte dos post e das indiretas que agora iremos falar e que são fundamentais na compreensão da dinâmica dos Ecossistemas.
O pássaro come a semente da pêra para se nutrir. Engole, digere a parte com mais açúcar, dejeta a mais proteíca, fá-lo na copa da árvore onde repousa e se abriga porque é o melhor para ele, para o seu sentido de vida. Quando cai, a semente cai em solo fértil pela produção de folhas, na sombra parcial, num invólucro de estrume. Condições perfeitas para germinar.
Muita gente faz o que faz porque gosta do que faz e é boa nisso. Quando o que gostas é o que fazes, o teu nível de disciplina e boas decisões é proporcional ao teu nível de realização pessoal.
Quem vai gerir um pedaço de terra, quando compreende que aquilo que faz por si beneficia sempre outros, saberá antecipar aproveitamentos naturais dos nossos recursos por formigas, ratinhos, pássaros. Saberá também a importância de ter animais raposas, texugos, saca rabos, lobos, bufos reais, águias, milhares e falcões. Saberá as oportunidades e ameaças que cria na sementeira, na poda, na plantação, no corte de mato. Saberá que semear com gado traz outras vantagens como prados permanentes e muito diversos. Saberá usar os animais na gestão do combustível. Na produção de horta e na gestão do pomar. Entramos num alcance enciclopédico do que cada animal, planta, fungo e bactéria pode fazer por nós, caso seja trazida para o sistema agroecológico. O seu bom uso é sabedoria pura, é co-criar magia e desfrutar dela a acontecer.
Na visão macro da paisagem inteira, importa mais que tudo restaurar os habitats, onde os mosaicos não são estanques, são muito dinâmicos, de forma a restaurar as cadeias tróficas que fazem todo o sistema alcançar o seu equilíbrio e máxima produtividade natural. O equilíbrio natural alcança-se com soluções naturais.
Desejos de grandes conquistas ao serviço deste ecossistema que nos sustém!

domingo, setembro 08, 2024

BANHO DE BOA MÚSICA - FESTA DO AVANTE

 Ontem foi uma bela jornada musical na Festa do Avante. Antes de aqui partilhar como foi, com fotos e pequenas histórias, com críticas e sugestões, há que destacar a programação musical da Festa. Ontem foi mesmo em cheio, com um grupo americano de música bluegrass (vai haver um festival na próxima semana, na Trafaria), com pequenas bandas revelação, com Sebastião Antunes e Quadrilha, com Mário Laginha e Tcheka, com Sérgio Godinho e Capicua, com Legendary Tigerman e com tantas grandes cantoras no espectáculo A Mulher é uma Arma.