aqui se narram as aventuras de um portuguesito que desde tenra idade é vítima de erros vários, mas com abertura para outros textos de reflexão e de intervenção cívica
segunda-feira, setembro 30, 2024
A FESTA DOS VELHOS AMIGOS - AVANTE 2024
domingo, setembro 29, 2024
ENCONTRO DE AMIGOS - ALEKSANDRA
Veio parar este registo ao final de Setembro, porque as fotos tardaram em chegar. Mas aqui estão:
quinta-feira, setembro 26, 2024
GRANDE CINEMA COM GRAND TOUR
É um filme português. Fui ver, sem ter lido muito sobre a obra de sétima arte. O selo de garantia era o prémio de Cannes. Melhor realizador. Cinema é para ver no cinema. Adorei. A história simples mas um enredo que nos prendia ao desenrolar lento, o mistério sobre o que movia os personagens, os ingleses a falarem um bom português não incomodava de todo, a narração nas línguas nativas orientais onde se desenrolam os diferentes episódios desta tragédia, não só não incomodava como traz ao filme uma carga exótica e cultural marcante. A utilização do preto e branco para contar uma história do tempo do preto e branco, com intervalos coloridos, o grão das imagens, apenas facilitam sentirmo-nos transportados para a trama. A música, o som, a iluminação, a fotografia, tudo contribui para que Grand Tour seja um filme fora de série. O filme merece ser visto, o filme devia ser recomendado a vários níveis. O filme merecia um trailer melhor, que fosse mais apelativo. O filme não merece estar a ser passado nas salas de cinema e estarmos ali praticamente sozinhos. Vão ver, é um bom investimento (monetário e de tempo). Não é para jovens, será mais para gente com outra bagagem cultural, uns mais jovens que outros. Vão ver e passem a palavra, porque imagino que aguente só mais uns dias nas salas de cinema. Passem a palavra. Mesmo que não tenham hipóteses de ir ver. É um filme premiado. Português. Uma produção em grande, uma realização inspiradíssima, actores que marcam. Fica o mini-trailer, não consegui na net um trailer de 3 minutos, onde se pudesse mostrar um bocado mais do belo resultado e do magistral trabalho.
quarta-feira, setembro 25, 2024
OS GRANDES FOGOS DE SETEMBRO
Já imaginava que um dia voltaria a escrever aqui sobre os grandes fogos. Não pensei que fosse este ano, uma vez que tinha chovido bem na Primavera e até no Verão, e a vegetação estava relativamente verde. Quando escrevi aqui em 2017 (ver link para o Malfadado), só referi os fogos à volta de Vagos. Na altura não contei que lá mais para o interior, um terreno florestal, uma micropropriedade de herança, ali para os lados do Seixo da Beira (no extremo interior do distrito de Coimbra, quase na Serra), tinha ficado completamente incinerado. Era um terreno onde eu andava a ver se conseguia promover alguma regeneração, depois de um fogo em 2001. Ainda tinha alguns pinheiros, pinheiros demais, o que deu grande intensidade ao fogo. No ano seguinte já os carvalhos e os sobreiros estavam a dizer que não tinham morrido. E um par de salgueiros também rebentou. E no ano seguinte comecei a introduzir algumas pequenas árvores. Mesmo regando, a taxa de sobrevivência foi muito pequena, os ratos, os insectos, estiveram à vontade e estragaram muitas coisas. Mas algumas sobreviveram. Depois fiz algumas sementeiras de bolotas, mas os javalis e os ratos estragaram bastante. Este ano já havia uma dezena de azinheirinhas, uma dezena de carvalhos, meia dúzia de sobreiros, um par de pessegueiros, uns azevinhos, um medronheiro, três loendros, alguns loureiros. Na noite de 14 alguém deitou fogo ali perto e depois foi só o tempo das chamas e fumo irem subindo a encosta, com a ajuda do vento. Passados apenas sete anos, as mesmas terras arderam de novo. Foi um fogo pequeno, durante a noite não foi tão intenso. Espero que algumas das plantas rebentem a partir da raiz, os carvalhos mais velhos, talvez, e os sobreiros certamente irão rebentar dos seus ramos menos afectados pelo calor extremo. Ficou tudo queimado ali à volta novamente, mas a paisagem não ficou tão desertificada. Nos dias seguintes os grandes fogos no distrito de Aveiro, e depois no interior, Viseu, Porto. Este ano já tinha sido uma tragédia na Madeira. O ano passado na Serra da Estrela. Todos os anos esta coisa estranha de ver arder o futuro, a floresta a desaparecer. A desertificação, o envelhecimento dos poucos que ficaram na agricultura, as terras sem outro uso que não seja o abandono ou os eucaliptos. O que não é pasto para os animais é pasto para as chamas. Uma frase que ouvi uma vez num encontro da CNA. Onde andam os rebanhos? Já desde 2005 que é urgente mudar a paisagem, para evitar estas tragédias. Em vinte anos ao que mais se assistiu foi à ignorância política, ao favorecimento de negociatas, à legislação que não se cumpre, ou se aplica de forma deficiente. Vê-se uma sociedade civil que apenas num ou noutro local deitou mãos à obra, num caldo de gente que nada faz e que depois aparece a chorar a morte inglória de bombeiros ou pessoas, gente como nós, mas que tiveram a coragem de fazer frente às labaredas e ao fumo sufocante e venenoso. Onde está a responsabilização dos políticos que deixaram que os eucaliptos fossem plantados e replantados por todo o lado?
segunda-feira, setembro 16, 2024
OUTRA VEZ MARIA JOÃO E MÁRIO LAGINHA - BARCELOS
terça-feira, setembro 10, 2024
TUDO É POSSÍVEL. ATÉ O IMPOSSÍVEL - CRÓNICA LITERÁRIA 3
Não se sabe quem teve a ideia de partir mar afora. Mas foi um pequeno atrevimento. Que se foi expandindo na medida de cada descoberta, e na medida das possibilidades, das necessidades e dos sonhos. Quem vinha a seguir, com o ímpeto da juventude, chegava mais longe e sonhava o impossível. E assim estendia, ou fazia crescer em altura (não se sabe para que lado cresce) a medida das possibilidades. Alargava-a, talvez seja o termo. Talvez cresça em forma circular, como o nosso planeta visto de fora.
A personagem central desta crónica dos tempos actuais é a Viviana. Os seus padrinhos não sabiam, mas assim foi que a raiz latina do nome deu fogosidade e energia a esta alma. A inquietude e criatividade vieram transportadas pelos genes, que como hoje se sabe podem aprimorar ou degenerar em certos indivíduos. A Viviana não sabe bem como, mas desde cedo sentiu que o seu mundo passava pelas artes, modo de se exprimir e de se dar ao grande mundo, modo de ela própria ajudar a transformá-lo numa aldeia global melhor. A sua melhor companhia é uma cadela, que a acompanha numa relação de lealdade. A sua ligação aos outros é feita de mil e uma maneiras, do wapp ao correio escrito, passando pelos números de telemóvel. O seu atrevimento faz com que apareça neste mundo das crónicas mundanas.
Como foram elas parar a este cenário do interior é uma longa história, que um dia caberá nas páginas escritas, mas não de uma crónica. Essa longa história não se sabe onde começa, mas certamente começa nesse sonhar as coisas de um modo diferente, e na força de quebrar rotinas e desafiar as coisas como estabelecidas pela norma da sociedade.
A Viviana não se cruzou com o Filipe. E nunca falou com ele. O seu mais do que provável encontro foi impossível. Gravitam os dois no difícil mundo de viver nas artes, com artes de viver sonhando um mundo melhor para os outros. Dão-se assim à sociedade, que muitas vezes não lhes reconhece com um aplauso a sua elevação.
O Filipe e a sua cadela, que resgatou há poucas semanas de um canil, estiveram de férias de Verão. O problema dele, como dono pela primeira vez de um cão, era o de garantir à sua nova companheira a melhor solução para a sua ausência. O que conseguiu, pois foi levá-la a uma quinta de amigos que a acolheram por esses breves dias de viagem para o estrangeiro. O regresso tinha uma prioridade bem estabelecida, passar logo o primeiro dia sempre com a cadela. Tê-la como sombra para sentir a frescura da sua companhia.
O Filipe é o responsável máximo pela associação que gere o espaço de acolhimento dos artistas, nesta zona raiana. O seu nome remete-nos para algo que marcou a história dos países que a raia agora une, mas que antes dividia. E que antes unia. E que ainda mais anteriormente dividia. Nos dias de hoje é a união europeia, que abriu as fronteiras. Antes disso era a divisão, a fronteira com os seus guardas-fiscais e os contrabandistas. Mais longe os tempos em que ambos os lados estiveram unidos, lá mais para o século 17, numa coisa improvável, mas que aconteceu sem grandes guerras. E lá mais para trás, as anteriores guerras com Castilla, algumas são histórias de bravura dos poucos heróis portugueses que ficaram para a história; as guerras que estabeleceram as fronteiras que apartaram as gentes.
É nesta terra raiana que acontecem coisas extraordinárias. Há coisas que ficam na memória de muitos, outras ficam só no conhecimento de quem as viveu. E outras coisas acrescentam a ficção ao ambiente próprio de cada lugar, como fica bem fazer quando se conta um conto. A verdade é que algumas décadas atrás, naquele lugar, nasceu uma associação que pretendia dinamizar a cultura, com os jovens. E essa associação nunca esmoreceu. Enfrentou marés adversas, ventos contrários, mas lá foi navegando. Transformando as noites perdidas num mar revolto, em dias luminosos em terra firme. Com o teatro como âncora, foi deitando redes a outras expressões culturais e chegou aos nossos dias. Com uma actividade de entrega voluntária que faz inveja a algumas estruturas profissionais.
No dia do encontro impossível, Filipe está já com a sua cadela, a matar as suas saudades. Viviana está com a sua cadela, já com saudades antecipadas da sua passagem por esta terra que nunca antes tinha visitado. Prepara-se para sair daquele andar do antigo edifício, já se despediu da imensa vista com terras espanholas no horizonte mais longínquo. Ele entra no pequeno átrio de acesso às escadas e sente aquela frescura do espaço sombrio e de granito e madeiras vetustas. Sobe as escadas nervoso miudinho, nesse dia vai receber um grupo de artistas nessa sua casa colectiva, para uma residência artística. O atrevimento passa por abordar as Partes Sensíveis. Ela não sabe que o encontro impossível está para acontecer, ele não quer saber. Sobe ele, com a sua sombra canina. Já é a segunda vez que ali vai naquela manhã. Escada acima, escada abaixo, elevando-se e deselevando-se como tantas outras vezes, usando a força das suas pernas. Chega cansado, ainda o dia vai a meio. Para ir para sua casa, para ir trabalhar, todos os dias tem escadas para vencer, só no palco sente o relaxe de ver subir o pano sem ter que se cansar, o descanso de caminhar pelo mundo, subir ao alto da cultura ou descer ao inferno de Dante sem sair da planura.
Esta crónica é triangular, e falta ainda o terceiro interveniente nesta reflexão sobre as comunicações entre quem se atreve. Se Viviana está no andar do edifício com história, e nunca falou com o Filipe, se estamos já com décadas de utilização de telemóveis e aparelhos espertos com'ó raio, mais ou menos portáteis, quem faz a ligação impossível entre eles? É outra longa história, nesta caso são outras longas histórias, a chegada de Jota àquela sua terra, a chegada de Viviana ao centro do mundo de Jota, a chegada de Filipe ao mundo cultural de Jota. Mas deste personagem não reza esta história. Basta ficarmos com esta consoante em maiúscula. Não tem cadela a fazer-lhe companhia. Só às vezes. E neste momento falta-lhe esse elo comum. E não vive no mundo da cultura. Só às vezes. Neste momento sente falta desse elo comum, mas os dias não dão para tudo. E tudo na vida são opções, umas mais fatais do que outras.
Há mais de um mês atrás Jota tenta entrar em contacto com Viviana, quer saber que lhe aconteceu. Tem o seu email, e dois números para a contactar. Usa apenas um telemóvel que era de última geração há 20 anos atrás, ainda o wapp não tinha sido lançado. O seu último paradeiro, de seu conhecimento, tinha sido ali bem perto, numa grande herdade, mas depois não soube o que lhe aconteceu. Liga-lhe, mas nunca tem resposta. Manda um email, não gosta de usar sms. O correio sempre chega ao destinatário; mas também nada. Até que finalmente tem notícias dela, o seu telemóvel toca e... afinal está noutra herdade vizinha, desta feita a acompanhar a pastorícia e a trabalhar no fabrico artesanal de queijos. Da cultura para a agricultura? Pouco acesso aos emails, mas lá chegou o dia. E indo trabalhar na cultura onde fosse sendo chamada, mais para o litoral, claro. Para isso tinha liberdade laboral. Felicidade, numa opção pouco convencional. Parecia impossível, mas estava a acontecer. E não atendia as chamadas de telemóvel porque tinha outra vez mudado de número, o número contactado servia agora apenas para o wapp. Para chamadas era o número antigo outra vez.
Mais recentemente, Viviana volta a contactar. Afinal vai ter que sair da herdade, e inscreveu-se num workshop cultural a decorrer na capital do distrito, a cidade mais próxima da herdade. Precisava de ajuda para uns dias, encontrar um local onde pudesse aguardar o seu início, que seria uns dias depois. Ela, a sua cadela e a sua bagagem, mala grande e mochila. De preferência na cidade, onde já pudesse depois contar com esse local para base durante o mês da formação. Mas não foi possível essa solução. Alguns contactos com os velhos amigos de Jota não deram frutos. Sem pagar, ou seja, ficar num quarto emprestado, ainda seria possível, mas a companhia canina é sempre um problema acrescido. Mas talvez fosse uma boa ocasião para a Viviana ir conhecer a pequena associação cultural. Haveria disponibilidade?
Jota sabia que Filipe estava de férias com a família. Não queria de todo incomodar, pelo que não telefonou, como fez com os outros amigos. Mas arriscou um sms. Para o telemóvel associativo, quem sabe o aparelho ou cartão SIM tivessem ficado com outro responsável. Seria possível, estaria desocupado o andar para acolher esta artista, até ao início do workshop? A resposta chegou rápida: dependeria dos dias, porque de 25 a 31 começaria uma residência artística. Até 25 poderia mas teria que deixar tudo impecável, arrumação e limpeza. Ok, sem problemas. Mais uma troca de sms, pois ela precisava de uma solução até 27, se dará para ser pensada uma solução, em resposta um "Dá sempre". A Viviana teve luz verde e avançou, perturbando ao mínimo o merecido descanso e afastamento da família. Logo no dia seguinte, previsto para a chegada às instalações, nenhuma notícia. Certamente que estaria tudo bem. No dia seguinte, silêncio. Nem telemóvel, nem nada. Até que por interposta pessoa chega mensagem wapp a comunicar que está tudo bem, que viu sms mas que ficou sem saldo no telemóvel. Mas que agora tem net e já está contactável por outras vias. Estabelece-se então uma conversa onde Jota fala mais longamente com Viviana, que está mais do que contente com as instalações, com a vista incluída. E nessa conversa, poucos dias antes de dia 25, Jota acha que até 27 dará sempre. Mas que será preciso ver a solução em conjunto. A cronologia dos factos começa a ser determinante. Dia 24, início da tarde, Viviana manda um email a perguntar se tem que arrumar tudo e sair na manhã seguinte. Jota não abre o seu computador nessa tarde. Nem nessa noite, quando ela envia outro mail a insistir. Mas abre e lê na manhã seguinte, e responde bem cedinho que talvez se arranje solução, passada meia-hora ela responde a dizer que na dúvida tinha já tudo limpo e arrumadinho, mas assim esperaria um pouco mais para sair. Jota faz contactos com outros velhos amigos de Castelo Branco, mas resultam em nada de soluções.
Um par de horas depois é Filipe, que liga a Jota, muito incomodado pelo facto de ter subido as escadas e ter visto que afinal ela ainda lá tem as coisas da cadela e que não saiu. Do outro lado da linha etérea por onde se estabelece a breve conversa, a comunicação de um mal-entendido, mas que facilmente se resolverá, pois ela teria tudo pronto para sair. Era só questão de sair, claro. Mas Filipe não a vê lá, apenas encontra as coisas da cadela, comedouro e bebedouro. Terá saído, mas estará contactável pelo wapp? Jota manda-lhe então uma mensagem por essa única via possível, usando o wapp da interposta pessoa, a comunicar que tem que sair o mais depressa possível, para ligar de volta assim que leia a mensagem. Filipe espera com impaciência, até que manda sms a perguntar se há novidades. Nada, ela não deu sinais de vida. Por onde andará, com a sua cadela? Já depois de almoço, mais impaciente, novo sms a perguntar se há novidades. Pedido para conferir se há resposta à mensagem wapp, e sim, havia uma resposta há 10 minutos atrás, a dizer que ia arrumar tudo para sair, e a perguntar quanto tempo ainda tinha. Chamada por wapp imediata, a dar 5 minutos, Viviana diz que esteve no quarto toda a manhã e que não deu por barulho nenhum, certamente adormeceu quando ele tinha subido todos os degraus, e depois descido sem a ver lá dentro. Adormecida ela e também a sua cadela, que não deu sinais de vida.
Mas o melhor, que foi o pior, estava para vir. Nessa pequena conversa em que transmite os 5 minutos, ela diz-lhe que afinal, para coisas urgentes, o número de telemóvel associado ao wapp não dá para fazer chamadas, mas dá para receber. Ah, que informação preciosa... mas também tão atrasada! Agora de nada serve, pensa ele, agora é impossível alguma coisa correr mal. Chamada para o Filipe a dizer que ela vai sair em 5 minutos, passados esses 5 minutos ele devolve a chamada a dizer que está farto da situação, pois está à porta, lá em cima, com a sua cadela agitada, pois está uma outra cadela lá dentro a ladrar, já bateu à porta, e com insistência e não está lá ninguém. Não vai entrar por causa da cadela, mas Jota assegura que ela deve estar na casa-de-banho, ou na varanda, e não está a ouvir bater à porta. Ela está lá dentro pois há 5 minutos tinha acabado de confirmar isso mesmo. Mas nem ouve a cadela a ladrar??? Jota liga-lhe então para o tal número, toca, toca, ninguém atende. Insiste, um minuto depois, nada. Um minuto depois sim, atende, antes estava num último banho para sair fresca rumo à cidade. E saiu. E o Filipe foi então confirmar se dali a um par de horas os outros artistas poderiam aceder ao espaço em boas condições. Mas eles já não se cruzaram, nem as suas cadelas. Mas essas ficaram a conhecer-se pelos cheiros. Para elas o encontro foi possível e aconteceu, mesmo não acontecendo aos olhos dos humanos. Já para quem se atreve a tanto no mundo das artes, tornando possíveis tantas coisas que pareciam não o ser, o vasto mundo de possibilidades de comunicação, e a falta de jeito dos humanos para se entenderem (mesmo depois de milhares de anos a usarem a fala), acabaram por fazer o impossível.
segunda-feira, setembro 09, 2024
CRÓNICAS DE UM PANTEÍSTA - NO FACEBOOK
Tenho um amigo, mais de Facebook do que de convívio, que está a escrever uma série de pequenas crónicas, que partilha com o mundo todo. O panteísmo é uma teoria segundo a qual Deus existe e é a própria natureza do universo. E estas suas crónicas são sobre os ecossistemas, o seu funcionamento, a forma como interferimos ou não com o seu modo imperfeito de existir, previsto por Deus. Cada crónica é acompanhada por uma imagem, foto ou gravura.
A sua crónica nº 22 é esta (link aqui para a mesma, podendo depois passar para as outras) que aqui reproduzo, com pequenas correcções:
Crónicas de um panteísta - Dicas para uma gestão ecológica da terra. Da cooperação entre espécies. Parte 2.
Talvez um dos fatores mais importantes na gestão ecológica é compreender ambas as relações diretas, na 1a parte dos post e das indiretas que agora iremos falar e que são fundamentais na compreensão da dinâmica dos Ecossistemas.
O pássaro come a semente da pêra para se nutrir. Engole, digere a parte com mais açúcar, dejeta a mais proteíca, fá-lo na copa da árvore onde repousa e se abriga porque é o melhor para ele, para o seu sentido de vida. Quando cai, a semente cai em solo fértil pela produção de folhas, na sombra parcial, num invólucro de estrume. Condições perfeitas para germinar.
Muita gente faz o que faz porque gosta do que faz e é boa nisso. Quando o que gostas é o que fazes, o teu nível de disciplina e boas decisões é proporcional ao teu nível de realização pessoal.
Quem vai gerir um pedaço de terra, quando compreende que aquilo que faz por si beneficia sempre outros, saberá antecipar aproveitamentos naturais dos nossos recursos por formigas, ratinhos, pássaros. Saberá também a importância de ter animais raposas, texugos, saca rabos, lobos, bufos reais, águias, milhares e falcões. Saberá as oportunidades e ameaças que cria na sementeira, na poda, na plantação, no corte de mato. Saberá que semear com gado traz outras vantagens como prados permanentes e muito diversos. Saberá usar os animais na gestão do combustível. Na produção de horta e na gestão do pomar. Entramos num alcance enciclopédico do que cada animal, planta, fungo e bactéria pode fazer por nós, caso seja trazida para o sistema agroecológico. O seu bom uso é sabedoria pura, é co-criar magia e desfrutar dela a acontecer.
Na visão macro da paisagem inteira, importa mais que tudo restaurar os habitats, onde os mosaicos não são estanques, são muito dinâmicos, de forma a restaurar as cadeias tróficas que fazem todo o sistema alcançar o seu equilíbrio e máxima produtividade natural. O equilíbrio natural alcança-se com soluções naturais.
Desejos de grandes conquistas ao serviço deste ecossistema que nos sustém!
domingo, setembro 08, 2024
BANHO DE BOA MÚSICA - FESTA DO AVANTE
Ontem foi uma bela jornada musical na Festa do Avante. Antes de aqui partilhar como foi, com fotos e pequenas histórias, com críticas e sugestões, há que destacar a programação musical da Festa. Ontem foi mesmo em cheio, com um grupo americano de música bluegrass (vai haver um festival na próxima semana, na Trafaria), com pequenas bandas revelação, com Sebastião Antunes e Quadrilha, com Mário Laginha e Tcheka, com Sérgio Godinho e Capicua, com Legendary Tigerman e com tantas grandes cantoras no espectáculo A Mulher é uma Arma.