Não seria tema neste blogue se não fosse a relevância, este ano de 2024, de termos a concurso uma muito bonita e original música composta pelos grandes João Farinha e Maria João. É uma música que quebra barreiras, que é moderna sem ser aberrante, com uma letra simples e bonita. Mas que pouca gente conseguirá cantarolar.
Fica aqui para primeira audição, antes da realização das semi-finais.aqui se narram as aventuras de um portuguesito que desde tenra idade é vítima de erros vários, mas com abertura para outros textos de reflexão e de intervenção cívica
segunda-feira, janeiro 29, 2024
domingo, janeiro 28, 2024
FERRARI - O FILME SOBRE UM ANO PARTICULAR NA VIDA DE ENZO
Ontem foi dia de voltar a uma sala de cinema. Coube a vez ao Foz Plaza, na Figueira da Foz, que arranjou uma sessão depois das 18 horas, o que para nós é muitíssimo conveniente, pois é no final de um dia de trabalho de agriculturas na Ereira, e é cedo o suficiente para não adormecermos a ver um filme. É verdade que levámos o jantar tipo piquenique para comer dentro da sala, logo no início da sessão, enquanto davam as apresentações e os longos minutos de publicidade.
O filme que fomos ver foi o Ferrari, um belo filme de época que retatrata o ano em que a Ferrari venceu a última edição das Mil Milhas italianas, uma competição automóvel que corria pelas estradas normais e que foi decidido não se voltar a repetir também por culpa de um Ferrari, que sofreu um acidente que matou não só o piloto e co-piloto, como uma dezena de espectadores. O filme é focado na figura carismática de Enzo Ferrari (que morreu em 1988 com 90 anos), nesse ano particular de 1957, recorrendo a poucos flashback para nos apresentar 3 personagens fortes no dramatismo e que participam de forma intensa na narrativa que o filme constrói. Destaque para o grande trabalho do Adam Driver, da Penelope Cruz e da Shailene Woodley. Como não descobri no Youtube o trailer legendado em português, fica aqui a partilha de um pequeno resumo de um documentário sobre a produção do filme, com intervenções em inglês do realizador e dos actores principais.
sábado, janeiro 27, 2024
MALFADADO, MAS NEM SEMPRE
sexta-feira, janeiro 26, 2024
MALFADADO
Só para registar aqui as cenas à malfadado que me aconteceram por estes dias de Janeiro. A primeira é típica: a motoserra eléctrica deixou de funcionar, tentei tudo e nada. Decidi levá-la à oficina. No dia que lá ía comentei com a Zé que sendo um problema eléctrico o mais certo era chegar lá e ela trabalhar sem problemas. E foi o que aconteceu. Afinal está boa e depois disso já trabalhei bastante com ela e sempre sem problemas.
A segunda é daquelas coisas que não têm explicação. Vou poucas vezes a restaurantes, mas quando decidimos ir há coisas que não correm bem, e fico sempre um bocado chateado com a experiência. Desta vez foi em Viseu. Ao jantar peço um dos pratos do dia, daqueles que é só servir e trazer para a mesa. Mas antes veio a sopa. A questão é que o prato do dia nunca mais chegava, só via outras pessoas a serem servidas, pessoas que até tinham chegado bastante depois, e nada. E estava mesmo ali numa zona de passagem, via passar os empregados com comida, a processarem os pedidos, mas para mim, nada. Finalmente lá veio uma entrada fria, que também fazia parte do pedido, a empregada pediu desculpa pelo atraso, e fiquei à espera do prato do dia. Como não veio, lá pedi à empregada para pedir o prato, uma vez que eu não ia comer a entrada. Esperei mais não sei quantos minutos e nada. Foi preciso chamar o chefe de serviço, que foi lá dentro ver porque é que um prato do dia nunca mais era servido, e lá veio pedir desculpa de forma simpática, dizendo que o papel do pedido se tinha perdido. A ideia era jantar cedo, enfim, deu para o tarde. Mas não cobraram as boas azeitonas que serviram, em jeito de compensação. Nem nesse jantar, nem cobraram num outro onde lá voltámos e onde, por coincidência, também esperámos um pouco mais do que é normal pelo nosso prato devido à grande afluência de pessoas no take away, melhor dizendo, na comida para casa. Gente simpática.
A terceira é daquelas coisas que só a mim, mas que como era num restaurante familiar, enfim, nem consegui ficar chateado. Andava na sementeira de bolotas e como ando com pouca energia por estes dias, resolvi fazer uma pausa mais consistente e em vez de comer qualquer coisa em ritmo de piquenique e continuar a trabalhar, lá fui ao restaurante mais próximo, de boa comida caseira e ambiente acolhedor e simpático. Pois desta vez foi para a sobremesa... ninguém me manda ser guloso, claro está. Cheguei já um bocado fora do horário de servir refeições, mas a dona da casa disse logo que para comer havia febras, nem me deu hipótese de olhar para a carta. Como já era tarde, lá disse que sim, mas pedi para vir sem batatas fritas. E lá vem uma travessa com duas febras e dois montes de arroz branco, assim, sem graça nenhuma, nem a tradicional folha de alface, ou rodela de limão. Assim mesmo a despachar. Vá lá que tinha comido uma bela sopa de legumes antes do prato. Como não comi uma das febras, lá me lembrei de experimentar uma sobremesa caseira, um pudim de bolacha, coisa muito original. O restaurante estava praticamente vazio, só havia uma mesa de gente que chegou depois de mim e que afinal puderam escolher da carta... e lá fiquei à espera do tal inventivo pudim de bolacha. Esperei, esperei, eu que até me queria despachar porque tinha muitas bolotas pré-germinadas ainda para semear, mas nada de sobremesa. Olhei para ver o que se passava, e lá vejo a senhora à conversa com outra pessoa, na zona da caixa registadora. E fico a pensar se ela teria pedido a outra pessoa para me ir servir o pudim. Mas como estava com alguma pressa e o restaurante é familiar, um par de minutos de mais espera e lá me levantei e fui saber novidades do pudim. Pois sim, tinha-se esquecido, e já nem se lembrava bem do que é que eu tinha pedido. Lá veio finalmente o pudim, que afinal é um simples pudim de claras em que a bolacha mole e embebida em café fraquinho que aparece aqui e ali, não dá sabor nem acrescenta nada ao pudim. Salvou-se o bom caramelo e lá lambi o prato mesmo à vontade, pois desta vez não havia ninguém que pudesse ver a cena.
Mas a ida a este restaurante teve uma situação muito boa, pois ali no Seixo da Beira e nesse mesmo restaurante, estava uma família que me reconheceu e que proporcionou uns minutos de agradável convívio, num reencontro mais do que inesperado. Afinal eles têm casa ali ao lado, e ficou combinado ir lá fazer-lhes uma visita um dia destes, em que volte a Vila Verde ou ao carvalhal (ex pinhal) onde andava a colocar as bolotas de sobreiro e azinheira que tinha recolhido em Dezembro no Monte Barata.
A quarta e última é mais esquisita, mas estragou-me a tarde. Íamos ter visitas da família na casinha gandaresa, e jantávamos lá todos os 7. As primeiras duas coisas que tinha que fazer, ao chegar lá depois de almoço, era colocar o pão a fazer, na máquina, e depois acender o fogão a lenha. Preparo a máquina do pão, ligo-a e passado pouco tempo ouço um barulho de início das pás a baterem a massa, mas um barulho estranho. Vou ver o que se passa e... a forma do pão tinha a transmissão gripada numa das pás. Pronto, nada feito. Também não tínhamos tempo para estar a amassar à mão. Preparo então a lenha para acender o fogão, mas aquilo não havia maneira do fumo começar a ser sugado pela chaminé e como o ar não circulava, a casa encheu-se de fumo e acabei por desistir, passado mais de meia hora, a cheirar a fumo e a ter que abrir todas as portas e janelas para a casa ficar respirável. É assim, quando quase tudo corre mal. Vá lá que o convívio e a brincadeira aconteceram na mesma.
sábado, janeiro 20, 2024
18 ANOS - ANIVERSÁRIO DESTE BLOGUE
Faz hoje 18 anos que dei início ao Malfadado o Contestatário. Na altura tentei abrir só como Malfadado, mas verifiquei que já existia alguém que o tinha registado e acabei por puxar da imaginação e ligar o meu blogue à Mafalda do Quino. Nesse primeiro texto, cuja consulta é fácil, pois os blogues têm tudo muito arrumadinho (fui lá buscar este link), partilhei um texto de incentivo à participação nas eleições presidenciais, para a malta votar no Manuel Alegre, mesmo sabendo que teria que gramar com o Cavaco mais uns anos. Na altura era costume mandar uns emails para a minha longa lista de contactos, a pedir a sua intervenção para isto ou para aquilo. Agora sou capaz de o fazer ainda, mas acabo por só enviar emilios colectivos para as Boas Festas e pouco mais.
Curiosamente a Mafalda também nasceu em 1964, e assim vamos completar este ano os sessenta anos. Certamente isso também serão notícias a publicar aqui nestas páginas, atempadamente.
18 anos depois desse primeiro texto vamos ter eleições neste ano que agora começou, primeiro as legislativas, para substituir uma parte dos deputados da Assembleia da República (os do costume vão lá continuar, mas vai ser certinho que a relação das forças se alterará), e depois as europeias, para termos representantes decentes no Parlamento Europeu.
domingo, janeiro 07, 2024
PÁGINA UM - MAIS DO QUE NOTÍCIAS
Quando há uma excelente reflexão sobre a imprensa, o jornalismo e a crise do grupo Global Media, eis que o Página Um volta aqui ao Malfadado (link para a reflexão aqui). Para quem não vai ler a notícia toda, aqui fica o resumo do que escreveu o jornalista Pedro Almeida Vieira: reage a um artigo de opinião de uma jornalista que defende a nacionalização do grupo falido para salvar os empregos, e defende que as empresas devem mesmo é falir, para purgar o sistema destes empresários e de maus jornalistas.
sábado, janeiro 06, 2024
AGENDA
Depois de muitos anos, voltei a ter uma agenda. Quer dizer, não é bem um livrinho, mas aproveitei o calendário Google para registar as coisas que tenho que fazer, marcadas, e as hipóteses de aproveitar algumas oportunidades culturais. Vamos ver quanto tempo vai resistir este sistema...
sexta-feira, janeiro 05, 2024
FUMAÇA - MAIS DO QUE NOTÍCIAS
Depois do tema anterior, era quase obrigatório partilhar aqui neste link (clicar) um outro projecto informativo completamente diferente. Mas não menos interessante e também feito em Portugal. É de jornalismo de investigação e chama-se Fumaça. No link acima vai logo para um video de denúncia de violência que fala por si.
O Fumaça depende também de apoiantes anónimos, ainda que concorra igualmente a apoios institucionais, que são apresentados com toda a transparência.
quinta-feira, janeiro 04, 2024
PÁGINA UM - MAIS DO QUE NOTÍCIAS
Hoje partilho aqui neste link (clicar aqui) um artigo de opinião sobre a informação, publicado no Jornal Página Um, reflexão escrita pela jornalista Elisabete Tavares.
O Página Um tem revelado coisas incómodas e principalmente, através de contribuições de anónimos para um fundo jurídico, tem incomodado os poderes instalados. Com a crise na TSF e afins, há questões que se levantam novamente, porque o modo de financiamento dos jornais já é tema de há muito. Fica aqui esta partilha no início deste ano, porque é uma questão que vai marcar as agendas até ao final da década, a informação, a desinformação (como continuarem a chamar ao exército israelita as "Forças de Defesa Israelitas", quando esse exército, mais a marinha, mais a força aérea é que compõem essas por si mesmo denominadas FDI, que são as Forças Armadas controladas pelo governo de Israel), e as notícias falsas ou sensacionalistas, que distorcem a realidade.
quarta-feira, janeiro 03, 2024
HELDER BRUNO COM MARIA JOÃO
Estava eu no Youtube a pesquisar sobre a obra do Helder Bruno, que vem a Aveiro (capital nacional da cultura 2024) um dia destes, e eis que toco no écran sem querer e começa a tocar uma música em que nouço a Maria João a cantar. Pensei logo que era o Youtube a mudar-me a música para os meus favoritos, mas olho novamente e vejo que estou ainda na página do Helder Bruno, e é assim que descubro esta música que aqui partilho. Convidando os leitores e ouvintes a descobrirem também um pouco mais do Helder Bruno no seu canal, onde está então este Land, Red and Warm:
terça-feira, janeiro 02, 2024
ABERTURA DO ANO
Com este texto fica oficialmente aberto o ano de reflexões e partilhas aqui no Malfadado. Já saí do Facebook, mantenho a página aberta apenas para divulgar a blogosfera e o eco-sítio da casinha gandaresa e também para receber mensagens de algumas pessoas que ali me encontram mais facilmente. Mas, na verdade, de vez em quando fico a ver as novidades de amigos, de forma mais ou menos passiva. Seja como for, é algo que decidi não fazer diariamente, e só de vez em quando abro o meu Fb. Mais tempo longe do Fb, mais tempo perto do que há para fazer aqui e ali, mais perto de amigos, mais perto da boa cultura que hoje temos à disposição.
E para abrir o ano fica então um texto poético e filosófico sobre... a bicicleta. Da autoria de um utilizador de bicicleta que não está na lista dos meus amigos, mas que uma amiga partilhou no seu Fb. E como é um texto partilhado sem restrições, roubei-o para aqui na íntegra e com referência, e a devida vénia, ao seu autor, o Abel Coentrão. E acompanho o texto com uma ilustração do famoso Sempé, colada no final. Companhia para o texto que foi escolhida pelo Abel Coentrão, na sua publicação no Fb (link).
O elogio da felicidadeLi num livrinho de Marc Augé:
A felicidade tem duas rodas e uma campainha,
leva-se a pedalar, como quem caminha
apenas um pouco mais depressa.
E, na verdade, é o que se vê:
Com ela, o tempo pouco interessa,
pois de pernas com câmaras de ar,
absorvo a rua e ainda observo o mar.
A vida não é, de facto, uma recta.
Por onde andavas, minha bicicleta?
Diziam-me que a felicidade vinha com auto-rádio/CD
quatro rodas, turbo, A.C.
e, para mim, caixa automática.
E eu achei que a vida, assim, seria prática.
Contudo, fui só mais um na fila, ponto-morto,
em transe no trânsito, a ver o dia dar para o torto.
Mas se vida não é, de facto, uma recta,
por que raios voltei eu à bicicleta?
Na rua-estrada há quem se atrapalhe com ela,
outros abespinham-se só por vê-la
e, perante a (in)felicidade, atiram-na p’rà berma
de buzina aos gritos e um “Sai daqui, palerma!”
E ela, indefesa, tantas vezes com receio,
só pede o seu direito à rua e a um metro e meio.
Ninguém escapa. Até o ciclista domingueiro,
de jersey, capacete, em velocidade de cruzeiro,
é destratado como um cidadão de segunda
e leva uma rasante, à entrada da rotunda.
Tudo se lhe perdoa, à felicidade,
ande ela pelo campo, ou p’la cidade,
mas só numa Volta a Portugal.
Que p’ra ser feliz – é óbvio – há que ser profissional.
Basta! De contra-relógios está este inferno cheio
e a vida é já uma torre, com uma graça ou outra pelo meio.
O que é preciso é um pelotão que traga Portugal de volta
para podermos ver crianças na rua, sem escolta
a dar ao pedal à vida e à felicidade
lá nos interstícios brandos da cidade.
Sem amuos, palavrões, buzinadelas,
nem encontrões que nos ponham a ver estrelas.
A bicicleta é um humanismo? É.
Como não dar razão ao Marc Augé
e ao Ilich, das “Ferramentas para a convivialidade”?
Vamos lá, por isso, tirar o pó à felicidade.
Como eles, também eu quero essa revolução
de poder ir em duas rodas, em contramão,
invertendo o sentido da desdita
que faz dos lentos os fracos desta fita.
Ah felicidade, que me importa o pneu vazio.
Quero é que não me falte o ar, a força, o pio,
para poder levar-te, rua fora, a bendizer
o dia em que redescobri, em ti, tanto prazer!
Abel Coentrão, 2023