Em Maio, depois de mais uma Srª do Almurtão, a minha grande amiga Isabel Lopes não resistiu a uns problemas de saúde. No seu Facebook, que até ver fica para a posteridade, tem poucas fotos dela, era tudo para os animais, os seus bichinhos queridos. Ela foi para o Algarve e ainda nos encontrámos lá uma ou duas vezes, a última em 2003 ou 2004. Depois perdemos o contacto, que só recuperámos em 2015, e só via Facebook e telefonemas. Nessa altura escreveu-me isto, que partilho aqui e que mostra bem o quanto ela era amiga dos animais: "... bichos temos 2 tartarugas,3 piriquitos gays porque são todos machos e e uma beijocaria na gaiola que só visto, 1 gata e 1 cadela que esta a criar 5 bebes cães de uma associação de V R de Santo António a GUADI,porque fez uma gravidez psicológica e parecia uma leitaria, eles tinham 10 que foram abandonados e a Ruca ganhou 5 bebes, agora o pior é convencer a Elisa(minha filha) de que só vamos poder ficar com 1, e que se a mãe gosta devias ver a filha e muito pior em matéria de bichos.beijos"
Na internet pesquisei para ver se aparecia algum texto de homenagem, fosse de alguém de Monsanto, de Idanha-a-Nova ou de Faro, ou até mesmo do Porto, onde em 2021 abriu um pequeno negócio de mercearia (Há Beira na Formosa), mas não encontrei nada. Nem uma foto. Por isso coloco aqui duas fotos que roubei do seu Facebook, enquanto não deito mão a outras fotos que devo ter, ou do arquivo da Quercus Castelo Branco.
A Isabel foi para mim, nos tempos de Idanha-a-Nova, uma boa amiga e recordo com saudade os tempos ao seu lado. Morava na mesma rua onde a Quercus de instalou por um par de anos, nuns pré-fabricados que antes tinham servido de escola temporária, mesmo por baixo do Hospital da Santa Casa, onde agora existe um jardim e os mesmos sobreiros que nos faziam companhia nesses anos 90 (91-95). E quando digo ao seu lado é porque a Isabel tirou a carta de condução mas ninguém a deixava praticar, e como eu não tinha a carta era ela a conduzir, para irmos representar a Quercus aqui ou ali. E lembro-me dela a tentar salvar os pardalitos caídos do ninho, com gema de ovo e água. E conseguia ter algum sucesso. Não me recordo de nenhuma grande aventura em particular, daquelas cenas que não esquecemos, mas certamente ela poderia recordar alguma, se ainda aqui estivesse. A Isabel respeitava a vida e era dada às outras pessoas, de forma tão genuína que muitas vezes não era levada a sério. Mas conseguiu levar para a frente os seus projectos. Um destes dias passou um documentário na RTP sobre Monsanto e as filmagens da Guerra dos Tronos, que vi e de repente, ao minuto 22 e 25 segundos, aparece a sorridente Isabel numa janela, a dizer-nos adeus. Nesta linda homenagem do jornalista RTP que vive em Monsanto, fica o último adeus da Isabel aos que cá ficam. Link para a reportagem no RTP Play aqui (clicar).
Tenho que confessar que esta partida inesperada me doeu bastante, foi algo que não esperava e teve impacto. Não sei descrever esta dor, mas é assim como um peso, é uma saudade das conversas que não tivemos nos últimos tempos. Será o peso dos beijinhos que não lhe mandei pelos canais que tinha abertos. Tantas vezes pensava nela mas não tinha disponibilidade no momento para comunicar. Pedi amizade no Fb à sua filha Elisa, não sei se aceitará, uma vez que de facto não somos amigos, e pouco ela me conhece, não sei que guarda na memória das histórias que ouviu da Isabel e onde eu entrei. Sei que a minha vida sem a Isabel teria sido muito diferente. E recordarei sempre a simpatia da sua mãe, que me atendia nos correios ou me recebia lá em casa depois da Isabel ter batido à porta da sede da Quercus e termos ficado amigos. Lembro-me do pai dela, mais austero mas irónico e bem disposto. E lembro-me da jovialidade do irmão. Ficam estas memórias dos meus tempos de Idanha-a-Nova, e fica aqui o meu adeus eterno à Isabel. Em breve vou voltar a falar dela e das voltas do destino.
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