quarta-feira, fevereiro 03, 2016

DOCINHO DE LARANJA

No ano passado fiz doce de tangerina, mas ficou muito escuro e bastante líquido. De sabor está bom, mas de aspecto não fiquei nada satisfeito. Como usei as tangerinas da Ana Cardoso, depois levei-lhe um frasquinho e ela disse-me que uma amiga lhe tinha dado um doce de laranja, mas com uma cor e consistência muito diferentes. Isso eu quero ver! E de facto, lá estava um docinho lindo de morrer, e também muito saboroso. Pedi-lhe logo para falar com a amiga e sacar a receita. E este ano deitei mãos à obra, com laranjas da Ana Cardoso, mas poderiam ter sido de qualquer outro laranjal sem produtos químicos, por acaso foi só para aproveitar laranjas caídas no chão, que este ano começaram a cair muito cedo. Lá adaptei a receita ao meu estilo e aqui está ela, antes mesmo de a juntar às minhas receitas on line:

A RECEITA DO DOCINHO DE LARANJA
Lavar as laranjas e depois descascar apenas a pele cor-de-laranja, descascando tiras largas mas com pouca parte branca, e sem preocupações de aproveitar toda a pele de todas as laranjas. 2/3 de toda essa pele é mais do que suficiente para esta receita. Reservar essas peles obtidas numa tigela com bastante água, guardando no frigorífico ou em local muito frio.
Retirar agora toda a casca das laranjas já sem parte da pele, extraindo agora toda a parte branca, que não se aproveita. Em cima de uma tábua e com uma faca boa, cortar as laranjas ao meio. Estas metades são depois cortadas ao meio outra vez e depois fatiam-se sem separar os quartos, em pedaços com cerca de 1 cm (para menos, nunca para mais).
Colocar os pedaços de laranja num recipiente que possa ir para o frigorífico, adicionar 800 ml de água por cada Kg de laranja e deixar no frigorífico de um dia para o outro.
No dia seguinte escorrer a água dos pedaços de laranja e da pele fininha. O peso deste conjunto escorrido será o peso do açúcar que se vai usar para a compota. No mínimo, porque depois com o sumo de limão e a água adicionada, será preciso adicionar um pouco mais de açúcar, de forma a obter o ponto do açúcar para a conservação.
Colocar então a laranja numa panela larga e juntar cerca de 40 ml de água por cada Kg do conjunto de pedaços e casca, colocando em lume fraquinho. Enquanto os pedaços e a água vão aquecendo, é preciso cortar as tiras da pele cor-de-laranja em bocadinhos muito fininhos. Em cima de uma tábua, com uma faca boa, juntando umas quantas tiras, vai-se cortando transversalmente, para depois ficarem bocadinhos pequeninos e não fios compridos de pele na compota. Há quem triture, mas não é a mesma coisa, embora seja muito mais rápido.
Juntar então os bocadinhos da pele cortadinhos aos pedaços que estão ao lume e se ainda não estiver a ferver, pode-se aumentar o lume. Deixa-se depois cozinhar em lume brando 30 minutos, para a pele ficar bem cozida, e junta-se depois o açúcar e o sumo de limão, na quantidade de um limão para cada Kg dos pedaços de laranja. Mexe-se bem e quando o açúcar estiver todo bem dissolvido deixa-se ferver mais 10 minutinhos e vê-se o ponto de açúcar.
O melhor ponto para conservação é o ponto de estrada, por isso, se ainda estiver com um ponto muito fraquinho, convém adicionar mais açúcar, para não sujeitar o doce a referver muito, que altera a coloração. É que o ponto tem a ver com a relação entre o líquido e o açúcar e há laranjas e limões mais sumarentos e que como tal vão precisar de mais açúcar para se atingir o ponto de conservação.
E pronto, resta só dizer que fiz uma edição limitada de 50 frasquinhos deste docinho, que vai estagiar 2 meses e depois de rotulado começará a ser distribuído a quem o solicitar, sendo que a proprietária das laranjas já reservou 16. O aspecto ficou mesmo como eu queria, e também gostei do sabor antes do estágio, o que pressagia uma bela compota daqui a dois meses. O açúcar ficou mesmo baratinho (link para o texto aqui publicado há dias) e quem quiser saber sobre pontos de açúcar tem aqui toda a informação (link para site da SIDUL).

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