Ele há coisas que custam mesmo a mudar... mas também é verdade que não passaram ainda dez anos desde que tive algumas experiências muito desagradáveis no Hospital. E na verdade tenho esperança que os serviços públicos que tratam as pessoas possam mudar para melhor. A noite passada voltámos ao Hospital por causa da mãe da Zé, pouco passava de 24 horas desde que tinha tido alta. Visivelmente a alta foi decidida sem a situação da D. Corália estar resolvida, pois assim que deixou a medicação hospitalar começou com muitas dores, que passaram para dores insuportáveis, mesmo medicada com analgésicos normais. E logo pensei que o ideal seria voltar para o serviço de onde tinha saído, mas às 3 da manhã, depois de umas horas nas urgências, não descobriram a origem da dor e toca de mandá-la de volta a casa.
Mas o episódio mais chocante, e por isso escrevo também aqui, foi um encontro imediato com uma personagem que dirige um dos serviços naquele hospital. Foi esta manhã e tentei explicar-lhe a minha opinião, sobre o facto de a D. Corália ter entrado no Hospital há mais de um mês com um problema grave numa perna, que desde logo apontava para uma amputação, e ter saído de lá com uma amputação dessa perna, uma operação à coluna por causa de uma hérnia, uma paralisia da outra perna (que perdeu também a sensibilidade), com um descontrolo das necessidades fisiológicas (que obriga ao uso de fraldas e a uma sonda), e em cima disto uma reamputação da perna que deu origem ao internamento. E, em minha opinião, deviam ter visto o problema de uma forma mais geral para o estado de saúde, não só da paciente, como da família que a vai acolher após o internamento. E isso é uma coisa que pouco interessa quando o doente está internado. Mas em vez de dizer algum argumento contrário, alguma justificação, a personagem diz-me que a família não interessa nada! Foi o sinal para lhe virar as costas, dizendo que não me interessava falar com alguém assim.
Mas o mais irritante foi ele, depois desta conversa de corredor, ter ido dizer à Zé que eu só estava interessado em ver-me livre dos trabalhos, deixando a D. Corália no Hospital só para não a ter em casa a dar trabalho...
4 comentários:
Já não me admira tais situações!! Infelizmente...
Infelizmente... não fico admirada!!
Que tudo corra o melhor possível.
Beijinhos também à Zé.
Sou a Paula do Porto :-)
Os directores de serviços neste país são escolhidos exactamente pela sua falta de sensibilidade às situações humanas com que são confrontados, diariamente - de outra forma não interessariam ao sistema...: a dor, o desespero e outros sentimentos que tais são para lamechas, sr. João...
Enviar um comentário