O MEU CONDOMÍNIO

Mudei-me há algum tempo, agora vivo num condomínio. Um prédio, em Vagos. Construído vai para 11 anos, pertencendo a uma urbanização de outros prédios, outros condomínios. Os nossos prédios em conjunto têm um espaço comum, com acesso a garagens, campo de ténis, piscina e parque infantil. Como entre os vizinhos, ao princípio, ninguém se conhecia, para administrar as despesas comuns do nosso prédio, foram contratadas pessoas para fazer esse trabalho de gestão. Até aqui, tudo normal. Mas se fosse normal, não estaria aqui neste blogue... é que nesta altura de eleição de um novo presidente da república, lembrei-me que a situação, deste condomínio, não será por coincidência que mais parece a nossa república das bananas.
Vejamos: tem proprietários de apartamentos que estão emigrados, tem proprietários funcionários públicos e outros que trabalham no setor privado, tem desempregados, tem apartamentos onde há crianças, tem outros onde não.
Há alguns anos atrás foi contratada uma senhora para fazer a gestão da administração. Todos os anos fazia o seu relatório de contas, onde aparecia um dos condóminos que não pagava a devida contribuição. Mas todos os anos o orçamento era igual. As dívidas começaram a aparecer, pois o dinheiro coletado não chegava para as despesas. O que não pagava, abandonou o apartamento, que entretanto pertence ao banco que financiou a estadia deste chico-esperto, que continua a viver na região com um negócio ilegal, cheio de dívidas que nunca irá pagar. Entretanto, outro condómino tem as suas contribuições atrasadas, e as dívidas do nosso condomínio chegaram ao ponto em que ou se pagam ou temos serviços cortados.
A origem deste problema foram as pessoas que aqui vivem se absterem de participar na administração do prédio, confiando numa senhora com pouca formação para o cargo que ocupava, acreditando nos seus relatórios e nas suas informações os poucos que ainda iam às reuniões, e que decidiam sobre os assuntos todos. Agora está criada uma situação que passou por mudar para uma administração profissional, que é a mesma empresa que faz a administração dos outros prédios todos, mas também do espaço comum. E foi aprovado finalmente um orçamento real, em que todos os que pagam terão que pagar muito mais (o dobro do que pagavam) para que as dívidas com fornecedores fiquem saldadas.
E porquê a analogia com Portugal? Porque os poucos que participavam nas reuniões do condomínio, acreditaram numa pessoa que se dizia competente. E lhe davam o poder para fazer as coisas. Porque deixaram o das negociatas enriquecer e ir-se embora deixando dívidas incobráveis, sem nunca lhe terem arrombado a porta e lhe terem dado um enxerto de porrada. Agora, toca a pagar!