domingo, agosto 26, 2007

AGRICULTURA E AMBIENTE

Este tema ganhou um grande destaque graças à acção de um grupo chamado Verde Eufémia, que destruiu uma pequena parcela de milho transgénico, de forma divulgada publicamente com a ajuda dos media.

A QUERCUS, maior associação de defesa do ambiente nacional, apressou-se a condenar esta acção, facto que motivou alguma discórdia entre os membros de um fórum de discussão virtual, de associados da QUERCUS. É claro que eu fui um dos que acho que a acção foi louvável, e como tal, lá contribuí com um ou outro comentário. Desta feita fica aqui a cópia de um comentário feito a uma opinião sobre o perigo da inactividade em relação aos OGMs (Organismos Geneticamente Modificados), no qual recorri à memória de Maio do ano passado deste modesto blogue.

Aqui vai o comentário:

"Pois esta questão da acção é muito importante, e não haja dúvidas de que a QUERCUS pertence à Plataforma Transgénicos Fora do Prato. Mas estamos num país assim, a modos de que é sempre uma minoria, mesmo que se autoconsidere esclarecida, que se preocupa com os problemas do ambiente. E sendo poucos, muito menos são os que activamente procuram divulgar as questões.
Fui à memória do blogue e desenterrei este texto, escrito no ano passado, logo após a manifestação/passeio da CAP contra o Ministro da Agricultura, 3 de Junho de 2006:

"grande banhada afinal! Não houve manifestação nenhuma, foi só um desfile folclórico. A CAP não deixou a nossa associação levar a faixa, que assim ficou tanto trabalho inutilizado. Foi bonito para os turistas, mas dei logo por mal empregue o tempo investido nesta treta inventada pela CAP. Valeu a minha deslocação a Lisboa pelo convívio e por ter dado uma forcinha à malta da Plataforma Transgénicos Fora do Prato, pois estes tiveram problemas por estarem a distribuir uns simples folhetos informativos sobre os problemas dos transgénicos. Estes problemas, a dada altura transformaram-se mesmo em agressões físicas, o que depois levou a que o autor dessas agressões físicas, algum agricultor abrutalhado do interior, fosse identificado pela polícia. A malta depois decidiu não apresentar queixa, mas pelo menos ele sentiu que a sua estupidez não tinha sido esquecida."

É óbvio que nem todos os agricultores reagiram com violência à distribuição dos folhetos, a maior parte estava-se nas tintas. Eu interessei-me pelo facto de estar ali malta ecologista a dar-nos informação e depois acabei por intervir na cena da violência, como testemunha!

Mas a verdade no interior de Portugal (e também no litoral) é esta: os ambientalistas estão mal vistos pelos agricultores. Ali na minha zona (Idanha-a-Nova e arredores), os agricultores são sempre as vítimas das restrições, para proteger o ambiente, parece que só eles é que têm que pagar a factura. Não me refiro só à questão da implantação de áreas protegidas, mas questões como daquela vez em que os agricultores se queixavam de ataques de lobo a ovelhas, e depois os técnicos do ICN nunca pagavam a indemnização porque nunca se provava que não era um cão, até que o lobo apareceu morto e, depois, parecia que os agricultores tinham feito uma magia, ao transformar o cão em lobo. Ou como a questão dos abutres andarem a atacar rebanhos de ovelhas, que esta é uma situação mais actual, em que depois aparecem animais abatidos a tiro ou envenenados, mas como nunca aparece ninguém do ambiente a dar razão e a pagar as devidas indemnizações, acaba por ser uma acção em legítima defesa, em defesa da propriedade privada. Claro que depois, como não se dá razão aos agricultores, é preciso ter os centros de recuperação a funcionar, mesmo sem os financiamentos do governo. É um ciclo, até fica bem aparecer a QUERCUS nos jornais da região a devolver abutres à natureza, com o patrocínio do grupo SONAE, e até a dizer um bocadinho mal do governo por não financiar, mas acabam por fazer o trabalho que é responsabilidade do governo, e isso no final é que interessa. Não sou contra a QUERCUS receber verbas públicas ou privadas, sejam elas quais forem, melhor seria termos independência financeira atarvés das quotizações dos sócios e donativos. Mas também me parece que apesar das críticas públicas, e das iniciativas junto dos poderes públicos e judiciais, não se tomam posições de força de forma a vincar a independência, de forma a marcar uma posição perante a opinião pública, de forma a conseguir bons resultados na defesa do ambiente, porque existe esta relação com os poderes instituídos, no sentido da colaboração desinteressada para que haja melhor legislação. Falta agora estar publicamente do lado dos agricultores, mas sem estar a condenar aquilo que foi uma acção que teve o mérito de trazer os OGMs para as primeiras páginas, que teve o mérito de fazer com que o ministro da agricultura, do desenvolvimento das corporações multinacionais agro-alimentares e da produção de biocombustíveis dissesse mais umas patetadas. À QUERCUS bastava estar calada para se demarcar, e depois denunciar mais uma vez estas manobras para ajudar às plantações com OGMs, e ir apredejar o Ministério da Agricultura, e esvaziar os pneus das viaturas ligadas ao ministério, e insultar os funcionários do Ministério do Ambiente, e atirar-lhes com papas de carolo feitas com milho biológico. Mas uma coisa bem organizada, pois claro!

Bom, isto é só um comentário, não é nenhum manifesto.

Abraços y beijos para todos, obrigado pela vossa participação nesta discussão de fórum

João Paulo Pedrosa"

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