aqui se narram as aventuras de um portuguesito que desde tenra idade é vítima de erros vários, mas com abertura para outros textos de reflexão e de intervenção cívica
terça-feira, fevereiro 14, 2006
O MEU PROCESSO EM CONTO INFANTIL - 3ª PARTE
Continuando esta ideia de talhar em versão de conto infantil o processo judicial que me opõe ao estado português, e cujos primeiros 2 livrinhos podes encontrar nas pedradas deste blogue, com as datas de Fevereiro 03 (Um conto de fadas), e de Fevereiro 10 (2º Livro Infantil), aqui fica na primeira pedrada deste texto o terceiro livrinho desta novela da vida real, adaptada para uma fábula, onde o nosso amiguinho jardineiro sofre mais uma vez com uma atitude inqualificável dos poderosos governadores daquele país inimaginável.
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O MEU PROCESSO
CONTADO ÀS CRIANÇAS E
EXPLICADO AOS JUÍZES
LIVRINHO Nº 3 - A CEREJA EM CIMA DO TOLO
O nosso amigo jardineiro, para se recompor da questão das flores e do violento erro judicial, dedica-se então à fruticultura. Num parque de estacionamento da sua cidade, entregue a um bem afamado restaurante de comer sentado, existiam algumas árvores, pelo que o jardineiro foi falar com o dono do restaurante para tratar dessas árvores. O simpático senhor ficou todo contente e logo ali disse que não havia problema, até podia pensar num contrato a estabelecer com o jardineiro.
Poucos dias depois o simpático restaurador chamou o jardineiro e mostrou-lhe o contrato: tendo em conta a importância de proteger os pequenos passarinhos chilridentes que por ali andavam à volta do restaurante, ajudando a criar um ambiente campestre, o activista jardineiro teria que cumprir com três condições:
1 – Colher a fruta das árvores de fruto, mas respeitar sempre um mínimo de 15% da fruta que teria que ficar nas árvores, para alimentar os passarinhos
2 – Podar as árvores de forma equilibrada, as árvores de fruto e as outras só de folha, tronco, raiz, semente e sombra
3 – Permitir que nascessem mais árvores no terreno disponível, para que novas árvores pudessem substituir as mais velhinhas, como num verdadeiro ciclo de vida.
Cumprindo essas condições, o jardineiro teria como regalia comer no restaurante, o que muito satisfazia o enérgico trabalhador, pois bem precisava de se abastecer de uma boa e bem afamada energia.
Ora o jardineiro, para que os passarinhos melhor se alimentassem, optou por fazer uma colheita mínima dos frutos, que eram pêssegos e cerejas, apanhando só as peças de fruta que pudessem cair em cima da propriedade automóvel de algum cliente do bem afamado restaurante. E assim se passou um bom par de anos, com o jardineiro a podar as árvores que precisavam de se aliviar de um ou outro ramo seco, ou para lhes dar uma forma mais bonita. Nunca se tinham visto tantos passarinhos a chilrear entre as folhas, nem tão brilhantes de gordinhos na Primavera.
Um dia, um fatídico dia em que o nosso amigo jardineiro felizmente não estava presente, apareceu o mal afamado engenheiro gorduchinho, que na sua viatura pública, na sua hora privada de almoço, vinha pertinentemente tratar do seu aspecto físico. Ao voltar com a sua barriguinha bem tratada ao parque de estacionamento, logo fica irritado por ver excrementos dos passarinhos na sua viatura, que tinha lavado nessa manhã, para ficar tão brilhante como ele se julgava ser.
Mas o pior estava para vir, quando de repente uma cereja bem madurinha, que um passarinho levava no seu biquinho, por um capricho da natureza escorrega e se esborracha em cima da viatura pública, estacionada no belo estacionamento privado.
O funcionário não aguenta e volta ao restaurante, visivelmente irritado.
Protesta com o dono do bem afamado estabelecimento de restauração, mas este contrapõe que as árvores estão muito boas assim, e que quem não se quiser sujeitar aos incómodos presentes que vêm do ar, lá de cima, sempre pode optar por deixar o carro ao Sol. Mas o gorduchinho funcionário não se conforma, e critica a gestão do arvoredo, ao que o bem afamado dono responde que deve estar o funcionário disfuncional, pois o jardineiro que trata das árvores até tem um contrato a respeitar.
Um jardineiro??? Logo se lembra do nosso amigo jardineiro, e da rotunda das flores. Pede uma cópia do contrato e aí vai ele direito ao conforto do seu escritório. E estuda o contrato e logo no dia a seguir vai fazer uma fiscalização, por ordem dos seus superiores governadores.
Apanha lá o nosso amigo jardineiro, critica abertamente as suas opções para as árvores de fruto, mas este responde abertamente, e raivosamente, com as suas justificações. Que devia apanhar mais fruta para esta não cair em cima das viaturas estacionadas, que devia podar mais as árvores pois nem se percebia que as árvores tinham sido podadas, aquilo parecia uma selva. Olhe que não, respondia o nosso amigo, obviamente saturado.
De facto, aquela visita acabou e nada mais aconteceu, durante meses, até que um belo dia o bem afamado estabelecimento comunicou ao jardineiro que a partir daquela data, por ordem dos governadores, mais nenhuma refeição seria ali servida, nem mais vez nenhuma o jardineiro trataria do frondoso arvoredo: o contrato estava terminado.
Mas porquê? Qual seria a razão?
Nunca recebera nenhum gorduchinho relatório, os passarinhos andavam de óptima saúde, afinal porquê esta ordem sem justificação. Vai bater à porta do alto edifício onde pululam gorduchinhos os alegres funcionários, não pára de barafustar e sai do edifício na esperança que façam alguma coisa. Uns dias depois tem em casa uma desagradável surpresa: uma pequena carta onde se diz que o jardineiro não cumpriu com o contrato estabelecido, no que diz respeito à poda das árvores e também na recolha dos frutos. Ponto final. Como tal, o contrato fica sem efeito. Outro ponto final.
Já conhecem o nosso amigo jardineiro? Ponto final? Então já imaginam que não ficou de braços cruzados. Algo tinha que ser feito! Desde quando é possível num país inimaginário alguém com responsabilidades públicas enviar cartas onde se lê que outra pessoa não cumpriu um contrato, sem juntar provas, sem referir em que é que exactamente não cumpriu o contrato? Como é possível alguém defender-se?
Moral da história: Não há uma sem duas, mas podes sempre lutar, na tua vez, para que não haja duas sem três.
É por isso que podemos dizer aos nossos amiguinhos: não percas a próximo livrinho desta colecção!
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