quinta-feira, maio 26, 2011

OS MELROS DO MEU JARDIM

O meu jardim, que não é o meu jardim porque são apenas árvores em frente à casa dos meus pais, em Coimbra, deu já este ano duas coisas boas. A primeira é habitual, são as nêsperas melhores do mundo, e já enchi bem a barriga com elas. A segunda é um casal de melros, nome científico Turdus merula, que escolheu o choupo, nome científico Populus nigra, para aí fazer um ninho e ter uma ninhada de melrinhos, nidificar e procriar em linguagem técnica. Estava a almoçar com os meus pais, de janela aberta, quando o meu pai ao olhar para fora diz que está a ver um ninho de melros. Eu olho e confirmo, lá estava um melro a alimentar as suas crias, viam-se as suas cabecinhas de bico aberto virado para o céu.
Mas eis que a boa notícia é ensombrada por uma má notícia que circula nos meios de defesa da natureza: o governo decretou que nos próximos três anos é aberta a caça ao melro, coisa que já ninguém se lembrava de acontecer desde há dezenas de anos. Um só caçador pode abater 40 melros por dia. Uma decisão incompreensível de gente ignóbil, gente estúpida e burra em linguagem popular. Um ministério da agricultura assim é perfeitamente dispensável, tal como todo um governo que nada trouxe de bom para a conservação da natureza. Muito pelo contrário!

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