Já se anunciava como uma manifestação gigantesca, mas estar ali no meio de uma multidão que saiu à rua, que deixou as suas casas, o seu conforto, e ali esteve de pé durante horas a fio, que caminhou vagarosamente e organizadamente, uns com o seu farnel, outros a irem abastecer-se localmente de uns comes e bebes, estar ali foi mesmo uma coisa impressionante. Daquelas coisas em que nos envolvemos e que marcam profundamente.
Vimos muita gente, todos a gritarem a sua indignação pela forma como o ensino público caíu na falta de qualidade, na excessiva burocracia, na sobrevalorização da mediocridade dos estudantes, na desvalorização dos professores, na culpabilização dos professores pelo insucesso. Indignação pelas reformas apressadas do sistema educativo, sem dar ouvidos aos elementos envolvidos neste processo complexo que é a Educação.
Milhares de professores unidos, que ao estarem ali só podem ter ganho forças para continuar esta luta por uma melhor educação. No meio dos milhares ainda vimos pessoas conhecidas, que não sabíamos que ali estavam, mas que também optaram por sair à rua, mas foram mais as que sabíamos que ali estavam e que não encontrámos, tal era a grandiosidade da demonstração de união.
Os mais animados no desfile avenida abaixo eram os que iam atrás da faixa do Movimento Escola Pública, com palavras de ordem e coreografias. Muitos deles gente que conhecia de outras manifestações, gente empenhada na luta por uma sociedade melhor. Mas havia também gente nos passeios da Avenida, e no Rossio, que aplaudiam a coragem e revolta dos professores, outros empunhavam cartazes mostrando confiança nos professores. À chegada ao Terreiro do Paço, já lá estava muita gente, mas sabiamos que mais atrás vinha muito mais gente. Já tinham começado as intervenções no palco montado para o efeito, e ali andámos a dar umas voltas, enquanto ouvíamos as intervenções, sempre com gente a chegar, mas também já com professores a saírem, pois já tinham desfilado e queriam evitar confusões na hora do final. Quando falava o último orador, disse que estava orgulhoso de ver ali tanta gente, e que no preciso momento em que ele ia começar a falar lhe comunicaram que estavam a sair os últimos professores do Marquês de Pombal. Depois de um longo discurso, fizeram-se os avisos para organizar a retirada e começou a debandada. Mas, ao voltarmos para trás, deparámos com muitas bandeiras pela Rua do Ouro abaixo, eram ainda os professores da Marcha a chegarem ao Terreiro do Paço. A malta do Norte, muitos e muitos mais ainda estavam a desaguar no largo, uma demonstração do poder de mobilização e espírito de luta dos nortenhos, que vinham ainda com palavras de ordem, com músicos a animar. Junto com outros professores e populares, ali ficámos a aplaudir estes últimos manifestantes. Fiquei até emocionado, e só depois abandonámos o local, em direcção ao ponto de partida.
Algumas fotos estão no meu álbum on line, se bem que as fotos não conseguem explicar como foi impressionante.
1 comentário:
valeu!
abraço
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