Estamos em Portugal e lembro-me sempre da questão do polémico túnel da Gardunha. Fizeram-se vários estudos sobre como furar a Serra, e os políticos, baeados nos estudos técnicos, decidiram que o melhor era fazer um furo na Serra, em que o acesso passaria mesmo ao lado de uma linda e pacata terrinha, Alpedrinha. Este acesso é "apenas" uma auto-estrada, e de facto ficou a passar mesmo em cima de Alpedrinha, um atentado. Na altura, criou-se um movimento (a CEDA?), muito contestatário, que obrigou as entidades a reunir na localidade. Como dirigente da QUERCUS de Castelo Branco fui a uma das principais reuniões e aí, os senhores explicaram porque razão o País ia gastar muito mais dinheiro a fazer uma autoestrada, encosta da serra acima, e o maior túnel do território continental (ia gastar muito dinheiro, mas também muito dinheiro iria ser mandado pelos europeus), e porque então teria que passar mesmo por cima de Alpedrinha: é que os estudos da localização do túnel tinham por base a ideia de que a antiga estrada, que ligava as terrinhas desde Castelo Branco até ao Fundão, e que passava por Alpedrinha, ia ser alargada e melhorada, transformada em IP. Logo, o acesso ao túnel teria que ser perto dessa estrada, para evitar maiores custos. Decide-se então que a localização do túnel é aquela mesmo. Pouco tempo depois decide-se que em vez de alargar a estrada já existente, em vez de uma IP, se vai construir, de raíz, uma autoestrada SCUT. Ora, se o túnel já está decidido que vai ser ali, e ainda que não haja nenhuma obra começada, a SCUT tem que lá ir bater.
Resta dizer que a alternativa era, em vez de subir a Serra, ali por alturas da Soalheira (uma localidade na base da Serra), a autoestrada seguir ao lado da linha do comboio e fazer-se um mini túnel ao lado do mini túnel do comboio, e depois seguir em direcção ao Fundão. Olhem para um mapa de Portugal, se não conhecem a região, e verifiquem. Gastar-se-ia se calhar 70% menos de dinheiro, não se afectava de modo significativo nenhuma localidade e poupava-se a encosta da Serra a um rasgão. Bons tempos em que se os portugueses construiram a linha do comboio, em que não havia tanto dinheiro para gastar à parva, e em que viram qual a opção mais fácil e mais barata.
Na altura desta reunião já era tarde para protestar: já estava tudo aprovado, tudo decidido, verbas atribuídas. Alguém foi responsável por este desperdício de verbas públicas, mas como sempre a culpa não é de ninguém em particular...
Vem este texto a propósito da credibilidade dos "muitos" estudos feitos sobre a localização do novo aeroporto. Estudos feitos por empresas "de malta amiga".
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