terça-feira, janeiro 23, 2007

TRANSGÉNICOS

Recebi emilios da malta amiga a dizer para mandar urgentemente para dois dos nossos eurodeputados uma carta onde se apelava para chumbarem um relatório onde se defendem os transgénicos. Também me apetecia reflectir aqui sobre o exagero de dinheiro cobrado por alguns conferencistas, só comparável ao escândalo dos salários dos desportistas de topo. Mas isso fica para uma próxima oportunidade. Hoje deixo aqui as alterações que fiz à carta tipo enviada aos eurodeputados:

Exmos Srs Eurodeputados Duarte Freitas e Capoulas Santos,

A propósito da votação, já amanhã, dia
24 de Janeiro de 2007, na Comissão de Agricultura
de que são membros efectivos, do relatório
Virrankoski sobre biotecnologia e o futuro da
agricultura europeia (2006/2059 (INI)), gostaria que lessem este meu pedido.

Este documento poderia ter sido escrito pela
indústria da engenharia genética, etc, etc.

Segundo dados publicados no Relatório do Estado
do Ambiente de 2003, 74.6% dos portugueses com
opinião não querem que os transgénicos sejam
comercializados. Eu sou um desses portugueses,
já fui agricultor no interior de Portugal e fui vítima da estupidez dos governantes quando era responsável por um projecto de agricultura biológica, mas gostaria de verificar
que os vossos votos foram inteligentes e ajudaram a chumbar o
relatório Virrankoski.

Atenciosamente,

João Paulo Pedrosa

E pronto, acho que fui bastante claro! Quem quiser saber todo o conteúdo da carta é só verificar nas pedradas...

1 comentário:

João Paulo Pedrosa disse...

Exmos Srs Eurodeputados Duarte Freitas e Capoulas Santos,

A propósito da votação, já amanhã, dia
24 de Janeiro de 2007, na Comissão de Agricultura
de que são membros efectivos, do relatório
Virrankoski sobre biotecnologia e o futuro da
agricultura europeia (2006/2059 (INI)), gostaria que lessem este meu pedido.

Este documento poderia ter sido escrito pela
indústria da engenharia genética, de tanto que o
relator se esforça por a defender. Mais do que
analisar em detalhe a realidade e a experiência
acumulada ao longo da última década de cultivo
comercial de transgénicos, o autor faz um
exercício de ficção científica e apresenta um
futuro cor-de-rosa para a alimentação,
agricultura e medicina europeias fundamentando-se
em não mais que desejos e promessas de panaceia
universal.

Conceitos fundamentais aos europeus, como
sustentabilidade, participação nas decisões,
análise de alternativas, ou precaução, são
ignorados ou afastados como estorvos. O texto
chega ao ponto de pôr em causa a protecção
conferida pelo sistema legal actual, por ser
demasiado 'complexo', e comete erros crassos por
exemplo ao ignorar os estudos que mostram
reduções drásticas da produtividade de
transgénicos, a impossibilidade da coexistência
ou os escândalos sucessivos de introdução de
transgénicos não autorizados na cadeia alimentar.
Questões como a privatização da base genética da
produção alimentar ou a redução da biodiversidade
agrícola e selvagem não são sequer afloradas.

Acima de todas as questões técnicas levanta-se a
questão simples e clara da legitimidade
democrática. Senhores Eurodeputados: quantos
cidadãos vos pediram para aprovar este relatório
e abrir as portas à engenharia genética da
agricultura europeia? Os portugueses estão
esmagadoramente a favor da soberania e segurança
alimentar, preponderância de mercados locais e
regionais (assim como os respectivos postos de
trabalho), menos agrotóxicos, livre troca de
sementes e conservação do património agrícola -
exactamente o caminho oposto ao que os
transgénicos arrastam.

Segundo dados publicados no Relatório do Estado
do Ambiente de 2003, 74.6% dos portugueses com
opinião não querem que os transgénicos sejam
comercializados. Eu sou um desses portugueses,
já fui agricultor no interior de Portugal e fui vítima da estupidez dos governantes quando era responsável por um projecto de agricultura biológica, mas gostaria de verificar
que os vossos votos foram inteligentes e ajudaram a chumbar o
relatório Virrankoski.

Atenciosamente,

João Paulo Pedrosa