terça-feira, agosto 22, 2006

DEPRIMENTE

Na passada sexta-feira tive a oportunidade de presenciar uma festa popular em Proença-a-Velha, concelho de Idanha-a-Nova. O interior deprimido deste País, mas pior que deprimido é ser deprimente, e, depois daquela noite, não vejo grandes esperanças de se poder inverter a situação.

Lá fomos já de noite, chegámos e já lá estava uma pequena multidão, os que tinham ali ido jantar e os que tinham jantado cedo em suas casas. A cabeça de cartaz era o espectáculo da "Ti Maria da Peida". Mas antes havia um grupo de baile, vindo do Seixal, os "4ª Audição". Nem vos quero contar aqui como foi, porque não vos quero deprimir. O grupo de baile até estava bom, muito profissionais, músicas populares, a malta a dançar umas rebaldeiras (eu também, pois claro!), mas chegou a vez do "espectáculo", da Ti Maria, um travesti de uma senhora de idade. Para desabafar vou escrever nas "piadinhas e torradinhas" sobre este espectáculo, que juntou uma multidão que foi chegando e que ficaram ali do princípio ao fim de uma demonstração que nem era teatro, nem música (a música era gravada), nem comédia. Não era nada, mas as pessoas riam e participavam. Passada quase uma hora viemos embora, presumo que já no final, a meio de mais um playback. Quando estive em Vilar de Mouros há uns valentes anitos atrás, lembro-me dos espectadores terem feito dois grupos abandonar o palco, uns foram os Roxigénio, os outros os Young Marble Giants, só com vaias e gritos de Rua! Rua! Rua! Mas ali parecia que estavam a gostar. É verdade que não se pagava nada, só estava ali quem queria, mas aquilo era um insulto à inteligência das pessoas e ninguém reagiu. Será porque viram "aquilo" como um louvor à sua falta de inteligência?

INCENDIÁRIOS? ONDE?

Soube esta história, mais do que verídica, porque foi relatada por um amigo que participou nesta verdadeira aventura da estupidez e do exagero em Portugal. Este meu amigo é técnico do Ministério da Agricultura, e por pertencer à minoria dos que gostam de trabalhar no campo, e de ver os utentes dos serviços públicos satisfeitos e bem servidos, podem imaginar os problemas que os seus superiores lhe arranjam. Não foi este o caso. Esta história é mais parecida com aquilo que eu vivi, quando era agricultor a tempo inteiro.
Para desenvolver uma agricultura de ocupação do mundo rural, em colaboração com uma junta de freguesia, este meu amigo ajudou ao estabelecimento de um pequeno agricultor, na vertente da caprinicultura, tendo em vista um regresso de rebanhos a terrenos abandonados de montanha, com a revitalização do mundo rural e uma efectiva ajuda na prevenção dos fogos florestais.

Como a história, para ser bem contada, é um pouco longa, vou acabá-la na primeira pedrada, para os interessados poderem saber o seu final irónico.

quarta-feira, agosto 16, 2006

QUANDO A CULTURA NÃO É RENTÁVEL

Vem este escrito a propósito de uns privilégios que continuam em Portugal, e que são uma vergonha nacional pouco falada, como a cultura é pouco falada de um modo geral.
E o facto é o seguinte: quando vem algum nome grande da cultura mundial a Portugal, numa organização que envolva apoios do estado, ou de alguma entidade ligada ao estado, uma grande parte dos melhores lugares são reservados para convites. Depois os bilhetes esgotam num instante e mesmo que haja pessoas a querer comprar, vão ficar de fora e depois muitos desses lugares ficam vazios.
Quando existe uma programação antecipada, num festival de grande popularidade, existe a possibilidade de fazer a encomenda de bilhetes, antes destes serem postos à venda. Mas, no dia em que são postos à venda, nem para aqueles que quiseram comprar bilhetes por encomenda arranjam lugares. Os lugares ficam logo todos ocupados pelas cunhas e convites.
É claro que se os bilhetes fossem todos vendidos ao seu preço, até porque normalmente os convidados são gajos que têm grandes salários, a cultura poderia ser rentável, e até poderiam pôr os bilhetes a um preço mais acessível, uma vez que os custos seriam distribuidos por todos os espectadores.
Eu já vi em espectáculos da Maria João e Mário Laginha montes de lugares vazios ou gentinha convidada que vai lá só para aparecer nas revistas e depois nem apreciam aquela música. Mas na música clássica as coisas são piores, segundo uma fonte minha que é cliente habitual de tudo o que é boa música.
Quando é um nome grande da música clássica, até os deputados da Assembleia da República têm direito a requisitar bilhetes, tirando o lugar a qualquer pessoa.
No Centro Cultural de Belém, existe um camarote presidencial reservado ao Presidente. Antes lá estava o Sampaio, com família e amigos. Agora que o Presidente é outro, e que pelos vistos não é tão assíduo destas coisas da música clássica, dá os seus bilhetes ao Sampaio, que continua a ir aos espectáculos com a família e amigos. Ora bem, se ele não vai, porque não deixam vender os bilhetes a qualquer pessoa? O Sampaio já não é presidente de nada, e tem bastante dinheiro para pagar, ia para a fila, como os outros!
Para quando as pessoas juntarem-se e fazerem associações de utentes dos espaços culturais, para depois exigirem estar representados na distribuição dos bilhetes?

sábado, agosto 05, 2006

TPC

Neste tempo de férias, para muitos, aqui fica o trabalho de casa deste blogue: para quem não leu na altura, é só ir rebuscar nestes arquivos e procurar a estória infantil, para contar às crianças e explicar aos juízes!!! Como está dividida em livrinhos, aconselha-se começar pelo primeiro: "Era uma vez um jardineiro... "