quarta-feira, outubro 08, 2008

EM ROMA, COM A FAMILIA MASCIARELLI

Aqui está finalmente, e com os devidos acentos gráficos, a crónica de 15 dias em Roma. Já contei como fui lá parar, resta contar como foi:
Pra quem não tem muito tempo para ler, aqui fica um resumo: correu tudo bem (agora já podes passar ao texto seguinte!).



Muitas coisas aconteceram, pois os dias eram bem recheados com mil e uma coisas diferentes para fazer, se bem que as tarefas eram semelhantes, ou não tivesse eu ido para ajudar no dia-a-dia.
É verdade que se estava muito bem naquela casa, rodeada de árvores e um grande relvado, mas para mim que me habituei a dormir no campo, com aquele sossego característico do interior de portugal, nunca me acostumei ao barulho próprio de uma cidade, com os aviões, as ambulâncias e aquele rugido rouco e constante dos automóveis... e das motos.
Isto faz-me lembrar o trânsito na cidade... já tinha experiência de conduzir em Itália, muitos carros em grande aceleração pelas estradas, mas Roma é diferente, pois para além de andarem sempre numa velocidade média muito elevada, se compararmos com Portugal, existem milhares de motas e motociclos que ultrapassam pela direita e pela esquerda. Uma grande confusão. Também existem ciclistas, mas sobre isso vou escrever na comunidade da bicicletada. Eu próprio fui ciclista durante uns bocados.
Isto faz-me lembrar o meu passeio sozinho... Fui de madrugada, num Domingo, com a bicicleta da Laura (uma roda 26, de cidade, que eu tinha conseguido melhorar ao pôr o guiador mais alto e mais para trás), um chocolate na bagagem e uns mapas rudimentares. Já tinha andado de carro pela cidade, mas não pela zona que me interessava naquela manhã, tendo decidido rumar ao centro, e parar quando chegasse ao Coliseu, para saborear o chocolate e retemperar as energias. Saí de madrugada mesmo, porque para andar de bicicleta com segurança tinha que ser assim. Nem 1 hora depois de ter tomado o pequeno-almoço em casa, já estava mesmo junto ao Coliseu, e pronto, lá tive que comer o chocolate, mesmo sem fome e sem necessidade de repor as energias. Depois fui em direcção ao Rio Tibre, e ao passar por uma das pontes, ao chegar ao outro lado, vejo um sinal de ciclovia, e lá vou eu, uma ideia mesmo boa, pois estava longe dos semáforos e das avenidas e dei a volta à cidade pela ciclovia que acompanha o rio. Quando paro, lá mais adiante, olho para o mapa, olho para as curvas do rio, para as pontes e acho que já estou na outra ponta do centro da cidade, e decido sair da ciclovia, mas chego cá acima e olho para o nome da ponte e não correspondia com o que eu pensava, e que tinha visto no mapa. Volto a abrir o mapa e descubro que afinal ainda só estava a meio. Decido então voltar a descer para junto do rio e voltar à ciclovia e acelerar. E pronto, lá consegui chegar onde queria, passo a ponte dos cadeados dos enamorados, e vou então em linha recta pelas ruas da baixa de Roma, até voltar à zona do Coliseu, antes de voltar para casa por um caminho diferente, mas a esta hora já se viam as bichas com centenas de turistas.
Isto faz-me lembrar o turismo... e eu também ali andei, uns dias depois, a fazer turismo, no meio dos turistas. Uma vez com a Laura e com a Chloe, no meio da baixa e a fazer compras, incluindo uma padaria muito antiga e depois uma pastelaria onde ela comprou um Mont Blanc, que nessa noite fez as delícias de um jantar. Trouxe até o pratinho onde aquilo vinha servido, para tirar uma fotografia e mostrar a todos, e um dia destes tiro essa foto e volto aqui ao tema! Não visitámos nada por dentro, a não ser as lojas tradicionais, mas vi muitas coisas e deu para sentir o ambiente da cidade. E, na última noite antes de voltar a Madrid (sim, a minha base foi o aeroporto de Madrid!), fui com o Alexis, a Chloé e a Nina, para ficar a conhecer Roma de noite e ver o ambiente, fazer um pic-nic num jardim, tipo festa de despedida (é proibido fazer pic-nics em Roma, mas o Alexis descobriu um cantinho mais escondido), que acabou com uma visita aos melhores gelados da cidade e num passeio por ruas e praças cheias de cultura e vida nocturna.
Isto faz-me lembrar as comidinhas que preparei por lá, as coisas doces, mas não só, algumas ficaram bem, outras já tenho feito melhor, mas é assim a arte culinária. Como a Laura tinha muito bacalhau em casa fiz a semana do bacalhau, que se resumiu a comer bacalhau todos os dias, fazia o jantar e quem almoçava comia os restos do jantar, bacalhau e mais bacalhau! Depois do Bacalhau à Senense (pois, tenho que escrever a receita um destes dias....), houve pataniscas, houve Bacalhau frito de escabeche, houve bacalhau espiritual, houve Bacalhau à Brás e, ainda, um soufflé de bacalhau, mas isso porque a Laura teimou em que havia de fazer pastéis de bacalhau, eu disse que era melhor não, porque as batatas que havia não eram apropriadas, mas ela insistiu e lá esteve a misturar tudo, só que, ao fritar, desfaziam-se literalmente no óleo! Conclusão, fiquei com um monte de bacalhau com batatas esmagadas, cebola, ovo e salsa e tive que improvisar com aquilo um soufflé no dia seguinte. A Laura já não o provou porque foi para Nova York. Acho que fugiu de tanto bacalhau. No dia do Bacalhau à Brás, fez-se uma festa lá em casa, onde eu fiz de


"A COMER FARÓFIAS"


"INSTRUÇÕES PARA LOIRAS!"

sobremesa um arroz doce e umas farófias e a Laura fez umas tortas que estavam 5 estrelas (inspirado pelo sucesso das tortas já as fiz também aqui, mas ficaram mesmo mal... melhor não falar disso!). A anedota da cozinha aconteceu no dia em que eu estava a fazer uma sopa e precisava de farinha Maizena, mas tinha-a acabado num leite-creme uns dias antes, e não tinhamos comprado mais. Lá fui à despensa e descobri farinha de castanha e usei um pouco, e contei à Laura que era incrível como as pessoas às vezes juntam tanta comida nas despensas, que nem imaginam, que uma vez tinha descoberto 4 caixas de farinha Maizena, um exagero caricato. E a anedota é que no dia seguinte a esta conversa, subi para cima de um banco e comecei a arrumar a parte de cima da despensa e descubro, nada mais nada menos do que 4 caixas novinhas de farinha Maizena!!! Para além de muitas coisas que desde logo seleccionei para as reciclar, fazendo doces ou salgados.
Isto faz-me lembrar a reciclagem... pois que numa casa moderna muitas coisas são precisas deitar para a reciclagem, sendo que eu lá me dediquei a reciclar garrafas e embalagens, mas estive também a avaliar a compostagem dos restos de comida e dos restos do jardim, num daqueles compostores de plástico pretos, de trazer pelo jardim. Estava muito mal, mas acabei por não o deixar como queria. estava muito seco, com pouco arejamento, pouca mistura de materiais ricos em carbono, enfim, por cima tyudo a apodrecer, e por baixo nada a compostar. A minha ideia era desmontá-lo e voltar a montar, mas acabei por não ter tempo, não porque as coisas da jardinagem ocupassem muito tempo, pois acabei por nem sequer arrancar as minhas inimigas e alergénicas "parietárias", mas porque andei também a fazer outras coisas, como proteger a madeira da cerca da piscina, e isso demorou muito mais do que eu previra. Na horta também pouco fiz, mas ensinei a aproveitar as beldroegas, tirei umas gramíneas, reguei quando fazia falta e semeei umas coisas, que lá ficaram a crescer (espero eu). Bem que ali na horta ficaria o composto, se estivesse bem compostado... isso sim ajudaria as plantas a crescer.
Isto faz-me lembrar o crescimento das miúdas... que era preciso acompanhar, explicar a uma que precisava de se alimentar bem, tentar ensinar a outra a andar de bicicleta sem rodinhas, ir buscá-las à chegada do autocarro da escola, na paragem mais próxima, enfim, uma animação, mas sempre com pouco tempo, pois vim-me embora e a Nina não aprendeu a andar de bicicleta. De qualquer forma elas portam-se bem de um


"AS MENINAS DA FAMILIA MASCIARELLI COMEM GELATTI"

modo geral, sendo que a Nina é um bocado perseverante e a Chloé gosta muito de brincar e esquece-se do resto! Mas tudo dentro dos limites da normalidade.
Isto faz-me lembrar a anormalidade, que neste caso pode ser a de uma vida a correr... que foi o que me pareceu a vida da Laura, que trabalha numa organização humanitária, para melhorar a vida das pessoas em paises com problemas, como se na vida das pessoas que ali trabalham com fins humanitários, fosse normal ter uns horários que pouco tempo deixam para a família e para a cultura. Mas também o Alexis, a correr ao ritmo dos acontecimentos noticiosos. A correr e outras vezes a



"O JORNALISTA APARECE EM DIRECTO NA TV, COBRINDO O CASO ALITALIA"

voar, por causa dos problemas com a Alitalia. Apesar de tudo ainda consegue ter tempo para estar em casa com o mais importante do mundo: a piscina! ops! queria dizer: as crianças! Desculpem lá, mas estou sempre na brincadeira, como as crianças.
Isto faz-me lembrar a boa disposição... e as gargalhadas da Martha, que é Etíope, e que depois da operação a que foi sujeita e que correu bem, voltou para casa para um período de convalescença, e que se fartava de rir com as minhas histórias, e com as brincadeiras, até me pedia para estar calado porque lhe doía a barriga ao rir-se.
Isto faz-me lembrar o que eu me ri... nas compras do supermercado, com as velas em promoção e com a faca para cortar o pão direitinho, ou no jogo à bola com as crianças no dia da festa, ou ao descobrir que tinha tirado as lâminas da barba do estojo porque sabia que não passava no aeroporto, mas afinal tinham passado 3 lâminas esquecidas e depois não tinha levado o cabo para aplicar as lâminas, ou com o facto de ter descoberto no aeroporto que no saco das maçãs estava um canivete, que também não poderia ir no avião, e vim escondê-lo num vaso e no regresso fui até ao mesmo vaso e lá estava o canivete no mesmo sítio, impecável.
Fiz a manutenção de bicicletas, as de casa e de uma amiga inglesa que por ali apareceu, mas de facto tenho poucas fotos destas aventuras e das outras também. O Alexis mandou-me algumas, que seguem aqui para ilustrar um pouco.
Trouxe queijinho comprado num mercado tradicional, onde os vendedores nos tratam como amigos, o famoso parmegianno, e pouco mais, porque só levei uma mochila e nada de carga suplementar. E para 15 dias passados, aqui fica este resumo mal amanhado, de uma estadia com a família Masciarelli.
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2 comentários:

Alexis disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anónimo disse...

Para informação geral, consultei a minha mãe e já sei como dominar os bolos de bacalhau. Parece que o segredo está em espremer a massa com um pano para eliminar o excesso de água. Quando cá voltares tentaremos mais uma vez os ditos! Entretanto, a Martha continua a sonhar com a tua sopa. A tua descrição de barulho fez-me pensar em Nova York. Ai sim! Podes falar de barulho. Tive o previlégio de ter acesso ao sofa-cama de uma amiga que vive in Manhattan, na West Village. O barulho era impressionante – era como dormir na rua mas com vizinhos por cima. A vizinha de cima voltava para casa de salto-alto às tantas da manhã e se passeava pelo casa fora. Dado que provavelmente a casa dela é tão pequena como a da minha amiga o resultado eram muitos passos de tacão alto concentrados sobre a minha cabeça. Mas mesmo assim, New York é sempre New York! Agora de volta e menos stressada, vou tentar investinar no ensino de bicicleta sem rodinhas da Nina.
Hoje almoçamos no mesmo sitio do vosso pic-nic antes de irmos ver uma exposição do Picasso. Isto que dizer que varias actividades de reparação da casa ficaram mais uma vez pendentes. Tens mesmo de voltar. Para além disso, há os amigos que não vieram ao almoço portugues e que agora estão com ciùmes !
Laura